Síndrome de Reye

A síndrome de Reye é uma condição rara, mas potencialmente fatal, que afeta principalmente crianças e, ocasionalmente, adultos. Ela se caracteriza por inflamação do cérebro (encefalopatia) e acúmulo de gordura no fígado.

Causas e Desencadeadores

  • A causa exata da síndrome de Reye ainda não é completamente compreendida, mas existem fatores associados a seu desenvolvimento.
  • Infecções virais: A síndrome muitas vezes surge após infecções virais, como influenza (gripe) ou catapora (Vírus VVZ).
  • Uso de aspirina: O uso de aspirina (ácido acetilsalicílico) durante infecções virais aumenta o risco de desenvolver a síndrome de Reye. Por esse motivo, a aspirina não é recomendada para crianças, exceto em casos específicos, como o tratamento da doença de Kawasaki.

Sintomas

  • Os sintomas variam em gravidade, mas geralmente começam com sinais semelhantes aos de uma infecção viral:
    • Febre.
    • Sintomas respiratórios superiores (como tosse e coriza).
    • Mal-estar geral.
  • Após alguns dias, a criança pode apresentar:
    • Náusea intensa.
    • Vômitos persistentes.
    • Confusão.
    • Letargia (estado de sonolência e fraqueza).
  • Em casos graves, essas alterações no estado mental podem evoluir para:
    • Convulsões.
    • Coma.
    • Morte.

Diagnóstico

  • O diagnóstico da síndrome de Reye envolve:
    • Avaliação clínica: O médico suspeita da síndrome com base nos sintomas e histórico do paciente.
    • Exames laboratoriais:
      • Painel metabólico abrangente (PMA): Avalia o funcionamento do fígado e outros órgãos.
      • Provas de função hepática: Verifica a saúde do fígado.
    • Biópsia hepática: Coleta de uma pequena amostra do tecido do fígado para análise.

Tratamento

  • O tratamento visa:
    • Diminuir a pressão intracraniana: Reduzindo o inchaço cerebral.
    • Suporte hepático: Manter a função do fígado.
    • Controle dos sintomas: Administração de líquidos, vitamina K e medicamentos para controlar a inflamação.

Prognóstico

  • O prognóstico varia conforme a gravidade dos danos cerebrais.
  • A rápida identificação e tratamento adequado são essenciais para melhorar as chances de recuperação.

Cuidados de Enfermagem

  1. Monitoramento Contínuo:
    • Observe atentamente o estado mental da criança. Qualquer alteração súbita, como confusão, agitação ou sonolência excessiva, deve ser relatada imediatamente.
    • Monitore os sinais vitais, incluindo frequência cardíaca, pressão arterial e respiração.
  2. Controle da Pressão Intracraniana:
    • Elevação da cabeceira da cama para reduzir a pressão intracraniana.
    • Administração de medicamentos conforme prescrição para diminuir o inchaço cerebral.
  3. Suporte Hepático:
    • Avalie a função hepática regularmente por meio de exames de sangue.
    • Mantenha o paciente bem hidratado para apoiar a função hepática.
  4. Restrição de Líquidos:
    • Monitorize o balanço hídrico e restrinja a ingestão de líquidos conforme necessário para evitar sobrecarga.
  5. Prevenção de Complicações Pulmonares:
    • Realize a higiene oral e pulmonar para prevenir infecções respiratórias.
    • Monitore a saturação de oxigênio e observe sinais de dificuldade respiratória.
  6. Comunicação com a Família:
    • Eduque os pais sobre a síndrome de Reye, seus sintomas e o tratamento.
    • Forneça suporte emocional à família durante o período de internação.

Lembre-se sempre de seguir as orientações médicas e evitar o uso inadequado de medicamentos, especialmente aspirina, em crianças. A síndrome de Reye é rara, mas sua gravidade exige atenção e cuidados adequados.

Referências:

  1. MSD Manuals

HIV Vs AIDS: As diferenças

O HIV (vírus da imunodeficiência humana) é um retrovírus transmitido através do contato com fluidos corporais, como sangue, leite materno e sêmen.

Como é adquirido?

Pode ser adquirido por meio de relações sexuais desprotegidas com uma pessoa infectada, compartilhamento de agulhas ou de mãe para filho durante a gravidez ou amamentação.

Os Sintomas

A infecção pelo HIV pode causar sintomas iniciais, como cansaço excessivo, dor muscular, dor de cabeça ou garganta, suor noturno e ínguas. Esses sintomas podem surgir na infecção inicial pelo HIV, chamada síndrome retroviral aguda.

Por outro lado, a AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida) é a evolução do HIV. Ela ocorre quando o vírus do HIV provoca danos no sistema imunológico, tornando-o menos capaz de combater infecções e doenças.

Os sintomas da AIDS são mais intensos e surgem quando o sistema imunológico já está muito debilitado pelo HIV. Isso favorece o surgimento de infecções ou doenças oportunistas, como herpes, candidíase, toxoplasmose, sarcoma de Kaposi ou hepatite.

Você sabia?

É importante destacar que ter a infecção pelo HIV não significa automaticamente ter AIDS. Uma pessoa pode ser portadora do vírus HIV e estar fazendo tratamento, sendo considerada saudável.

No entanto, a AIDS ocorre quando o vírus do HIV causa danos significativos ao sistema imunológico.

As diferenças sutis

  • HIV: Vírus que pode provocar a AIDS.
  • AIDS: Síndrome resultante da destruição do sistema imunológico pelo vírus HIV.

Lembre-se sempre da importância da prevenção e do tratamento adequado para controlar a infecção pelo HIV e evitar a progressão para a AIDS. Consultar um profissional de saúde é fundamental para receber orientações específicas sobre prevenção, diagnóstico e tratamento.

