Meningite: A Inflamação Agressiva que Exige Ação Imediata

A Meningite é uma condição que causa pânico instantâneo em qualquer serviço de saúde, e com razão. Não é apenas uma infecção; é a inflamação das meninges – as membranas protetoras que envolvem o cérebro e a medula espinhal.

Por estar tão perto do Sistema Nervoso Central (SNC), a meningite pode progredir rapidamente para danos cerebrais, perda auditiva, sequelas neurológicas graves ou até mesmo a morte, muitas vezes em questão de horas.

Para nós, estudantes e profissionais de enfermagem, o conhecimento e a vigilância são as ferramentas mais poderosas contra essa doença. Saber reconhecer os sinais e agir na “hora de ouro” é o que salva vidas.

O que é meningite?

Meningite é a inflamação das meninges — as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Essas membranas são essenciais para proteger o sistema nervoso central contra traumas e infecções. Quando há uma inflamação, ocorre acúmulo de células, proteínas e outras substâncias no líquido cefalorraquidiano (LCR), o que pode comprometer a função neurológica.

A meningite pode ter diferentes causas: bactérias, vírus, fungos, protozoários ou até processos não infecciosos, como traumas, tumores ou reações a medicamentos.

O Que Acontece? Entendendo a Inflamação

A meningite é causada, na maioria das vezes, por vírus ou bactérias que invadem a corrente sanguínea e chegam ao líquido cefalorraquidiano (LCR) e, consequentemente, às meninges.

Meningite Bacteriana (A Forma Mais Grave)

  • Agentes Comuns: Neisseria meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e Haemophilus influenzae.
  • Velocidade: É a forma mais perigosa e de progressão mais rápida. Ocorre uma inflamação intensa que pode levar à sepse, choque e coagulação intravascular disseminada (CIVD), especialmente no caso do meningococo.
  • Tratamento: É uma emergência! Requer internação imediata e antibioticoterapia intravenosa de amplo espectro em altas doses.

Meningite Viral (A Mais Comum e Geralmente Leve)

  • Agentes Comuns: Enterovírus (a causa mais frequente), vírus do herpes (raro, mas grave) e vírus da caxumba.
  • Velocidade: Geralmente tem um curso mais brando e é autolimitada. É a mais comum, mas raramente fatal em pessoas com bom sistema imunológico.
  • Tratamento: Não existe tratamento específico para o vírus (a menos que seja o Herpes), o foco é no suporte (hidratação, controle da dor e da febre).

Meningite fúngica

Essa forma é mais rara e costuma ocorrer em pacientes com imunossupressão, como aqueles com HIV/Aids, neoplasias, uso prolongado de corticóides ou outros fatores que comprometem a imunidade. O tratamento é prolongado, com antifúngicos específicos, e a resposta depende bastante da imunidade do paciente.

Outras meningites (parasitária, não infecciosa)

Também existem meningites causadas por parasitas (protozoários) ou por processos não infecciosos, como traumas, tumores ou reações autoimunes ou a determinadas drogas. Essas formas são menos comuns, mas não devem ser esquecidas no raciocínio diagnóstico.

Epidemiologia no Brasil

No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica, com casos esperados ao longo do ano. Observa-se uma sazonalidade: as meningites bacterianas têm maior incidência durante o outono e inverno, e as virais tendem a aparecer mais na primavera e no verão.

Segundo dados recentes, a doença meningocócica (causada por Neisseria meningitidis) tem grande importância epidemiológica. Além disso, o Brasil lançou um plano nacional para combater as meningites até 2030, com metas ambiciosas de redução de mortalidade e controle de casos preveníveis por vacina.

Sinais Clássicos: A Tríade da Suspeita

Os sintomas iniciais da meningite podem se parecer com uma gripe, mas evoluem rapidamente para a tríade clássica que exige nossa alerta máximo:

  1. Cefaleia Intensa: Uma dor de cabeça súbita e excruciante, diferente de qualquer dor comum.
  2. Febre Alta: Acompanhada de calafrios.
  3. Rigidez de Nuca (Sinal de Kernig e Brudzinski): O paciente tem dificuldade ou dor intensa ao tentar encostar o queixo no peito. Este é o sinal mais característico da irritação meníngea.
  • Em Bebês e Recém-Nascidos: Os sinais podem ser inespecíficos: irritabilidade extrema, sonolência excessiva, choro inconsolável, recusa alimentar e, o sinal mais físico, a fontanela (moleira) abaulada e tensa.
  • Sinal de Alerta: A presença de petéquias (pequenas manchas vermelhas ou roxas na pele que não desaparecem à pressão) sugere infecção meningocócica e sepse.

O Diagnóstico: A Punção Lombar

O diagnóstico definitivo é feito pela análise do Líquido Cefalorraquidiano (LCR), obtido através da Punção Lombar (PL).

Aspecto do LCR

    • Bacteriana: LCR turvo, alto número de leucócitos (neutrófilos), glicose baixa e proteínas altas.
    • Viral: LCR claro, leucócitos moderados (linfócitos), glicose normal.
  • Cuidados de Enfermagem na PL: Auxiliar o médico no posicionamento do paciente (posição fetal), garantir a técnica asséptica rigorosa e monitorar o paciente após o procedimento para detectar cefaleia pós-punção (que pode ocorrer).

Outros diagnósticos

  • Anamnese e exame físico: levantando histórico clínico, sinais neurológicos, febre, rigidez de nuca, entre outros.
  • Exames laboratoriais: punção lombar para coletar o líquido cefalorraquidiano (LCR) é fundamental. No LCR, analisa-se célula (contagem), glicose, proteínas, cultura, gram, PCR, dependendo do agente suspeito.
  • Hemocultura: pode identificar a bactéria em cultura sanguínea.
  • Exames de imagem: em alguns casos, pode-se fazer tomografia ou ressonância para verificar se há contraindicação à punção lombar ou se há complicações.
  • Notificação: no Brasil, todos os casos suspeitos ou confirmados de meningite devem ser notificados ao sistema de vigilância, conforme orientações do Ministério da Saúde.

Tratamento

O tratamento depende do tipo de meningite:

  • Meningite bacteriana: é emergencial. Antibióticos de largo espectro são iniciados o mais rápido possível, muitas vezes antes mesmo da confirmação do agente, porque cada hora conta para diminuir o risco de morte ou sequelas. Corticosteroides, como a dexametasona, podem ser usados em alguns protocolos para reduzir a inflamação e prevenir complicações neurológicas.
  • Meningite viral: como já mencionado, na maioria dos casos o manejo é de suporte — hidratação, controle de febre, monitoramento neurológico, repouso. Se o vírus identificado for, por exemplo, um herpesvírus, pode haver tratamento antiviral.
  • Meningite fúngica: o tratamento é prolongado, com antifúngicos específicos, e costuma exigir internação para monitorização. A resposta depende bastante da imunidade do paciente.
  • Outros tipos: no caso parasitário ou não infeccioso, o tratamento será dirigido conforme a causa — pode haver antiparasitários, terapia imunossupressora, cirurgia, dentre outras abordagens, de acordo com o diagnóstico.

Além disso, é importante o suporte clínico: reposição de fluidos, evitar hipertensão intracraniana, controlar convulsões se surgirem, tratar febre, entre outras medidas.

