Os Estágios da Inconsciência

Existem diferentes estados de perda de consciência e as chances de recuperação dependem do grau da lesão cerebral sofrida.

O coma é um rebaixamento profundo do estado de consciência, provocado por um dano grave no cérebro, que pode ter sido causado por um ferimento, uma hemorragia, uma parada cardíaca, intoxicação por remédios ou álcool, tumores, derrames, entre outros eventos.

Nesse estado, o indivíduo não interage com o ambiente nem reage sensorialmente a estímulos, ou seja, não ouve, não pensa e não tem lembranças desse período. Essa é uma condição passageira: não dura mais do que alguns dias ou semanas. Na sequência, os pacientes se recuperam, evoluem para o estado vegetativo ou morrem.

As chances de recuperação dependem do grau da lesão cerebral sofrida e estão mais relacionadas com a sua causa do que com o nível de coma.

Níveis de coma

O método mais usual para avaliar o nível de consciência durante o coma é a Escala de Glasgow, que consiste em graduar a resposta do paciente frente a estímulos progressivamente mais intensos.

A pontuação vai de 3 a 15 e, quanto menor o grau, mais profundo é o rebaixamento de consciência do paciente, sendo 15 o valor normal para um paciente alerta, falando, responsivo e não confuso.

Síndrome de vigília arresponsiva

Embora ainda seja muito utilizado, o termo “estado vegetativo” vem sendo abandonado, entre outros motivos, por ser considerado pejorativo, e substituído por Síndrome de vigília arresponsiva. Nesse estado, o indivíduo volta parcialmente ao estado de alerta, mas não interage com o ambiente.

O cérebro mantém suas funções automáticas, que proporcionam reflexos de sucção ou movimentos das córneas, porém, sem nenhuma atividade voluntária por parte do paciente.

Coma estrutural

A situação é causada por traumatismo ou acidente vascular cerebral (AVC), que promove alteração física no tecido do cérebro (edemas ou perda de massa encefálica).

Os traumatismos cranianos, provocados por acidentes, geram uma lesão no sistema responsável por receber e distribuir os sinais nervosos para outras partes do cérebro, mantendo o indivíduo em estado de alerta.

Coma não estrutural

É o coma originado por falhas metabólicas, que ocorrem pelo excesso ou falta de uma substância no sangue, afetando o consumo de energia cerebral.

Entre as situações que podem levar a esse tipo de coma estão a hipoglicemia ou excesso de glicose em pacientes com diabetes, intoxicações por álcool ou outras substâncias ou a falta de oxigênio em episódios de asfixia.

Coma induzido

O coma induzido é um procedimento médico reversível, realizado com o uso de medicamentos, geralmente em cirurgias de grande complexidade, no tratamento de pacientes internados em Centros de Terapias Intensivas (CTIs) e em casos de hipertensão intracraniana e epilepsia, por exemplo.

Morte encefálica

É a perda irreversível de qualquer atividade do cérebro.

Para que seja confirmada, o médico deve avaliar vários tipos de respostas involuntárias corporais, como às ordens para abrir os olhos ou fechar as mãos; a reação à movimentação dos braços e das pernas; a variação do tamanho das pupilas, com a presença de luz; a ausência do reflexo de vômito ou de fechar os olhos ao tocá-los; a incapacidade de respirar sem a ajuda de máquinas. Também são feitos outros testes, como eletroencefalograma, para confirmar que não existe qualquer tipo de atividade elétrica no cérebro.

Referência:

  1. Dr. Marcelo Calderaro, neurologista do Hospital Samaritano Higienópolis (SP).