Referências:

  1. Ministério da Saúde

Síndrome de Sjögren

A Síndrome de Sjögren (SS) é uma doença auto-imune que se caracteriza principalmente pela manifestação de secura ocular e na boca associadas à presença de auto anticorpos ou sinais de inflamação glandular.

Algumas células brancas (chamadas de linfócitos) invadem vários órgãos e glândulas, principalmente as glândulas lacrimais e salivares, produzindo um processo inflamatório que acaba por prejudicá-los, impedindo suas funções normais.

Causas

Se uma pessoa apresenta olho seco ou boca seca, ela deverá ser avaliada para as possíveis causas desses sintomas.

Medicamentos (inclusive os usados para o tratamento da pressão alta, depressão, resfriados e alergias), infecções e outros problemas oculares também podem causar esses mesmos sintomas.

Será necessária a avaliação de um médico Oftalmologista para determinar se realmente há falta de lágrima e sinais de inflamação na córnea em decorrência desta secura. Se essas alterações se confirmarem, o paciente deve ser encaminhado a um Reumatologista para avaliação do diagnóstico da Síndrome de Sjogren (SS).

A secura dos olhos e da boca pode ocorrer por inúmeros motivos, dentre eles:

  • Síndrome Sicca –  é quando acontece uma diminuição da produção de lágrimas e saliva, e pode ocorrer com a idade.
  • Sarcoidose – doença que também pode lesionar as glândulas que produzem saliva e lágrimas
  • Medicamentos como anti-histamínicos ou anti-depressivos
  • Inflamação das glândulas nas pálpebras que produzem óleo (blefarite), causando uma evaporação em excesso das lágrimas

Como existem inúmeras causas e complicações do olho e boca secos, você precisará, além do reumatologista, de um oftalmologista e um dentista.

Sinais e Sintomas

Os pacientes com “SS” também podem apresentar secura na pele, nariz e vagina. Podem apresentar fadiga, artralgias e artrites.

Além disso, outros órgãos do corpo, como os rins, pulmões, vasos, fígado, pâncreas e cérebro também podem ser afetados. Esta doença é mais comum em mulheres de meia idade, mas também pode ocorrer em homens e em qualquer idade.

Olhos:

  • Dor
  • Irritabilidade
  • Sensação de areia
  • Incômodo com a luz.

Boca e Garganta:

  • Boca seca
  • Saliva espessa e pegajosa
  • Dificuldade para engolir
  • Alteração na percepção do gosto dos alimentos
  • Rouquidão
  • Tosse seca

Fadiga:
Um dos sintomas mais comuns é o cansaço extremo, que não melhora nem com uma boa noite de sono. Algumas pessoas podem também se sentir tristes ou deprimidas.

Dor:

  • Dor nas articulações
  • Inchaço nas articulações
  • Dor ao toque em vários pontos do corpo

Outros Sintomas:
Outras partes do corpo podem ficar mais secas do que o normal, como por exemplo:

  • Sistema digestivo, causando dificuldade para engolir
  • Intestino, com sintomas parecidos aos da síndrome do intestino irritável
  • Pele, que pode ficar sensível ao sol ou apresentar coceira
  • Vagina, causando desconforto na relação sexual
  • Vias aéreas, fazendo com que a pessoa fique mais suscetível a irritantes como fumaça e poeira

Existem muitos outros sintomas também, como:

  • Febre
  • Alteração na cor das mãos (Fenômeno de Raynaud)
  • Dor de cabeça/ enxaqueca
  • Aumento dos gânglios (linfonodos) do pescoço, axilas ou virilha
  • Problemas no sistema nervoso, como fraqueza e formigamentos
  • Inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite)
  • Manchas cor de vinho nas pernas (púrpura)
  • Dor no peito ou falta de ar
  • Problemas no fígado ou nos rins
  • Fibrose dos pulmões, levando à falta de ar e tosse seca

Diagnóstico

Para a confirmação do diagnóstico, além de todos os sintomas já mencionados o paciente deverá apresentar alterações laboratoriais (exames de sangue), radiológicos e/ou anátomo-patológicos (biópsia das glândulas salivares menores feita no lábio) e/ou de medicina nuclear (cintilografia das glândulas parótidas).

Síndrome de Sjögren Primária

A Síndrome de Sjögren Primária ocorre quando a Síndrome de Sjögren (SS) ocorre de forma isolada, sem a presença de outra doença auto-imune.

Síndrome de Sjögren Secundária

A Síndrome de Sjögren Secundária ocorre quando os sintomas da “SS” são acompanhados de uma outra doença auto-imune como a Artrite Reumatóide, o Lúpus Eritematoso Sistêmico ou Esclerodermia.

Tratamento

Ainda não existe uma cura definitiva para esta doença, mas o diagnóstico e intervenções precoces podem melhorar em muito o prognóstico. O tipo do tratamento vai depender dos sintomas (que podem ser bastante variados) e da sua gravidade.

No caso do paciente somente apresentar secura nos olhos e boca, eventualmente, poderão ser utilizados como tratamento somente lágrimas artificiais e substitutos de saliva. Remédios anti-inflamatórios, corticoides e/ou imunossupressores poderão ser utilizados quando houver manifestação mais graves, objetivando melhora da inflamação e evitando sequelas.

Olho Seco:

  • Colírios lubrificantes podem ser usados várias vezes ao dia, conforme a orientação do oftalmologista.
  • Se precisar usar os colírios mais de 6x ao dia, é melhor utilizar fórmulas sem conservantes, pois eles podem aumentar a secura e a sensibilidade.

Boca Seca:

  • Saliva artificial
  • Se você ainda é capaz de produzir um pouco de saliva, pode ser que o reumatologista indique comprimidos de pilocarpina, que age estimulando as glândulas. Algumas pessoas podem ter efeitos colaterais como suor, vermelhidão, diarreia e aumento da necessidade de urinar. Esses efeitos costumam melhorar com o tempo, e para evita-los é melhor começar com uma dose menor e aumentar gradativamente.