Prevenção

Como estudante de enfermagem, é importante estar atento à prevenção da meningite, especialmente das formas bacterianas mais perigosas:

  • Vacinação: no Brasil, há vacinas disponibilizadas no Programa Nacional de Imunizações (PNI) para prevenir alguns tipos de meningite bacteriana. Por exemplo, a vacina meningocócica C conjugada, a meningocócica ACWY, a vacina pneumocócica (contra Streptococcus pneumoniae) e a pentavalente (inclui Haemophilus influenzae tipo b).
  • Quimioprofilaxia: em contatos próximos com casos de meningite meningocócica, pode ser indicado antibiótico preventivo
  • Higiene e controle de transmissão: como a bactéria pode se transmitir por gotículas respiratórias, a higiene das mãos, evitar compartir talheres ou objetos pessoais em surtos, e adotar boas práticas de saúde pública são medidas relevantes. Além disso, há políticas de saúde pública para aumentar a cobertura vacinal e reduzir a mortalidade. No Brasil, por exemplo, foi lançado o Plano Nacional para derrotar as meningites até 2030.

Cuidados de Enfermagem na Meningite

A enfermagem desempenha um papel central no manejo de pacientes com meningite, desde a admissão até a alta (ou alta para ambulatório, quando aplicável). Aqui estão os principais cuidados e responsabilidades:

Admissão e monitorização

Quando o paciente chega ao serviço com suspeita de meningite, a enfermagem deve:

  • Avaliar sinais vitais imediatamente e com frequência, porque a instabilidade hemodinâmica pode ocorrer.
  • Observar o nível de consciência, usando escalas como a Glasgow, para detectar alterações neurológicas rapidamente.
  • Avaliar a presença de rigidez de nuca e outros sinais meníngeos.
  • Preparar e apoiar a punção lombar, garantindo assepsia, cuidados de conforto ao paciente, explicando o procedimento (se possível) e monitorando após a coleta.

Administração de medicamentos

  • Administrar os antibióticos prescritos para meningite bacteriana, conforme ordem médica. Verificar os horários, doses, compatibilidades e reações adversas.
  • Se forem prescritos corticosteroides, garantir sua administração no tempo correto para maximizar o benefício fisiológico.
  • Prover analgésicos e antipiréticos para alívio da dor de cabeça e da febre.
  • Em caso de tratamento antiviral ou antifúngico, acompanhar os regimes de medicamentos e monitorar efeitos colaterais.

Suporte geral

  • Manter hidratação: verificar balanço hídrico, peso, ingestão e eliminação de líquidos.
  • Controlar a temperatura corporal: orientar resfriamento, administrar antipiréticos, monitorar para sinais de hipertermia ou hipotermia.
  • Monitorar sinais de aumento da pressão intracraniana: avaliação neurológica frequente, observação de pupilas, dor de cabeça, vômitos, alterações no nível de consciência. Se houver suspeita de hipertensão intracraniana, comunicar rapidamente a equipe médica.
  • Garantir repouso adequado, em ambiente calmo, escuro ou com luz baixa, para reduzir a fotofobia e o desconforto.
  • Prevenir complicações: por exemplo, risco de convulsão, de trombose por imobilização, de úlceras de pressão, de pneumonia por aspiração (se o nível de consciência estiver alterado).

Educação e suporte ao paciente e à família

  • Orientar o paciente (e a família) sobre o diagnóstico, a importância do tratamento, os riscos de complicações e a evolução esperada.
  • Explicar a necessidade de isolamento, se houver, e as medidas que devem ser seguidas para evitar a transmissão (dependendo do agente).
  • Incentivar a adesão ao tratamento e ao seguimento ambulatorial, quando houver alta hospitalar.
  • Envolver a família no monitoramento: ensinar sinais de alerta que indicam piora, como convulsões, sonolência excessiva, febre persistente, vômitos intensos, confusão.

Alta e seguimento

  • Participar da elaboração do plano de alta, garantindo que o paciente (ou a família) entenda a medicação, o acompanhamento ambulatorial, a necessidade de reavaliações neurológicas.
  • Encaminhar para reabilitação, se houver sequelas neurológicas (como déficit motor, auditivo, cognitivo), e interagir com fisioterapeutas, fonoaudiólogos e outros profissionais.
  • Registrar tudo no prontuário: anotações de evolução neurológica, administração de medicamentos, complicações e educação ao paciente/família.

Possíveis complicações e sequelas

A meningite, especialmente a bacteriana, pode deixar sequelas sérias se não tratada rapidamente ou ainda, apesar do tratamento. Entre as complicações mais comuns estão:

  • Hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro)
  • Convulsões
  • Déficits neurológicos: por exemplo, surdez, dificuldades motoras, déficit cognitivo
  • Abscessos cerebrais
  • Síndrome de Waterhouse-Friderichsen (em meningococcemia): insuficiência adrenal aguda devido à hemorragia nas glândulas suprarrenais
  • Morte, se o tratamento for tardio ou se o paciente desenvolver choque séptico

Por isso, a atuação da enfermagem no diagnóstico precoce, intervenção, monitoramento e educação é vital para minimizar esses riscos.

A meningite é uma condição grave que demanda rapidez no diagnóstico e na intervenção. Como futura enfermeira ou enfermeiro, você terá um papel essencial tanto na fase aguda quanto na recuperação e na prevenção. Entender os diferentes tipos — bacteriana, viral, fúngica —, conhecer os sinais, saber os cuidados de enfermagem e colaborar nas estratégias de prevenção é fundamental para salvar vidas e reduzir danos.

A vacinação, a vigilância epidemiológica e a notificação são ferramentas poderosas para prevenir surtos e proteger populações vulneráveis. E no dia a dia hospitalar, a vigilância da enfermagem, o manejo adequado e o suporte ao paciente e à família são pilares para um atendimento eficaz.

Referências:

  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Meningites Bacterianas Agudas: Diagnóstico e Manejo. Disponível em: https://www.sbp.com.br/. (Buscar diretrizes mais recentes sobre manejo e vacinação).
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância Epidemiológica das Meningites. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svsa/dathi/publicacoes/manual-de-vigilancia-epidemiologica-das-meningites.
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. “Meningite”. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/m/meningite.
  4.  MANUAL MSD. “Meningite bacteriana aguda”. Versão para saúde familiar. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,%20da%20medula%20espinhal%20e%20dos%20nervos/meningite/meningite-bacteriana-aguda.
  5. COFEN. “Plano Nacional para derrotar as meningites até 2030 visa reduzir óbitos em 70%”. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/plano-nacional-para-derrotar-as-meningites-ate-2030-visa-reduzir-casos-em-50-e-obitos-em-70/.
  6. TUA SAÚDE. “Meningite: o que é, tipos, sintomas e tratamento”. Disponível em: https://www.tuasaude.com/meningite/.
  7. CENTRO DE NEUROLOGIA E NEUROCIRURGIA OSWALDO CRUZ. “Meningite”. Disponível em: https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/centro-especializado/neurologia-e-neurocirurgia/meningite/. SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS. “Meningite”. Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/meningite.
  8. BRASIL. Ministério da Saúde. Informe epidemiológico – meningite. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/m/meningite/situacao-epidemiologica/dados-epidemiologicos/informe-meningite.pdf.

Marcha atópica

A marcha atópica é um conceito que descreve a progressão natural das doenças alérgicas ao longo da vida de um indivíduo. Geralmente começando na infância, essa sequência de condições pode incluir dermatite atópica, rinite alérgica e asma.

Nesta publicação, vamos explorar o que é a marcha atópica, suas fases, fatores de risco e estratégias para prevenir ou controlar essas condições.

O Que é a Marcha Atópica?

A marcha atópica refere-se à tendência de doenças alérgicas se desenvolverem em uma sequência previsível, começando na infância e podendo persistir até a idade adulta. Essa progressão é caracterizada por uma resposta imunológica hiperativa a alérgenos comuns, como pólen, ácaros e alimentos.

Fases da Marcha Atópica

Dermatite Atópica (Eczema)

  • Idade de Início: Geralmente nos primeiros meses de vida.
  • Sintomas: Pele seca, coceira intensa e erupções cutâneas.
  • Importância: A dermatite atópica é frequentemente o primeiro sinal da marcha atópica e pode aumentar o risco de desenvolver outras condições alérgicas.

Alergias Alimentares

  • Idade de Início: Nos primeiros anos de vida.
  • Sintomas: Reações alérgicas a alimentos como leite, ovos, amendoim e frutos do mar.
  • Importância: As alergias alimentares podem ser um precursor para o desenvolvimento de asma e rinite alérgica.

Asma

  • Idade de Início: Geralmente entre 3 e 5 anos.
  • Sintomas: Dificuldade para respirar, chiado no peito e tosse.
  • Importância: A asma é uma condição crônica que pode persistir na idade adulta.

Rinite Alérgica

  • Idade de Início: Pode começar na infância ou adolescência.
  • Sintomas: Espirros, coriza, coceira no nariz e olhos lacrimejantes.
  • Importância: A rinite alérgica é comum em indivíduos com histórico de outras condições atópicas.

Fatores de Risco para a Marcha Atópica

Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento da marcha atópica, incluindo:

Genética

Histórico familiar de doenças alérgicas.

Exposição a Alérgenos

Contato precoce com ácaros, pólen ou alimentos alergênicos.

Poluição e Tabagismo

Ambientes poluídos e exposição ao fumo podem agravar as condições alérgicas.

Alterações na Microbiota Intestinal

Desequilíbrios na flora intestinal podem influenciar o sistema imunológico.

Prevenção e Controle da Marcha Atópica

Embora a marcha atópica tenha um componente genético, algumas estratégias podem ajudar a prevenir ou controlar suas manifestações:

Amamentação

A amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida pode reduzir o risco de dermatite atópica e alergias alimentares.

Introdução de Alimentos Sólidos

A introdução de alimentos potencialmente alergênicos, como amendoim e ovos, deve ser feita de forma gradual e sob orientação médica.

Controle Ambiental

Reduzir a exposição a alérgenos comuns, como ácaros e pólen, pode ajudar a prevenir crises alérgicas.

Tratamento Precoce

O manejo adequado da dermatite atópica e das alergias alimentares pode reduzir o risco de progressão para asma e rinite alérgica.

Imunoterapia

Em alguns casos, a imunoterapia com alérgenos pode ser usada para dessensibilizar o sistema imunológico.

Cuidados de Enfermagem no Manejo da Marcha Atópica

A equipe de enfermagem desempenha um papel crucial no suporte a pacientes com marcha atópica. Aqui estão os principais cuidados:

Educação do Paciente e Familiares

Explique sobre a marcha atópica e a importância do controle ambiental e do tratamento precoce.

Acompanhamento Nutricional

Oriente sobre a introdução de alimentos e o manejo de alergias alimentares.

Monitoramento de Sintomas

Observe e registre os sintomas do paciente para ajustar o tratamento conforme necessário.

Apoio Emocional

Ofereça suporte emocional, especialmente para crianças e famílias que lidam com múltiplas condições alérgicas.

A marcha atópica é uma sequência de condições alérgicas que pode impactar significativamente a qualidade de vida. Compreender suas fases e fatores de risco é essencial para prevenir e controlar essas doenças.

Para a equipe de enfermagem, a educação e o suporte ao paciente são fundamentais para garantir um manejo eficaz.

Referência:

  1. Hill DA, Spergel JM. The atopic march: Critical evidence and clinical relevance. Ann Allergy Asthma Immunol. 2018 Feb;120(2):131-137. doi: 10.1016/j.anai.2017.10.037. Erratum in: Ann Allergy Asthma Immunol. 2018 Apr;120(4):451. doi: 10.1016/j.anai.2018.02.033. PMID: 29413336; PMCID: PMC5806141.

Patologias Congênitas da Parede Abdominal

As patologias congênitas da parede abdominal são anomalias que ocorrem durante o desenvolvimento fetal, resultando em defeitos na formação da parede abdominal. Essas condições podem variar de leves a graves, exigindo intervenções médicas e cirúrgicas logo após o nascimento.

Nesta publicação, vamos explorar as principais patologias congênitas da parede abdominal, suas causas, diagnósticos e tratamentos.

O Que São Patologias Congênitas da Parede Abdominal?

As patologias congênitas da parede abdominal são defeitos estruturais que ocorrem durante a gestação, quando a parede abdominal do feto não se fecha completamente. Essas anomalias podem permitir que órgãos abdominais se projetem para fora do corpo, causando complicações sérias se não forem tratadas adequadamente.

Principais Patologias Congênitas da Parede Abdominal

Gastrosquise

  • O Que É: Defeito na parede abdominal, geralmente à direita do cordão umbilical, através do qual os intestinos e, às vezes, outros órgãos saem do corpo.
  • Causas: Ainda não totalmente compreendidas, mas fatores genéticos e ambientais podem estar envolvidos.
  • Diagnóstico: Detectado durante o pré-natal por ultrassonografia.
  • Tratamento: Cirurgia para reposicionar os órgãos e fechar o defeito.

Onfalocele

  • O Que É: Defeito no qual os órgãos abdominais ficam envoltos por uma membrana e se projetam através do umbigo.
  • Causas: Associada a anomalias cromossômicas, como a trissomia do 18 (Síndrome de Edwards).
  • Diagnóstico: Identificado no pré-natal por ultrassonografia.
  • Tratamento: Cirurgia para reposicionar os órgãos e fechar o defeito.

Hérnia Diafragmática Congênita

  • O Que É: Abertura no diafragma que permite que órgãos abdominais se movam para a cavidade torácica, comprimindo os pulmões.
  • Causas: Defeito no desenvolvimento do diafragma durante a gestação.
  • Diagnóstico: Detectado no pré-natal por ultrassonografia.
  • Tratamento: Cirurgia para reposicionar os órgãos e reparar o diafragma.

Extrofia Vesical

  • O Que É: Malformação rara em que a bexiga fica exposta fora do corpo, devido a um defeito na parede abdominal inferior.
  • Causas: Desconhecidas, mas podem envolver fatores genéticos e ambientais.
  • Diagnóstico: Identificado no pré-natal ou ao nascimento.
  • Tratamento: Cirurgia para reconstruir a bexiga e a parede abdominal.

Defeitos da Parede Abdominal Lateral

  • O Que É: Anomalias raras que afetam os lados da parede abdominal, permitindo a protrusão de órgãos.
  • Causas: Desconhecidas, mas podem estar relacionadas a fatores genéticos.
  • Diagnóstico: Detectado no pré-natal ou ao nascimento.
  • Tratamento: Cirurgia para correção do defeito.

Causas das Patologias Congênitas da Parede Abdominal

As causas exatas dessas anomalias ainda não são totalmente compreendidas, mas alguns fatores de risco incluem:

  • Genética: Histórico familiar de defeitos congênitos.
  • Fatores Ambientais: Exposição a substâncias tóxicas durante a gravidez.
  • Idade Materna Avançada: Gestantes com mais de 35 anos têm maior risco.
  • Uso de Medicamentos: Certos medicamentos durante a gestação podem aumentar o risco.