Dor ou Inchaço nas Articulações:

  • Seu médico poderá indicar analgésicos, anti-inflamatórios, corticoides ou hidroxicloroquina, dependendo do caso

Fadiga:

  • Talvez seja necessário investigar outros problemas como doença da tireoide e doença celíaca
  • Em alguns casos a hidroxicloroquina pode ajudar
  • Uma das coisas mais importantes para aliviar a fadiga são as mudanças nos hábitos de vida, como a prática de exercícios leves, a adaptação do ritmo das atividades  e a qualidade do sono. É importante encontrar o equilíbrio entre a quantidade de exercício e de repouso para se sentir bem.

Dor com origem nos nervos:

  • Pode ser tratada com medicamentos específicos, como gabapentina ou pregabalina

Sintomas mais graves:
Alguns pacientes com doença mais grave podem precisar de tratamento com corticoides e drogas imunossupressoras, como a azatioprina e o micofenolato.  O rituximab, um biológico direcionado para as células B do sistema imune, pode ser útil em alguns casos.

É importante ressaltar que a maioria das pessoas não precisa desse tipo de tratamento, pois os sintomas geralmente estão confinados às glândulas salivares e lacrimais.

Alguns Cuidados

Muitos sintomas podem ser aliviados com medidas simples:

  • Utilizar óculos de sol com proteção lateral, para ajudar a evitar a evaporação das lágrimas
  • Manter as pálpebras e áreas ao redor limpas para maximizar a secreção de óleo das glândulas das pálpebras
  • Evitar lentes de contato
  • Aumentar a umidade da casa pode ajudar com os sintomas de olho seco e tosse seca, e isso pode ser feito com umidificadores, plantas ou bacias com água
  • Evitar sabonetes com cheiro forte se tiver pele seca ou coceira
  • Utilizar cremes hidratantes na pele
  • Utilizar filtro solar
  • Cuidar muito bem da higiene bucal

Exercícios:
São recomendados para manter a mobilidade, principalmente se tiver sintomas nas articulações.

É necessário encontrar um equilíbrio entre a quantidade de repouso e de exercício para driblar a fadiga causada pela doença. O fisioterapeuta e o educador físico são profissionais que podem te ajudar a encontrar o melhor tipo de exercício e a aumentar o nível gradativamente.

Dieta:
Para minimizar os problemas dentários é importante reduzir os alimentos e bebidas açucarados. O álcool e as bebidas com cafeína devem ser evitados, pois pioram a secura.

Sexo e Gestação:
Um sintoma menos frequente da síndrome de Sjogren é a secura vaginal, e os lubrificantes são de grande utilidade. Converse com o seu ginecologista sobre este sintoma, e ele poderá te recomendar um tratamento adequado.

Cerca de 2% das mulheres que tem os anticorpos anti-Ro ou La positivos podem passar para o bebê durante a gravidez, e levar a problemas de pele e alteração nos exames de sangue. Com o passar dos meses esses anticorpos são eliminados do corpo do bebê.

Em alguns desses casos os anticorpos podem afetar o coração do bebê, fazendo com que ele bata mais lentamente. Mas lembre-se, 98% das gestações não tem essas alterações. O importante é informar o seu obstetra caso você tenha estes anticorpos, para que ele monitore o coração do bebê durante a gestação.

Referência:

  1. Freitas, Tarsila M. C. et al. Síndrome de Sjögren: revisão de literatura e acompanhamento de um caso clínico. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia [online]. 2004, v. 70, n. 2 [Acessado 26 Setembro 2022] , pp. 283-288. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0034-72992004000200023&gt;. Epub 29 Jun 2004. ISSN 0034-7299. https://doi.org/10.1590/S0034-72992004000200023.

Síndrome de Encarceramento

A Síndrome do Encarceramento, ou Síndrome de Locked-In, é uma doença neurológica rara, em que ocorre paralisia de todos os músculos do corpo, com exceção dos músculos que controlam o movimento dos olhos ou das pálpebras.

Nesta doença, o paciente fica ‘preso’ dentro do seu próprio corpo, sem conseguir se movimentar ou comunicar, mas continua consciente, percebendo tudo o que acontece à sua volta e a sua memória continua intacta.

Esta síndrome não tem cura, porém existem procedimentos que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida da pessoa, como uma espécie de capacete que consegue identificar o que a pessoa está precisando, para que possa ser atendida.

Sintomas

Os sintomas da Síndrome do Encarceramento podem ser:

  • Paralisia dos músculos do corpo;
  • Incapacidade de falar e de mastigar;
  • Braços e pernas rígidas e esticadas.

Geralmente, os pacientes conseguem somente movimentar os olhos para cima e para baixo, pois até mesmo os movimentos laterais dos olhos estão comprometidos. A pessoa também sente dor, mas não consegue se comunicar e por isso não consegue esboçar nenhum movimento, como se não tivesse sentindo nenhuma dor.

O diagnóstico é feito com base nos sinais e sintomas apresentados e pode ser confirmado com exames, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada, por exemplo.

O que causa essa síndrome?

As causas da Síndrome do Encarceramento podem ser lesões cerebrais traumáticas, após um AVC, efeitos colaterais de medicamentos, esclerose lateral amiotrófica, traumatismos cranianos, meningite, hemorragia cerebral ou mordida de cobra.

Nesta síndrome, as informações que o cérebro emite para o corpo não são totalmente captadas pelas fibras musculares e por isso o corpo não responde às ordens enviadas pelo cérebro.

Como é feito o tratamento?

O tratamento da Síndrome do Encarceramento não cura a doença, mas ajuda a melhorar a qualidade de vida da pessoa.

Atualmente, para facilitar a comunicação são utilizadas tecnologias que conseguem traduzir através de sinais, como piscar de olhos, o que a pessoa está pensando em palavras, permitindo que a outra pessoa o entenda. Outra possibilidade é usar uma espécie de touca com eletrodos na cabeça que interpreta o que a pessoa está pensando para que possa ser atendida.