Diagnóstico

O diagnóstico das patologias congênitas da parede abdominal é geralmente feito durante o pré-natal, por meio de:

  • Ultrassonografia: Identifica defeitos na parede abdominal e a presença de órgãos fora da cavidade abdominal.
  • Ressonância Magnética Fetal: Fornece imagens detalhadas para planejamento do tratamento.
  • Avaliação Pós-Natal: Exame físico e exames de imagem após o nascimento.

Tratamento

O tratamento depende do tipo e da gravidade da anomalia, mas geralmente envolve:

Estabilização do Recém-Nascido:

    • Proteção dos órgãos expostos com curativos estéreis.
    • Suporte respiratório e nutricional, se necessário.

Cirurgia Corretiva:

    • Reposicionamento dos órgãos e fechamento do defeito na parede abdominal.
    • Em casos complexos, pode ser necessária cirurgia em etapas.

Acompanhamento Pós-Operatório:

    • Monitoramento do desenvolvimento e prevenção de complicações, como infecções e hérnias.

Cuidados de Enfermagem

A equipe de enfermagem desempenha um papel crucial no manejo desses pacientes. Aqui estão os principais cuidados:

  1. Proteção dos Órgãos Expostos:
    • Cobrir os órgãos com curativos estéreis e úmidos para evitar infecções e desidratação.
  2. Monitoramento de Sinais Vitais:
    • Aferir temperatura, frequência cardíaca e respiratória regularmente.
  3. Suporte Nutricional:
    • Garantir alimentação adequada, muitas vezes por meio de sonda nasogástrica.
  4. Cuidados Pós-Operatórios:
    • Monitorar sinais de infecção, como febre ou vermelhidão no local da cirurgia.
    • Auxiliar na mobilização e no conforto do paciente.
  5. Educação da Família:
    • Orientar os pais sobre os cuidados em casa e a importância do acompanhamento médico.

As patologias congênitas da parede abdominal são condições complexas que exigem diagnóstico precoce e tratamento especializado. Com avanços na medicina fetal e neonatal, muitos bebês com essas anomalias têm a chance de uma vida saudável após o tratamento adequado.

Referências:

  1. Gorayeb, N., & Gorayeb, N. Prognóstico na Cardiologia. Revista Brasileira de Cardiologia, 2006. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rb/a/8MfSw4nrK3h4mhyMXKZ3jvH/?format=pdf&lang=pt>
  2. Defeitos da Parede Abdominal: Gastrosquise e Onfalocele Instituição: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) Ano: 2022 Disponível em: <https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/ch-ufc/acesso-a-informacao/protocolos-e-pops/protocolos-meac/maternidade-escola-assis-chateaubriand/neonatologia/defeitos-da-parede-abdominal-gastrosquise-e-onfalocele-pro-med-neo-068pdf

Síndrome de Reye

A síndrome de Reye é uma condição rara, mas potencialmente fatal, que afeta principalmente crianças e, ocasionalmente, adultos. Ela se caracteriza por inflamação do cérebro (encefalopatia) e acúmulo de gordura no fígado.

Causas e Desencadeadores

  • A causa exata da síndrome de Reye ainda não é completamente compreendida, mas existem fatores associados a seu desenvolvimento.
  • Infecções virais: A síndrome muitas vezes surge após infecções virais, como influenza (gripe) ou catapora (Vírus VVZ).
  • Uso de aspirina: O uso de aspirina (ácido acetilsalicílico) durante infecções virais aumenta o risco de desenvolver a síndrome de Reye. Por esse motivo, a aspirina não é recomendada para crianças, exceto em casos específicos, como o tratamento da doença de Kawasaki.

Sintomas

  • Os sintomas variam em gravidade, mas geralmente começam com sinais semelhantes aos de uma infecção viral:
    • Febre.
    • Sintomas respiratórios superiores (como tosse e coriza).
    • Mal-estar geral.
  • Após alguns dias, a criança pode apresentar:
    • Náusea intensa.
    • Vômitos persistentes.
    • Confusão.
    • Letargia (estado de sonolência e fraqueza).
  • Em casos graves, essas alterações no estado mental podem evoluir para:
    • Convulsões.
    • Coma.
    • Morte.

Diagnóstico

  • O diagnóstico da síndrome de Reye envolve:
    • Avaliação clínica: O médico suspeita da síndrome com base nos sintomas e histórico do paciente.
    • Exames laboratoriais:
      • Painel metabólico abrangente (PMA): Avalia o funcionamento do fígado e outros órgãos.
      • Provas de função hepática: Verifica a saúde do fígado.
    • Biópsia hepática: Coleta de uma pequena amostra do tecido do fígado para análise.

Tratamento

  • O tratamento visa:
    • Diminuir a pressão intracraniana: Reduzindo o inchaço cerebral.
    • Suporte hepático: Manter a função do fígado.
    • Controle dos sintomas: Administração de líquidos, vitamina K e medicamentos para controlar a inflamação.

Prognóstico

  • O prognóstico varia conforme a gravidade dos danos cerebrais.
  • A rápida identificação e tratamento adequado são essenciais para melhorar as chances de recuperação.

Cuidados de Enfermagem

  1. Monitoramento Contínuo:
    • Observe atentamente o estado mental da criança. Qualquer alteração súbita, como confusão, agitação ou sonolência excessiva, deve ser relatada imediatamente.
    • Monitore os sinais vitais, incluindo frequência cardíaca, pressão arterial e respiração.
  2. Controle da Pressão Intracraniana:
    • Elevação da cabeceira da cama para reduzir a pressão intracraniana.
    • Administração de medicamentos conforme prescrição para diminuir o inchaço cerebral.
  3. Suporte Hepático:
    • Avalie a função hepática regularmente por meio de exames de sangue.
    • Mantenha o paciente bem hidratado para apoiar a função hepática.
  4. Restrição de Líquidos:
    • Monitorize o balanço hídrico e restrinja a ingestão de líquidos conforme necessário para evitar sobrecarga.
  5. Prevenção de Complicações Pulmonares:
    • Realize a higiene oral e pulmonar para prevenir infecções respiratórias.
    • Monitore a saturação de oxigênio e observe sinais de dificuldade respiratória.
  6. Comunicação com a Família:
    • Eduque os pais sobre a síndrome de Reye, seus sintomas e o tratamento.
    • Forneça suporte emocional à família durante o período de internação.

Lembre-se sempre de seguir as orientações médicas e evitar o uso inadequado de medicamentos, especialmente aspirina, em crianças. A síndrome de Reye é rara, mas sua gravidade exige atenção e cuidados adequados.

Referências:

  1. MSD Manuals

Microcefalia

A microcefalia é um raro distúrbio neurológico no qual o cérebro da criança não se desenvolve completamente. Com isso, o tamanho da cabeça é menor do que o esperado. A microcefalia pode estar presente no nascimento ou pode ser adquirida nos primeiros anos de vida.

A criança com microcefalia geralmente tem diferentes graus de deficiência intelectual, assim, um pequeno percentual de crianças não terão nenhum tipo de atraso no desenvolvimento.

As crianças com essa condição também pode ter um atraso na fala e nas funções motoras, nanismo ou baixa estatura, deficiência visual ou auditiva, e/ou outros problemas associados com anormalidades neurológicas.