Pode ser usado também um pequeno aparelho que possui eletrodos que são colados na pele que são capazes de promover uma contração muscular para reduzir a sua rigidez, mas dificilmente a pessoa consegue recuperar os movimento e a maior parte morre no primeiro ano após ter surgido a doença.

A causa da morte mais comum é devido ao acumulo de secreções nas vias respiratórias, que acontece naturalmente quando a pessoa não se movimenta.

Assim, para melhorar a qualidade de vida e evitar este acumulo de secreções é indicado que a pessoa faça fisioterapia motora e respiratória pelo menos 2 vezes ao dia. Uma máscara de oxigênio pode ser usada para facilitar a respiração e a alimentação deve ser feita por sonda, sendo necessário uso de fraldas para conter a urina e as fezes.

Os cuidados devem ser os mesmos de uma pessoa acamada inconsciente e se a família não prestar este tipo de cuidados a pessoa pode falecer devido a infecções ou acumulo de secreções nos pulmões, que podem causar pneumonia.

Alguns Cuidados de Enfermagem

  • Cuidados de suporte;
  • Treinamento em comunicação;
  • Cuidados de suporte são a base do tratamento para pacientes com síndrome de encarceramento e devem incluir:
  • Prevenção de doenças sistêmicas devido à imobilização (p. ex., pneumonia, infecção do trato urinário, doenças tromboembólicas);
  • Proporcionar boa nutrição;
  • Prevenir o desenvolvimento de úlceras de pressão;
  • Fornecer fisioterapia para prevenir contraturas nos membros.

Referências:

  1.  Milekovic T, Sarma AA, Bacher D, et al: Stable long-term BCI-enabled communication in ALS and locked-in syndrome using LFP signals. J Neurophysiol 120 (1):343–360, 2018.
  2. Bruno MA, Nizzi MC, Laureys S, Grosseries O. Chapter 12 – Consciousness in the Locked-In Syndrome. The Neurology of Conciousness (Second Edition). Academic Press, 2016. Pages 187-202

Síndrome da disfunção de múltiplos órgãos

A síndrome de disfunção de múltiplos órgãos, também chamada síndrome da falência de múltiplos órgãos (SFMO), é caracterizada pela deterioração aguda de dois ou mais órgãos, resultando em perda da função dos órgãos acometidos. Uma das causas mais comuns SFMO é a sepse (choque séptico).

A SFMO pode ser definida como uma complexa manifestação patológica subaguda, desencadeada por trauma inespecífico e grave. Desenvolve-se após um hiato variável de tempo em que há aparente estabilidade do paciente.

Como exemplos de traumas indutores, podem ser mencionados: politraumatismos acidentais, queimaduras extensas, circulação extracorpórea, contusões pulmonares, múltiplas transfusões, pancreatite aguda, aspiração pulmonar,infecções difusas, entre outros. Em geral, o trauma primário não está anatomicamente associado às futuras lesões multiorgânicas.

A SFMO está sempre vinculada a elevada morbidade e mortalidade devido à gravidade da deterioração multiorgânica, que é progressiva e universal, secundária ao desenvolvimento de lesões difusas do tipo isquemia/reperfusão.

A deterioração de múltiplos órgãos é evidenciada clinicamente e ocorre de maneira progressiva. A degradação sistêmica, ou seja, o comprometimento fisiológico gradativo dos diversos sistemas ocorre à medida que os vários órgãos entram em desequilíbrio funcional.

Entre os órgãos mais atingidos por lesões múltiplas progressivas, estão os pulmões (síndrome da angústia respiratória do adulto, SARA); os rins (síndrome da insuficiência renal pós-traumática); o estômago (úlceras de estresse); fígado (insuficiência hepática pós-traumática); além de lesões cardíacas pós-traumáticas, lesões cerebrais pós-traumáticas, lesões multiglandulares, lesões intestinais, alterações do perfil de coagulação e imunitário, entre muitas outras alterações.

Sintomas

Os principais sintomas dessa condição são:

  • Febre alta;
  • Diarreias;
  • Tremores;
  • Calafrios;
  • Náuseas;
  • Redução da produção de urina;
  • Queda da pressão sanguínea;
  • Aumento da contagem de leucócitos e redução do número de plaquetas, nos exames de sangue.

Diagnóstico

O diagnóstico de falência múltipla de órgãos é feito por meio dos sintomas clínicos e do resultado de certos exames físicos e laboratoriais. Os principais dados em que o médico deve basear-se são:

  • Temperatura corporal acima de 38ºC ou menor que 36ºC.
  • Frequência respiratória maior que 20 incursões respiratórias por minuto.
  • Pressão parcial de CO2 no sangue arterial menor que 32 mmHg.
  • Frequência cardíaca maior de 90 batimentos por minuto.
  • Aumento ou redução significativos do número de leucócitos (células brancas) no sangue.
  • Presença de mais 10% de bastões (leucócitos jovens).

Como é evoluído?

A síndrome de falência de múltiplos órgãos está sempre vinculada à elevada morbidade e mortalidade, devido à gravidade da deterioração multiorgânica, que é progressiva e universal. Se dois órgãos são comprometidos, a mortalidade é de 60%. Se a falência é de três órgãos, a taxa sobe para 85% e no caso de quatro órgãos ou mais é de 100%.

Referência:

  1. Oliveira, G.G. Síndrome da Falência de Múltiplos Orgãos. Rio de Janeiro, MEDSI Editora Médica e Científica LTDA. 1997.