Existem várias causas potenciais para a microcefalia, incluindo:

  • Infecções perinatais maternas, incluindo  rubéola e Zika vírus;
  • Distúrbio cromossômico, incluindo síndrome de Down;
  • Craniossinostose, um defeito de nascença identificado pelo fechamento prematuro de uma ou mais juntas entre os ossos do crânio antes do completo crescimento cerebral
  • Meningite bacteriana;
  • Uso abusivo de drogas e álcool durante a gravidez;
  • Exposição química ou à radiação.

Existe também uma suspeita de conexão entre o Zika vírus e a microcefalia, devido ao nível significante de crianças vistas com essa doença em países afetados, desde que o vírus começou a se espalhar.

Fatos principais sobre a Microcefalia

  • A microcefalia ocorre mais frequentemente quando o cérebro para de crescer até a taxa normal; o crescimento do crânio é determinado pelo tamanho do cérebro.
  • Não há tratamento para reverter a microcefalia, exceto uma cirurgia para craniossinostose. Programas de intervenção com a fala, terapeutas ocupacionais e físicos podem ajudar as crianças afetadas.
  • Em casos de microcefalia com uma conexão genética, conselheiros genéticos podem ajudar a determinar o risco de microcefalia.

Diagnóstico

Após o nascimento, os recém-nascidos passam pelo primeiro exame físico – é rotina nos berçários e deve ser feito em até 24 horas do nascimento.

Este é um dos principais momentos para se realizar a busca de possíveis anomalias congênitas. Também é possível diagnosticar a microcefalia no pré-natal, porém, somente o médico que está acompanhando a grávida poderá indicar o método de imagem mais adequado.

Ao nascimento, os bebês com suspeita de microcefalia serão submetidos a exame físico e medição do perímetro cefálico. São considerados microcefálicos os bebês não prematuros com perímetro cefálico menor de 32 centímetros.

Eles serão submetidos a exames neurológicos e de imagem, sendo a Ultrassonografia Transfontanela a primeira opção indicada, e, a tomografia, quando a moleira estiver fechada.

Tratamento

Não há tratamento específico para a microcefalia. Existem ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê e da criança. A estimulação precoce visa à maximização do potencial de cada criança, englobando o crescimento físico e a maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva, que poderão ser prejudicados pela microcefalia.

Os nascidos com microcefalia receberão a estimulação precoce em serviços de reabilitação distribuídos em todo o país, nos Centros Especializados de Reabilitação (CER), Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e Ambulatórios de Seguimento de Recém-Nascidos.

Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade.

Referência:

  1. Ministério da Saúde

Enterocolite Necrotizante

Enterocolite necrosante é uma inflamação intestinal em que porções do intestino sofrem necrose (morte das células) e geralmente ocorre em recém-nascidos prematuros (90% dos casos).

Quais são as Causas?

A enterocolite necrosante é multifatorial e as conjunções de fatores exatos que as causam ainda estão sendo estudados. Não existe nenhuma conclusão ainda sobre isso. A doença está ligada a imaturidade da camada que reveste o intestino do bebê.

Suspeita-se que seja causado por problemas de irrigação sanguínea intestinal causados por um inadequado crescimento intrauterino causada por falta de muco protetor facilitando a colonização por bactérias patogênicas como Escherichia coli, Klebsiella, Salmonella, Staphylococcus epidermidis.

Predisposição genética pode estar envolvida, mas ainda não existe conclusão sobre isso. Geralmente atinge íleo ou cólon ascendente.

Os Sinais e Sintomas

Os sintomas podem surgir de forma lenta ou repentinamente, poucos dias após o nascimento, e podem incluir:

  • Inchaço abdominal;
  • Sangue nas fezes;
  • Diarreia;
  • Dificuldade em alimentar;
  • Fadiga;
  • Temperatura corporal instável;
  • Vômitos.

O Tratamento

O tratamento para um bebê que pode incluir:

  • Interromper a alimentação oral;
  • Alimentação intravenosa que corrija desequilíbrios hidroeletrolíticos.
  • Aliviar gases intestinais através da inserção de um tubo no estômago;
  • Antibióticos por 10 a 14 dias (como ampicilina, gentamicina ou cefotaxima);
  • Monitoramento da situação com a radiografia abdominal, exames de sangue e medição de gases sanguíneos;
  • Entre 20 e 40% precisam de cirurgia, para tratar perfurações intestinais ou inflamação da parede abdominal (peritonite). Essa cirurgia serve para remover o tecido do intestino morto, drenagem peritoneal e realizar uma colostomia ou ileostomia. Alguns bebês podem desenvolver síndrome do intestino curto, abscessos, fístula ou sepse após a cirurgia.

A alimentação oral só é retomada cerca de duas semanas após o tratamento.

Medidas de Prevenção

Alimentar com muito leite materno assim que possível é a medida preventiva mais eficiente, reduzindo em quase 70% os riscos de enterocolite necrosante.  Outras medidas incluem suplementação de Imunoglobulina A, com arginina, corticosteroides, antibióticos ou probióticos.

Para aumentar os esforços relativos a prevenção, o primeiro Dia Internacional de Conscientização da Enterocolite Necrosante foi realizado em 17 de maio de 2018 (a exatos 6 meses do Dia Mundial da Prematuridade).

O dia no Brasil foi marcado com a divulgação de um vídeo da apresentadora Isabella Fiorentino, madrinha da causa, falando sobre a doença. No exterior, foi divulgado um video da jornalista britânica Julie MacDonald alertando sobre a enterocolite necrosante.

Referências:

  1. http://www.patient.co.uk/doctor/Necrotising-Enterocolitis-(NEC).htm
  2. http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/article/001148.htm
  3. Nelson Diniz de Oliveira e Milton Harumi Miyosh. Avanços em enterocolite necrosante. Jornal de Pediatria – Vol. 81, Nº1(Supl), 2005. http://www.scielo.br/pdf/jped/v81n1s1/v81n1s1a03.pdf
  4. Morgan JA, Young L, McGuire W; Pathogenesis and prevention of necrotizing enterocolitis. Curr Opin Infect Dis. 2011 Jun;24(3):183-9.
  5. Frost BL, Caplan MS; Probiotics and prevention of neonatal necrotizing enterocolitis. Curr Opin Pediatr. 2011 Apr;23(2):151-5.
  6. http://pequenosgrandesguerreiros.org/enterocolite-necrosante/17-de-maio-enterocolite-necrosante/

Apendicovesicostomia de Mitrofanoff

O procedimento de Mitrofanoff, também conhecido como apendicovesicostomia de Mitrofanoff, é um procedimento cirúrgico no qual o apêndice é usado para criar um conduto, ou canal, entre a superfície da pele e a bexiga urinária.

A técnica descrita por Paul Mitrofanoff em 1980, baseia-se na criação de um duto entre a bexiga e a parede abdominal que permite o esvaziamento vesical por cateterismo intermitente limpo. A estrutura inicialmente descrita e utilizada foi o apêndice.

Porém nem sempre o apêndice encontra-se disponível e nem sempre isso pode ser definido antes da cirurgia. Como alternativa outras estruturas já foram utilizadas (ureter, trompas uterinas, estômago etc), todas com resultado inferior ao apêndice.

O princípio de Mitrofanoff tem como objetivo prover continência urinária e esvaziamento vesical adequados. Cabe ressaltar que tal técnica acrescentou muito à qualidade de vida dos pacientes com bexiga neurogênica, oferecendo liberdade, independência e um método eficaz para esvaziar a bexiga regularmente, por auto cateterismo.