Síndrome Coronariana Aguda (SCA)

A síndrome coronariana aguda (SCA) é um conjunto de sinais e sintomas que se relacionam com a obstrução das artérias coronárias, aquelas que irrigam o coração com o fluxo sanguíneo. Quando a obstrução de fato acontece, surge o risco de ocorrer o infarto agudo do miocárdio, mais conhecido como ataque cardíaco.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. No Brasil, dados do governo mostram que 300 mil pessoas sofrem infartos por ano, com 30% dos casos sendo fatais.

Síndrome coronariana aguda: causas e sintomas

O sintoma mais representativo da síndrome coronariana aguda é a dor ou desconforto no peito (aperto), que pode irradiar-se para os braços, mandíbula e abdome. Alguns pacientes, especialmente diabéticos e idosos, podem não sentir dor, apenas náuseas, palidez e suor frio.

Qualquer desconforto abaixo do queixo e acima do umbigo pode ser infarto, principalmente em indivíduos exposto aos fatores de risco mencionados. Por isso a avaliação médica é importante.

Tratando a síndrome coronariana aguda

Como a síndrome coronariana aguda é uma emergência médica, seu tratamento deve ser ágil.

A terapia inicial consiste em cuidados médicos intensivos, monitorização contínua, aumento da oferta de oxigênio, analgésicos potentes, drogas que impedem a agregação de plaquetas, dificultam a formação de trombos (anticoagulantes), diminuem os níveis de colesterol e estabilizam as placas de gordura do interior dos vasos sanguíneos (estatinas).

É fundamental restaurar o fluxo sanguíneo coronariano por meio de cateterismo cardíaco de urgência com implante de stent (angioplastia). Em situações em que não há disponibilidade ou que o tempo de transferência ultrapassa 90 minutos, deve-se lançar mão de medicamentos que dissolvem coágulos formados (trombolíticos).

Cuidados de Enfermagem

  • Reconhecer e avaliar sistematicamente a evolução dos sinais e sintomas relacionados à isquemia;
  • Prevenir e identificar possíveis complicações;
  • Controlar dor no peito;
  • Prevenir lesões miocárdicas;
  • Realizar balanceamento do suprimento e demanda de oxigênio no miocárdio;
  • Manter um ambiente calmo;
  • Fornecer orientação ao paciente;
  • Envolver a família no tratamento;
  • Estabelecer relacionamento terapêutico e promover o autocuidado.

Referência: 

  1. http://www.brasil.gov.br/noticias/saude/2017/09/doencas-cardiovasculares-sao-principal-causa-de-morte-no-mundo

Síndrome de Pickwick

Nomeada por um personagem de Charles Dickens, a Síndrome de Pickwick afeta principalmente a respiração de um indivíduo enquanto ele ou ela dorme.

É um distúrbio respiratório que afeta algumas pessoas que foram diagnosticadas com obesidade. A síndrome faz com que você tenha muito dióxido de carbono e muito pouco oxigênio no sangue.

Sem tratamento, pode levar a problemas de saúde graves e até fatais.

Compreende a tríade de obesidade (IMC =30 kg / m2), hipoventilação durante o dia (hipercapnia e hipoxemia acordada) e distúrbios respiratórios do sono na ausência de explicações alternativas (por exemplo, doença pulmonar parenquimatosa grave, ou anormalidades metabólicas).

Causas

Não há causa definida e conhecida para o desenvolvimento da síndrome de Pickwick.

Tem sido afirmado que um defeito dentro da parte do cérebro que controla a respiração combinada com o peso desnecessário que repousa sobre a parede torácica pode prejudicar a capacidade do indivíduo de respirar adequadamente.

O comprometimento da respiração do indivíduo leva a um desequilíbrio de oxigênio e dióxido de carbono no sangue, causando a manifestação de sintomas indicativos de privação de oxigênio.

Sinais e Sintomas

Indivíduos obesos com a síndrome de Pickwick podem apresentar e experimentar vários sinais e sintomas. O sintoma mais predominante é o desenvolvimento da apneia do sono ou a interrupção da respiração durante o sono, que pode ocorrer quando o indivíduo está deitado de costas.

Alguns indivíduos cuja respiração é limitada podem apresentar cianose ou um tom azulado na pele causado por falta de oxigênio. Os indivíduos sintomáticos também podem apresentar fadiga pronunciada com pouco ou nenhum esforço físico, falta de ar e inchaço das pernas e pés.

Indivíduos com a síndrome de Pickwick também podem apresentar uma tez avermelhada e sonolência, também conhecida como sonolência.

Diagnóstico

Um teste de função pulmonar pode ser utilizado para avaliar a eficiência da funcionalidade pulmonar de um indivíduo, incluindo capacidade de volume e difusão. Um teste de gasometria arterial pode ser realizado para medir os níveis de dióxido de carbono e oxigênio no sangue e avaliar qualquer grau de desequilíbrio.

Além disso, o indivíduo pode ser encaminhado para participar de um estudo do sono para avaliar a gravidade de sua apneia do sono. Os testes de diagnóstico utilizados para determinar se um indivíduo tem a síndrome de Pickwick podem incluir um teste de função pulmonar e um teste de gasometria arterial.

Tratamento

O tratamento da síndrome de Pickwick, muitas vezes inclui a utilização de ventilação mecânica. Indivíduos com obesidade mórbida podem necessitar de assistência respiratória para garantir a oxigenação adequada do sangue.

Um indivíduo pode ser equipado com uma máscara de ventilação que se encaixa confortavelmente no nariz ou na boca enquanto ele ou ela dorme.

Aqueles que necessitam de assistência ventilatória constante devido a uma passagem estreita da via aérea podem ser submetidos a uma traqueostomia, que envolve a colocação de um tubo respiratório diretamente na traqueia através de uma incisão cirúrgica no pescoço.

Aspectos adicionais do tratamento podem incluir a implementação de mudanças na dieta e no estilo de vida para promover a perda de peso e o exercício. A síndrome de Pickwick é um distúrbio que pode ser revertido se medidas proativas forem tomadas.

Os indivíduos são frequentemente encorajados a procurar grupos de apoio que facilitem a implementação de mudanças no estilo de vida com materiais educacionais, grupos de discussão e amizade. Se a síndrome de Pickwick não for tratada, pode levar ao desenvolvimento de sérios problemas cardiovasculares e circulatórios.

Complicações

Outras complicações associadas à síndrome de Pickwick incluem hipertensão, disfunção sexual e alterações do humor, como irritabilidade e depressão. A síndrome de hipoventilação da obesidade pode ser evitada com medidas conscientes que incluem a manutenção de um estilo de vida saudável e peso corporal.

Referências:

  1. Piper AJ, et al. (2011). Obesity hypoventilation syndrome: mechanism and management. Am J Respir Crit Care Med; 183: 292–298.
  2. Bannerjee D, et al. (2007). Obesity hypoventilation syndrome: hypoxemia during CPAP. Chest; 131: 1678–1684. 

Dor do Membro Fantasma

Depois que um membro é amputado (completamente ou parcialmente), alguns pacientes têm a sensação de dor no membro que foi cortado, ou seja, exatamente aquele que não está mais lá. Isso é conhecido como Dor do membro Fantasma.

Causa

Os pesquisadores ainda não descobriram exatamente o que causa a dor do membro fantasma.

No entanto, existe uma explicação possível: os nervos de parte da medula espinhal e do cérebro “religam” quando perdem os sinais do braço ou da perna ausente. Como resultado, eles enviam sinais de dor, uma resposta típica quando o organismo percebe que algo está errado.

Estudos também mostram que, após uma amputação, o cérebro pode remapear aquela parte do circuito sensorial do corpo para outra parte do corpo. Em outras palavras, quando a área amputada não é mais capaz de receber informação sensorial, a informação é encaminhada para outro local.

Esse é um conceito importante a ser considerado, porque o tratamento para essa dor difere do tratamento que você receberia para outros tipos de dor. Todas as novas terapias para esse tipo de dor envolvem tentar alterar os sinais enviados do cérebro ou da medula espinhal.

Fatores de Risco

Nem todo mundo que sofre uma amputação desenvolve a dor fantasma. No entanto, existem alguns fatores que podem aumentar o risco dessa dor, como:

Dor Antes da Amputação

Alguns pesquisadores descobriram que pessoas que tiveram dor no membro antes da amputação provavelmente continuarão experienciando após. Isso pode estar relacionado ao fato que o cérebro se agarra à memória da dor e continua enviando sinais de dor mesmo depois que o membro é removido.

Dor no Membro Residual

Geralmente, as pessoas que têm dor persistente na parte restante do membro também sentem dor fantasma. A dor residual do membro pode ser causada por um crescimento anormal nas terminações nervosas danificadas (neuroma), que frequentemente resulta em atividade nervosa dolorosa.

Sintomas

Características dessa condição incluem:

  • Início na primeira semana após a amputação, embora possa durar meses ou mais;
  • Dor que vai e vem, ou dor contínua;
  • Sintomas que afetam a parte do membro mais distante do corpo, como sentir o pé de uma perna que foi amputada;
  • Dor que pode ser descrita como a sensação de tiros, facadas, cãibras, alfinetadas, esmagamento, latejamento ou queimação.

Tratamento e Intervenções de Enfermagem

Para algumas pessoas, a dor desaparece sozinha. Para outras, pode se tornar algo duradouro e severo. É preciso que esses sintomas sejam relatados ao seu médico o mais rápido possível.

Encontrar um tratamento para aliviar a dor fantasma pode ser difícil. Os médicos geralmente começam com medicamentos e, em seguida, podem adicionar terapias não invasivas, como:

  • Acupuntura;
  • Estimulação na medula espinhal;
  • Estimulação magnética transcraniana;
  • Cirurgias de estimulação cerebral.

Um tratamento que está se tornando mais popular é a terapia do espelho. Para essa terapia você coloca um espelho de forma que o reflexo do seu membro intacto pareça com o seu membro ausente ou fantasma.

Você então olha para esse membro “virtual” no espelho. E quando você move seu membro intacto, sem dor, seu cérebro “vê” um movimento indolor no membro fantasma.

A terapia do espelho pode ajudar algumas pessoas que têm dor fantasma nos membros. Os estudos feitos até agora têm sido pequenos e os resultados, mistos.

Vamos conhecer alguns cuidados de enfermagem possíveis a pessoa com Dor do membro fantasma:

Diagnóstico Intervenções
Alívio ou redução da dor a um nível de conforto que seja aceitável até a remissão total da dor. Realizar um levantamento da dor sentida pela pessoa; Compreender as características da dor; Compreender inicio e duração da dor; Compreender a frequência, intensidade e gravidade da dor; Compreender os fatores precipitantes; Assegurar analgesia junto ao serviço de atenção multiprofissional; Intervir com medidas farmacológicas em seu papel; Analisar as influências culturais relacionadas a dor; Compreender o impacto da dor na qualidade de vida da pessoa; Avaliar com o usuário do serviço se as intervenções estão sendo adequadas; Monitorar a satisfação do paciente com o controle da dor, a intervalos específicos; Encorajar a pessoa a discutir sua experiência de dor, quando adequado.
Educação ineficaz sobre a dor Realizar informações sobre o quadro clínico e quanto a sensação de dor relacionado a amputação; Orientar quanto as medidas farmacológicas; Encorajar o paciente a monitorar a própria dor e a interferir adequadamente; Esclarecer quanto a implementação de medidas de cuidado para facilitar a compreensão dos cuidados prestados.
Apoio emocional Oferecer apoio emocional ao paciente e família; orientar quanto aos dispositivos de acolhimento; Marcar consultas periódicas para compreender a sensação dolorosa e as questões da pessoa; avaliar possíveis sofrimentos psíquicos;
Enfrentamento defensivo  Avaliar possíveis sinais depressivos; Compreender os sentimento da pessoa e a reação à amputação; Avaliar a projeção possível de culpa; Avaliar medo de preconceito; Avaliar medo em relação a modificação de vida; Compreender a fase psíquica em relação a perda do membro.
Ansiedade Compreender a ansiedade da pessoa em relação à dor; Compreender as preocupações em razão de mudança em eventos da vida; compreender o sentimento em relação a Produtividade diminuída Preocupação Sensação de inadequação; em relação ao Sofrimento ou Medo ligado a condição de amputação do membro;
Disfunção sexual Avaliar perda de libido; avaliar auto estima da pessoa; avaliar a relação da pessoa com o próprio corpo; estimular o diálogo com a parceira(o), compreender as dificuldades para realização da atividade sexual.