Os métodos Cirúrgicos

Existem duas maneiras possíveis de realizar a cirurgia:

  • Cirurgia aberta – Um pequeno corte (alguns centímetros de largura) é feito na parte inferior da barriga. A pele é puxada de lado para que o cirurgião possa ver e trabalhar diretamente na criança. Esta é a única técnica cirúrgica utilizada em muitos hospitais.
  • Cirurgia robótica – Vários pequenos cortes (vários milímetros de largura) são feitos na barriga. O cirurgião usa um computador para controlar os braços robóticos, que movem pequenas ferramentas sob a pele para fazer a operação.

Por que é feito este tipo de procedimento?

O procedimento de Mitrofanoff é feito para crianças que não conseguem urinar sozinhas. Muitas dessas crianças usam cateteres tradicionais antes da cirurgia.

 Esses cateteres são inseridos através da uretra, o local normal onde a urina sai do corpo. No entanto, os cateteres através da uretra podem causar dor nos meninos e podem ser difíceis para as meninas por causa de sua anatomia. As meninas que usam cadeiras de rodas geralmente não conseguem colocar um cateter, a menos que se sentem em um vaso sanitário, o que pode torná-las menos independentes.

Em alguns casos, as crianças para as quais é difícil cateterizar através da uretra podem ficar com fraldas. Em outros, os músculos do esfíncter não funcionam bem e a criança continua a vazar na fralda.

Fraldas podem se tornar socialmente desconfortáveis ​​para as crianças à medida que envelhecem. O cheiro de urina e seu impacto na pele e quaisquer feridas na área da fralda podem levar a uma baixa qualidade de vida.

Após um procedimento de Mitrofanoff, as crianças podem esvaziar a bexiga sem fraldas, sem necessidade de transferência para um banheiro e sem cateterismo pela uretra. Isso torna mais fácil e confortável para muitas crianças esvaziar a bexiga. 

Eles podem ficar secos entre os cateterismos. No caso de muitos cadeirantes, permite mais independência, pois as crianças podem se autocateterizar pela abertura na barriga ou no umbigo.

Os procedimentos de Mitrofanoff geralmente são feitos para crianças com:

Os Cuidados no Acompanhamento

Os cateteres devem permanecer no local por 3-4 semanas após a cirurgia. Isso permite que o inchaço diminua e os cortes e o novo tubo cicatrizem.

O paciente terá que retornar ao hospital para que a enfermagem remova os cateteres. A mãe e a criança também receberão treinamento de uma enfermeira para aprender como e quando cateterizar usando o novo tubo através do umbigo.

A enfermeira fornecerá alguns suprimentos iniciais e conectará você a recursos para envio doméstico de suprimentos no futuro.

Cerca de 1 mês após a saída dos cateteres cirúrgicos, a criança precisará de um ultrassom de acompanhamento para verificar se há inchaço nos rins. Isso permitirá que o médico saiba se a cirurgia funcionou para drenar efetivamente a urina da criança. A criança também precisará de um ultrassom pelo menos a cada ano para continuar verificando a saúde dos rins.

O deve esperar o seguinte após o procedimento de Mitrofanoff:

  • A pele cortada costuma ser fechada com pontos internos absorvíveis e cola de pele (exceto o novo furo na barriga onde o mastro se conecta, que fica aberto). Os pontos desaparecem por conta própria e não requerem nenhuma remoção ou cuidado especial.
  • A criança pode tomar banho com esponja nos 2 dias seguintes à cirurgia. Depois disso, os chuveiros são aceitáveis. Uma vez que os cateteres são removidos, os banhos também são permitidos.
  • Os cortes e cateteres podem ficar doloridos por alguns dias ou semanas.
  • Aulas de ginástica, atividades extenuantes e levantamento de peso devem ser evitados até que o cateter seja removido.
  • As transferências de cadeira de rodas podem começar novamente cerca de 2 semanas após a operação.
  • A criança deve enxaguar (irrigar) a bexiga uma vez por dia. Isso fará parte da nova rotina dela. O enxágue ajuda a limpar o muco produzido pelo tubo do apêndice. Se a criança não lavar a bexiga, ele pode ter pedras nos rins ou infecções.

A mãe deve ligar para o médico ou procurar atendimento médico para seu filho após o procedimento de Mitrofanoff se seu filho:

  • Tem febre de 38ºC ou superior antes da primeira visita de acompanhamento
  • Não pode passar urina através do cateter
  • Passa sangue pelo cateter
  • Acidentalmente puxa o cateter para fora
  • Queixa-se de dor intensa na barriga, na lateral ou nas costas que não é melhorada pelo remédio para dor que recebe na alta
  • Tem sintomas de infecção do trato urinário (ITU) ou infecção renal
  • Sente dor ou bloqueio ao cateterizar (uma vez que o cateter cirúrgico é removido).

Os benefícios do procedimento

Os procedimentos de Mitrofanoff permitem a cateterização intermitente – uma vez a cada poucas horas. Isso oferece um risco menor de infecção do que um cateter permanente (permanente) e permite que a pessoa não vaze urina continuamente como uma ileovesicostomia, que drena de um orifício (estoma) na barriga para uma bolsa.

Após o mitrofanoff, as crianças não precisam usar fraldas e podem ficar secas entre os cateterismos. Eles muitas vezes podem esvaziar suas bexigas de forma independente e sem transferência para um banheiro. A abertura na barriga é muito pequena; a maioria é difícil de ver mesmo quando se olha para a barriga. Todas essas características do procedimento de Mitrofanoff podem ajudar a melhorar a qualidade de vida das crianças.

Os Riscos

Em geral, os riscos do procedimento de Mitrofanoff incluem os de qualquer cirurgia, como infecção, vermelhidão, inchaço, sangramento, reações à anestesia ou falha da operação. Durante a cirurgia na bexiga, a urina também pode vazar para outras áreas e causar alguma irritação.

As cirurgias da Mitrofanoff também apresentam vários riscos exclusivos. Como o apêndice está sendo parcialmente descolado e movido, há um baixo risco de sangramento interno. É possível que após um Mitrofanoff haja problemas de cateterização.

Às vezes, um cateter de tamanho diferente ou mais lubrificante resolverá o problema. Os cateteres colocados durante a cirurgia também tornam as infecções mais prováveis ​​do que em outras cirurgias, mas seu filho receberá um curso de antibióticos durante o período de recuperação para ajudar a evitar infecções.

O novo buraco na barriga também pode vazar. Finalmente, as crianças que ganharem muito peso no futuro podem ter problemas para cateterizar a abertura.

O procedimento de Mitrofanoff tem uma alta taxa de sucesso. No entanto, a maioria das crianças eventualmente precisará de outra operação para ajustar o tubo do apêndice ou corrigir problemas, como cicatrizes que bloqueiam a nova abertura da barriga. Em muitos casos, essas cirurgias são pequenas e seu filho não precisará passar a noite no hospital.

Referência:

  1. https://www.nationwidechildrens.org/specialties/urology/procedures/mitrofanoff

Desidratação Infantil

A chegada das altas temperaturas e do período de férias escolares são um prato cheio para as intoxicações alimentares. Diferente do que se imagina, esse é um dos principais causadores da desidratação infantil nesta época e não as infecções por rotavírus, que costumam ter maior incidência no inverno.

A desidratação nas crianças normalmente acontece devido a episódios de diarreia, vômitos ou por excesso de calor e febre, além de também poder estar relacionada com infecções virais ou bacterianas.

Os bebês e as crianças podem ficar desidratados muito mais facilmente que os adolescentes e adultos, já que perdem mais rapidamente os fluidos corporais.

Por isso, em caso de sinais e sintomas indicativos de desidratação, é recomendado que a criança seja levada para o pediatra ou clínico geral para que seja feito o diagnóstico e iniciado o tratamento mais adequado.

Principais sintomas

Os principais sintomas de desidratação nas crianças, são:

  1. Afundamento da moleira do bebê;
  2. Olhos fundos;
  3. Diminuição da frequência urinária;
  4. Pele, boca ou língua seca;
  5. Lábios rachados;
  6. Choro sem lágrimas;
  7. Fraldas secas há mais de 6 horas ou com urina amarela e com cheiro forte;
  8. Criança com muita sede;
  9. Comportamento fora do habitual, irritabilidade ou apatia;
  10. Sonolência, cansaço excessivo ou alteração dos níveis de consciência.

Caso alguns destes sinais de desidratação no bebê ou na criança estejam presentes, o pediatra pode solicitar a realização de exames de sangue e da urina para confirmar a desidratação.

Tratamento

A desidratação é tratada com a administração de líquidos contendo eletrólitos, como sódio e cloretos. Caso a desidratação seja leve, os líquidos costumam ser administrados por via oral. Soluções especiais para reidratação oral estão disponíveis, mas nem sempre são necessárias para crianças que tiveram apenas diarreia ou vômitos leves.

O tratamento da desidratação em crianças de qualquer idade que estão vomitando é mais eficaz se a criança receber primeiro pequenas quantidades frequentes de líquidos a cada dez minutos.

A quantidade de líquido pode ser lentamente aumentada e dada a intervalos menos frequentes caso a criança consiga reter os líquidos sem vomitar. Caso a diarreia seja o único sintoma, quantidades maiores de líquidos podem ser dadas com menor frequência.

Se as crianças têm ambos os vômitos e diarreia, elas recebem pequenas, quantidades frequentes de líquidos contendo eletrólitos. Se esse tratamento aumenta a diarreia, as crianças podem precisar ser hospitalizadas para líquidos administrados pela veia (por via intravenosa).

Bebês e crianças que não conseguem tomar nenhum líquido ou que apresentem apatia e outros sinais sérios de desidratação podem precisar receber tratamento mais intensivo com líquidos e eletrólitos administrados por via intravenosa ou soluções de eletrólitos administradas através de um tubo de plástico fino (tubo nasogástrico) que é inserido através do nariz, passando pela garganta até o estômago ou intestino delgado.

Bebês

 

A desidratação em bebês é tratada ao incentivar o bebê a consumir líquidos que contenham eletrólitos.

O leite materno contém todos os líquidos e eletrólitos de que um bebê precisa e é o melhor tratamento quando possível. Caso um bebê não esteja sendo amamentado, soluções de reidratação orais (SRO) devem ser administradas. A SRO contém quantidade especificas de açúcares e eletrólitos.

As SRO podem ser compradas em pó que é misturado com água ou em forma líquida pré-preparada em farmácias ou supermercados sem receita médica.

A quantidade de SRO que deve ser administrada à criança em um período de 24 horas depende do peso da criança, mas deve ser, em geral, aproximadamente 100 a 165 mililitros de SRO para cada quilo de peso corporal.

 

Crianças mais velhas

 

A criança com mais de um ano de idade pode tentar tomar pequenos goles de sopas ralas, refrigerantes transparentes, gelatina ou sucos diluídos com água em metade da concentração normal, ou picolés.

Água pura, suco sem diluir ou bebidas esportivas não são a melhor opção para tratar a desidratação em nenhuma idade porque o teor de sal da água é muito baixo e porque sucos têm elevado teor de açúcar e ingredientes que casam irritação no trato digestivo.

A SRO representa uma alternativa, sobretudo se a desidratação for moderada. Se a criança conseguir tolerar o consumo de líquidos por 12 a 24 horas, ela pode voltar à dieta normal.

Principais sintomas

Os principais sintomas de desidratação nas crianças, são:

  1. Afundamento da moleira do bebê;
  2. Olhos fundos;
  3. Diminuição da frequência urinária;
  4. Pele, boca ou língua seca;
  5. Lábios rachados;
  6. Choro sem lágrimas;
  7. Fraldas secas há mais de 6 horas ou com urina amarela e com cheiro forte;
  8. Criança com muita sede;
  9. Comportamento fora do habitual, irritabilidade ou apatia;
  10. Sonolência, cansaço excessivo ou alteração dos níveis de consciência.

Caso alguns destes sinais de desidratação no bebê ou na criança estejam presentes, o pediatra pode solicitar a realização de exames de sangue e da urina para confirmar a desidratação.

Como é feito o tratamento

O tratamento da desidratação em crianças pode ser feito em casa, sendo recomendado que a hidratação tenha início com leite materno, água, água de coco, sopa, alimentos ricos em água ou sucos para evitar que a situação se agrave. Além disso, podem ser utilizados Sais para Reidratação Oral (SRO), que podem ser encontrados em farmácias, por exemplo, e que deve ser tomado pelo bebê ao longo do dia.

Caso a desidratação seja causada por vômitos ou diarreia, o médico também pode indicar a ingestão de algum medicamento antiemético, antidiarreicos e probióticos, caso haja necessidade. Em casos mais graves, o pediatra pode solicitar o internamento da criança para que seja administrado soro diretamente na veia.

Quantidade de Sais de Reidratação Oral necessários

A quantidade de Sais de Reidratação Oral necessários para a criança varia de acordo com a gravidade da desidratação, sendo indicado:

  • Desidratação leve: 40-50 mL/kg de sais;
  • Desidratação moderada: 60-90 mL/kg a cada 4 horas;
  • Desidratação grave: 100-110 mL/kg diretamente na veia.

Independente da gravidade da desidratação é recomendada que a alimentação seja iniciada o mais breve possível.

O que fazer para reidratar a criança

Para aliviar os sintomas de desidratação no bebê e na criança e, assim, promover a sensação de bem-estar, é recomendado seguir as dicas a seguir:

  • Quando há diarreia, é recomendado dar o Soro de Reidratação Oral de acordo com a recomendação do médico. Caso a criança tenha diarreia mas não encontre-se desidratada, para evitar que isso ocorra é recomendado que seja oferecido às crianças com menos de 2 anos 1/4 a 1/2 xícara de soro, enquanto que para crianças com mais de 2 anos é indicada 1 xícara de soro por cada evacuação.
  • Quando houver vômitos, a reidratação deve ser iniciada com 1 colher de chá (5 mL) de soro a cada 10 minutos, em caso de bebês, e nas crianças maiores, 5 a 10 mL a cada 2 a 5 minutos. A cada 15 minutos deve-se aumentar um pouco a quantidade de soro oferecida para que a criança consiga ficar hidratada.
  • É recomendado oferecer ao bebê e à criança água, água de coco, leite materno ou fórmula infantil para satisfazer a sede.

A alimentação deve iniciar 4 horas depois da reidratação oral, sendo recomendados alimentos de fácil digestão com o objetivo melhorar o trânsito intestinal.

No caso dos bebês que consomem fórmulas infantis, é recomendado que seja dado meia diluição durante as duas primeiras doses e, de preferência, em conjunto com o soro de reidratação oral.

Quando levar a criança ao pediatra

A criança deve ser levada ao pediatra ou ao pronto-socorro na presença dos seguintes sinais e sintomas:

  • Cansaço excessivo, com dificuldade para acordar;
  • Dor abdominal intensa;
  • Vômito por mais de 24 horas;
  • Fata de urina por mais de 6 horas;
  • Fezes com sangue;
  • Febre alta.