O tratamento da Dor do membro fantasma deve ser realizado pela equipe multidisciplinar. Movimentos orientados pela fisioterapia e medicações de acordo com o prescrição médica são possibilidades terapêuticas relevantes no tratamento da dor.

O auxilio no quadro álgico inicia-se pela equipe de enfermagem desde a cirurgia de retirada do membro, com cuidados locais, também relativos à dor.

É importante salientar que quanto à dor as intervenções necessitam de avaliação e compreensão do quadro. O cuidado a pessoa valorizando as práticas multiprofissionais é o caminho para a reabilitação se que a pessoa sofra com a dor.

As terapias de alívio da dor  e reabilitação ganharam novas terapias como a do espelho, onde o membro em frente do espelho faz a pessoa observar a ausência do membro.

Tratamentos convencionais ainda apresentam bons resultados como as terapias físicas (massagem, frio, exercícios) e a terapia farmacológica que ainda é uma das mais utilizadas. Lembre-se que a pessoa pode esta em sofrimento e o cuidado a saúde mental é uma das ações mais importantes.

Referências:

  1. Simone, B., et al. Condutas de enfermagem no diagnóstico da dor e a classificação dos resultados. Rev. dor  2014  Jun;  15( 2 ): 107-111. doi: 10.5935/1806-0013.20140021
  2. Borgo, F.A. et al. Abordagem farmacológica na dor fantasma: uma revisão bibliográfica. Revista Uningá, [S.l.], v. 56, n. 2, p. 109-114, jun. 2019. Disponível em: http://revista.uninga.br/index.php/uninga/article/view/2718
  3. Chamlian TR, et.al. Prevalência de dor fantasma em amputados do Lar Escola São Francisco. Acta Fisiatr. 2012; 19(3):167-70. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/download/103710/102178/181899
  4. Coimbra TL, et al. Frequencia e fatores determinantes da dor do membro fantasma em pacientes amputados assistidos por um centro de reabilitação situado no centro-oeste do Brasil. Acta Fisiatr. 2018;25(1):7-11. doi: https://doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v25i1a158826

Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD)

A Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) caracteriza-se por uma síndrome adquirida caracterizada pela ativação das vias de coagulação, que resulta na formação de trombos intravasculares e na depleção de plaquetas e dos fatores de coagulação.

Os trombos podem causar obstrução vascular/isquemia e insuficiência de múltiplos órgãos. Pode ocorrer sangramento espontâneo, sangramento generalizado, evidenciado por pelo menos 3 locais não relacionados, é altamente sugestivo para CIVD.

Possíveis Causas

A história clínica pode incluir:

O exame físico pode revelar petéquias, equimose, gangrena, desorientação mental, hipóxia, hipotensão e hemorragia digestiva.

A CIVD pode ser desencadeada por trauma significativo, destruição de órgãos, sepse ou infecção grave, doenças obstétricas graves, algumas malignidades, doenças vasculares graves e reações tóxicas ou imunológicas graves.

Fatores de Risco

  • trauma maior/queimadura/destruição de órgão ou sepse/infecção grave;
  • doenças ou complicações obstétricas graves;
  • tumores sólidos e malignidades hematológicas;
  • reações tóxicas ou imunológicas graves.

Como é diagnosticado?

Não existe exame laboratorial que isoladamente estabeleça ou afaste o diagnóstico de CIVD, porém a combinação de alterações clínicas e laboratoriais compatíveis e principalmente a presença de doença sabidamente relacionada à síndrome permite diagnóstico confiável na maioria dos casos.

Clinicamente pode-se observar os sinais de resposta inflamatória sistêmica, como febre, hipotensão, acidose, manifestações de sangramento difuso (petéquias, equimoses, sangramento em locais de punção venosa e cicatriz cirúrgica ou traumática) e sinais de trombose.

A CIVD é um processo de gravidade progressiva o que permite caracterizar sua evolução em fases (ativação “compensada” da coagulação, ativação “descompensada” da coagulação, e CIVD plenamente manifesta).

Primeiras investigações a serem solicitadas:

  • contagem plaquetária;
  • tempo de protrombina (TP);
  • fibrinogênio;
  • dímero D/produtos de degradação da fibrina.

Investigações a serem consideradas:

  • tempo de trombina;
  • teste de protamina;
  • fatores V, VIII, X, XIII

Novos exames:

  • citocinas inflamatórias;
  • dímero D (teste de anticorpo monoclonal);
  • antitrombina III;
  • fibrinopeptídeo A (FPA);

Alguns Cuidados de Enfermagem

  • Monitorar os resultados do TP;
  • Avaliar sinais e sintomas (fraqueza, enchimento venoso, mudança no estado mental, turgor da pele, mucosa seca, pressão sanguínea diminuída, frequência cardíaca  aumentada);
  • Avaliar todos os medicamentos usados pelo paciente;
  • Avaliar doenças de base e condições associadas;
  • Evitar lesões que possam aumentar o sangramento;
  • Monitorar sinais vitais;
  • Administrar a terapêutica prescrita.

Referências:

  1. BMJ Best Pratice;
  2. LEVI M & TEN CATE H. Disseminated intravascular coagulation. N Engl J Med 1999;341(8):586-92.
  3. LEVI M; DE JONGE E; VAN DER POLL T & TEN CATE H. Disseminated intravascular coagulation. Thromb Haemost 1999;82(2):695-705.
  4. TAPPER H & HERWALD H. Modulation of hemostatic mechanisms in bacterial infectious diseases. Blood 2000;96(7):2329-37.
  5. TEN CATE H; TIMMERMAN JJ & LEVI M. The pathophysiology of disseminated intravascular coagulation. Thromb Haemost 1999;82(2):713-7.
  6. FRANCO RF; DE JONGE E; DEKKERS PEP; TIMMERMAN JJ; SPEK CA; VAN DEVENTER SJH; VAN DEURSEN P; VAN KERKHOFF L; TEN CATE H; VAN DER POLL T & REITSMA PH. The in vivo kinetics of tissue factor messenger RNA expression during human endotoxemia: relationship with activation of coagulation. Blood 2000;96(2):554-9.

Síndrome de Capgras

A síndrome de Capgras é um quadro delirante onde o indivíduo acredita que uma pessoa foi substituída por um clone. O delírio costuma atingir pessoas próximas ao pacientes, já que nutrem um laço afetivo mais vigoroso. Com isso, o indivíduo com a síndrome pode conviver com a família imaginando que todos são impostores.

Ainda que a síndrome atinja a percepção de apenas um sósia, nada impede que ela se estenda a mais pessoas. Contudo, ela não se limita apenas a interação humana. O indivíduo pode acreditar que animais, lugares significativos a ele e objetos também foram substituídos. Em alguns casos, ele pode não reconhecer a si mesmo.

No conjunto de síndromes com falsa identificação, a síndrome de Capgras costuma ser a mais comum. Ainda assim, a mesma acaba afetando o relacionamento desse paciente com essas pessoas. A confiança, por exemplo, já que ele acredita que todos ao redor possam estar conspirando contra. isso pode fazer com que se sinta perseguido ou vigiado.

As Causas

É notado um certo padrão, visto que afetam as funções regulares no cérebro do paciente em relação as associações. Em geral, se origina da degradação cerebral, que pode ser provocada por:

Transtornos psicóticos

Essa síndrome pode vir associada de diversos transtornos psicóticos, como a esquizofrenia, por exemplo. Ela pode originar vários sintomas, dentre eles, a Capgras. Dessa forma, o paciente pode alimentar delírios, despersonalização e acreditar que tudo ao redor é montado. Ademais, a depressão psicótica e transtorno esquizo-afetivo contribuem.

Lesões ou traumas cerebrais

Traumas cranioencefálicos podem contribuir negativamente ao aparecimento da síndrome. A depender da gravidade, alimentam diretamente o aparecimento da síndrome. Sem contar também que lesões ou doenças cerebrais podem dar início ao problema. A exemplo, quadros frequentes de epilepsia ou tumores das mais diversas ordens.

Demência

Por conta da degeneração das funções cerebrais, a identificação de objetos próximos pode ficar comprometida gradualmente. O indivíduo ainda poderá reconhecer a voz e aparência de alguém ou de um objeto, mas acreditará que se trata de uma simulação. Isso costuma ser frequente em pacientes com Parkinson ou doença de Alzheimer.

Sinais e Sintomas

A síndrome de Capgras é bastante demarcada pelos sinais que apresenta no indivíduo e não passam despercebidos. De início, quem está próximo pode se sentir confuso com toda a situação. Caso os sinais abaixo comecem a surgir, é necessário buscar a orientação de um psicoterapeuta para avaliar a condição do paciente. Atente-se a:

Identificação falsa

Sendo um dos principais sintomas, ele acredita que alguém próximo se trata de um impostor. Basicamente, sua mente o leva a crer que algumas coisas ao redor se tratam de um jogo de substituição. Com isso, ele acredita que um clone ou sósia assumiu o lugar de uma pessoa bastante próxima a ele.

Mudança na resposta emocional

Por causa da impressão acima, o indivíduo passa a evitar e rejeitar a pessoa que ele acredita ser um substituto. Entretanto, sentimentos de culpa podem aflorar nesse indivíduo, dificultando o item acima. Ainda que acredite ser uma pessoa falsa, por respeito a imagem da verdadeira, ele pode entrar em conflito emocionalmente.

Sensação de irrealidade

Tudo pode parecer estranho ou desencaixado, por mais que nada tenha mudado. Isso pode vir na sensação de um ambiente perfeitamente projetado, situações manipuladas ou resultados esperados. Sem contar que isso também acaba atingindo ele mesmo. Isso porque pode surgir a sensação de irrealidade, fazendo sentir a divisão de sua mente e corpo.

Tratamentos

Para tratarmos a síndrome de Capgras precisamos nos atentar que a duração dela pode variar bastante. Com isso a mesma se mostra passageira, transitória e, em alguns casos, crônica. Dessa forma, fica difícil precisar um tratamento a ela, pois isso deve ser direcionado à patologia associada.

Além da terapia, um psiquiatra pode receitar antipsicóticos para trabalhar os transtornos mentais envolvidos. Com isso, os sinais que dão impulso à síndrome podem diminuir consideravelmente, dando mais autonomia ao paciente. À medida em que as causas principais forem assistidas, o paciente pode ter mais qualidade de vida.

Ademais, cabe frisar o uso de anticonvulsivos às patologias que afetam o cérebro, como a epilepsia. Em casos mais graves, a internação é recomendada, visto que o paciente põe risco à própria vida. Já que ele acredita que pode ser um impostor, pode infligir ferimentos na própria pele. A preocupação com o suicídio deve ser levada em conta.

Referências:

  1. https://saude.hsw.uol.com.br/sindrome-de-capgras.htm
  2. https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Capgras