Esses sintomas podem ser indicativos de desidratação grave, podendo ser indicado pelo médico que a criança permaneça no hospital para que seja feita a administração de soro diretamente na veia, além de medicamentosa antiemeticos e antidiarreicos, caso seja necessário.

Referências:

  1. ÁLVAREZ María Luisa et al. Nutrición en pediatría . 2ª. Caracas, Venezuela: Cania, 2009. 677-735.
  2. MAHAN, L. Kathleen et al. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 13.ed. São Paulo: Elsevier Editora, 2013. 613-617.

Hidrocefalia

A Hidrocefalia é uma doença na qual ocorre um aumento da quantidade de líquor no cérebro, que, quando em excesso, aumenta a pressão dentro do crânio, podendo causar danos importantes ao órgão.

O líquor é produzido no interior do cérebro e circula por uma série de “espaços” chamados ventrículos, até ser reabsorvido na sua parte mais externa.

Qual é a função do LCR?

O cérebro produz constantemente um líquido (mais precisamente líquido cefalorraquidiano, ou líquor), que tem a função de proteger o encéfalo e a medula de danos, remover resíduos do metabolismo cerebral e fornecer ao cérebro hormônios necessários para seu funcionamento adequado.

Pode ocorrer o surgimento da hidrocefalia se:

  • o líquor for produzido em excesso;
  • existir um bloqueio no caminho do líquor até o local onde ele será reabsorvido na parte mais externa do cérebro, ou;
  • se existir algum problema na reabsorção do líquor;

Tipos de Hidrocefalia

Hidrocefalia congênita

Está presente no nascimento. Estima-se que cerca de 1 a cada 1000 bebês nascem com este problema. Pode estar associada a outros problemas congênitos, como a espinha bífida ou pode resultar de uma infecção materna durante a gestação, como rubéola, sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose, entre outros.

A causa mais comum é um bloqueio na circulação do líquor. Os bebês que nascem com hidrocefalia frequentemente têm características físicas peculiares, como por exemplo:

  • a cabeça pode parecer maior que o normal;
  • a pele da cabeça pode parecer mais “fina” e brilhante que o normal, com veias bem aparentes;
  • as fontanelas ( ou “moleiras”) podem estar mais tensas;
  • o bebê pode parecer que está sempre olhando para baixo (o chamado “olhar de sol poente”).

Além dos sinais físicos, a criança também pode apresentar alguns sintomas, como:

  • dificuldade de alimentação;
  • irritabilidade;
  • sonolência;
  • vômitos;
  • Também podem ocorrer atrasos em algumas fases do desenvolvimento do bebê (ex: engatinhar, sentar).

Hidrocefalia adquirida

Ocorre após o nascimento. Geralmente se desenvolve após um grande trauma na cabeça ou como consequência de uma doença subjacente, como acidente vascular cerebral (AVC, “derrame”) ou tumor cerebral. Os sintomas incluem:

  • dor de cabeça;
  • náuseas e vômitos;
  • perda do apetite;
  • irritabilidade;
  • sonolência;
  • alterações de personalidade;
  • desorientação;
  • problemas visuais, como visão borrada;
  • convulsões;
  • dificuldade para caminhar;
  • incontinência (geralmente urinária).

Hidrocefalia de pressão normal

Geralmente só ocorre em pessoas de mais idade, acima dos 50 anos. É uma doença mais rara e pouco compreendida. Pode ocorrer após um traumatismo craniano, infecção ou AVC, mas na maior parte dos casos a causa é desconhecida.

Diferentemente dos outros tipos de hidrocefalia, neste caso os sintomas se desenvolvem lentamente, ao longo de muitos meses ou anos.

Geralmente o primeiro sintoma de hidrocefalia de pressão normal é uma dificuldade progressiva para caminhar, especialmente para dar o primeiro passo.

A seguir podem ocorrer crises de incontinência urinária e uma progressiva lentidão do pensamento (lentidão para responder a perguntas, reagir a determinadas situações ou processar informações).

Cuidados de Enfermagem

  • Prevenção de lesões de decúbito na cabeça;
  • Instituir medidas de higiene geral e cuidados de pele;
  • Mudar a posição a cada duas horas; ao movimentar manter a cabeça apoiada p/ evitar tensão extra sobre o pescoço;
  • Manutenção da hidratação e da nutrição;
  • Instituir horários de refeições flexíveis;
  • Oferecer refeições pequenas e frequentes;
  • Aplicação de medidas de conforto;
  • Realizar higiene geral;
  • Proporcionar estimulação tátil;
  • Encorajar a participação dos pais aos cuidados;
  • Redução da ansiedade dos pais;
  • Oferecer apoio aos pais;
  • Explicar os procedimentos e o plano médico;
  • Responder às perguntas;
  • Oferecer orientação antecipada;
  • Orientação quanto à assistência pós-hospitalização;
  • Encaminhar a instituição adequada (saúde pública, serviço social, serviços especiais de pediatria);
  • Providenciar colocação em instituição de assistência a longo prazo.

Referências:

  1. Hydrocephalus [Internet]. England: NHS Choices. 2009 [updated 2009 Mar 31; cited 2010 Feb 8]. Disponível em:  https://www.nhs.uk/Conditions/Hydrocephalus/Pages/Introduction.aspx

Acromegalia: O que é?

A Acromegalia é uma doença crônica provocada pela produção exorbitante do hormônio do crescimento (GH) na vida adulta.

Acromegalia e o Gigantismo

Se esta produção excedente for diagnosticada na infância, a doença é chamada de gigantismo. No entanto, na fase adulta, as cartilagens de crescimento já estão fechadas, por isso o excesso de produção de GH nesta fase é chamado de Acromegalia.

Caso não seja tratada, a doença pode evoluir e trazer complicações, como diabetes, doenças cardiovasculares e hipertensão.

Causas

A acromegalia é causada pela produção exacerbada do GH e do IGF-1 (Insulin Growth Factor). Na grande maioria dos casos, essa produção está relacionada à presença de tumores benignos na hipófise.

Sinais e Sintomas

Entre os sintomas da Acromegalia estão alterações na fisionomia, atribuídas ao processo de envelhecimento, entre elas crescimento dos membros superiores e inferiores, aumento significativo da testa, rosto e do espaçamento entre os dentes; aumento do volume do tórax, genitais e nariz.

Além disso, pode ocorrer o aparecimento de acnes por causa do aumento de oleosidade na pele, além de apresentar também sudorese excessiva.

Além dos sintomas de crescimento de algumas partes, podem ocorrer também alterações respiratórias, cardiovasculares, gastrintestinais, metabólico-endócrinas, musculoesqueléticas, neurológicas e oftálmicas.

O Tratamento

Acromegalia tem cura e existem 3 tipos de tratamentos: o cirúrgico, o tratamento através de radioterapia e o clínico.

A cirurgia, quando os adenomas são pequenos e não chegam a 1 cm, pode curar em 80% a 90% dos casos. Se os adenomas forem maiores do que isso, o índice cai para 50% e, se após a cirurgia não houver normalização dos níveis hormonais, deve-se realizar tratamento medicamentoso

O tratamento clínico é feito com o uso de medicações como agonistas dopaminérgicos e análogos da somatostatina ou aplicação de octreotida entre os músculos do portador.

A radioterapia só deve ser realizada quando não há a possibilidade de cirurgia e quando o tratamento clínico não tem a eficiência desejada.

Referência:

  1. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia