Síndrome de Kawasaki

A síndrome de Kawasaki é uma vasculite sistêmica, ou seja, uma inflamação de vasos sanguíneos – geralmente ela afeta vasos de médio e pequeno calibre – que pode acometer diversos órgãos, como pulmão, intestino e coração. A inflamação causada por essa síndrome leva ao desenvolvimento de pericardite, meningite asséptica, hepatite, entre outras doenças.

Descrita por Tomisaku Kawasaki em 1967, ela é prevalente em crianças, sendo uma das vasculites mais frequentes nessa faixa etária. Afeta principalmente crianças de 2 até 5 anos de idade, não sendo comum em menores de 6 meses e maiores de 8 anos. Além disso, possui prevalência em meninos.

A síndrome é uma das principais causas de cardiopatias adquiridas na infância. Como dito anteriormente, ela pode afetar diversos órgãos, no entanto, o maior comprometimento ocorre no coração, com o surgimento de aneurismas coronarianos, que podem levar a infarto agudo do miocárdio e, até mesmo, óbito.

As Causas

As causas da síndrome de Kawasaki ainda não são claras. Acredita-se que surja em decorrência de uma resposta imunológica desencadeada por algum agente infeccioso ou ambiental em indivíduos que tenham predisposição genética. Isso se deve ao fato de essa doença apresentar alguns sintomas semelhantes aos de algumas infecções virais e ocorrer em surto, entre outros fatores.

Como é diagnosticado?

O diagnóstico da síndrome de Kawasaki é predominantemente clínico, podendo ser solicitados alguns exames para descartar a possibilidade de outras doenças. São sintomas que devem ser observados para a realização do diagnóstico:

  • Febre persistente por cinco ou mais dias (pode persistir por semanas se não houver tratamento);
  • Erupções cutâneas;
  • Conjuntivite não purulenta;
  • Alterações orais, como a língua apresentando papilas hipertrofiadas e avermelhadas (língua em framboesa ou morango), eritema (vermelhidão) e edema (inchaço causado pelo acúmulo de líquidos nos tecidos) de orofaringe e fissura labial;
  • Eritema e edema de mãos e pés, podendo apresentar descamações ao redor das unhas (periungueal);
  • Aumento de gânglios linfáticos (linfonodomegalia) na região cervical.

 

Como pode ser tratado?

O tratamento da síndrome de Kawasaki consiste basicamente em reduzir a inflamação e prevenir o surgimento de complicações, como o comprometimento coronariano, em que há o surgimento de aneurismas nas artérias coronárias, que podem levar à morte. No entanto, é importante destacar que, quando o tratamento é realizado precocemente, os riscos de complicações diminuem 80%.

A Síndrome de Kawasaki e a correlação com o COVID 19

No ano de 2005, surgiu uma teoria de que um vírus da família dos coronavírus poderia ser o causador dessa síndrome. Um coronavírus humano foi detectado em 8 pacientes dentre 11 que apresentavam a doença. No entanto, estudos posteriores não detectaram o vírus em pacientes com a síndrome, o que invalidou a teoria.

Recentemente um novo coronavírus pode estar relacionado a um quadro semelhante à síndrome de Kawasaki. Algumas crianças com sintomas bem parecidos aos da síndrome foram testadas, e o resultado foi a detecção de anticorpos para o novo coronavírus (SARS-CoV-2), o causador da COVID-19.

Outro fato que leva a crer que essa nova síndrome, denominada por alguns pesquisadores de síndrome multissistêmica inflamatória pediátrica (PIMS-TS, na sigla em inglês), seja decorrente de uma resposta imunológica ao novo coronavírus é o fato de ela ocorrer durante a pandemia da COVID-19. Foi observado o seu surgimento algumas semanas após o pico dessa doença.

Referência:

  1. PebMed

Intussuscepção: A Invaginação Intestinal

A Intussuscepção representa a invaginação de um segmento intestinal sobre outro que, apesar de relativamente comum entre as crianças, raramente acomete os adultos.

Literalmente, uma parte do intestino se invagina (se dobra) por sobre outra seção do intestino, semelhante à maneira como as partes de um telescópio se retrai sobre a outra parte.

Nestes, a invaginação intestinal apresenta uma causa bem definida na maioria dos casos e seu quadro clínico costuma ser bastante variável, contudo, poucos deles são diagnosticados no período pré-operatório.

Os Sinais e Sintomas

Os primeiros sintomas podem incluir dor abdominal, náuseas, vômitos (por vezes, na cor verde, devido a bílis), cólica intermitente moderada a grave ou dor abdominal.

A dor é intermitente, não porque a intussuscepção se resolve temporariamente, mas porque o segmento do intestino transitoriamente para de contrair. Mais tarde, os sinais incluem sangramento retal, muitas vezes com fezes em forma de “geleia” (fezes misturadas com sangue e muco), e letargia.

O exame físico pode revelar uma massa em forma tubular ao palpar o abdômen.

A intussuscepção é a emergência mais comum entre crianças de seis meses a três anos de idade, é descrita como de início súbito, dor abdominal do tipo cólica seguida por vômitos, a palpação abdominal não indica peritonismo porém com algumas horas, torna-se perceptível, o palpamento revela um volume tubular e há eliminação de muco com sangue.

A febre e a leucocitose apresentam-se tardiamente e estão associadas a maior possibilidade de necrose intestinal, nessa situação, sinais de alarme como prostração intensa, desidratação e choque devem ser encontrados e a confirmação de diagnóstico e o tratamento devem ser acelerados.

Como é diagnosticado?

Um raio-x de abdômen pode ser indicado para verificar obstrução intestinal ou gás intraperitoneal livre.

A última constatação implica que a perfuração intestinal já ocorreu.

Algumas instituições utilizam enema de ar para o diagnóstico, e o mesmo procedimento pode ser utilizado para tratamento.

Esta condição é mais incidente em crianças!

A incidência é maior até os 2 anos de vida, mormente dos 6 meses aos primeiro ano de idade.

A Intussuscepção ocorre com mais frequência em meninos do que em meninas, com uma proporção de aproximadamente 3:1.

Em adultos, representa a causa de cerca de 1% das obstruções intestinais e é frequentemente associada com neoplasia, maligna ou outra forma.

Cuidados de Enfermagem

  • Jejum de 12hs, para preparo cirúrgico;
  • Atentar ao cuidado com pacientes pediátricos (mais de 4-8hs de jejum- hipoglicemia);
  • Tricotomia da cartilagem xifóide ao púbis;
  • Irrigação Intestinal: Planejamento e controle da dieta;
  • Controle Hídrico;
  • Cuidados com as ostomias;
  • Redução da ansiedade;
  • Observar e comunica o aparecimento de sonolência excessiva, inquietação, agressividade, ansiedade ou confusão, cianose central e falta de ar em repouso;
  • Monitorização da frequência respiratória, intensidade e atentar para a ausculta de sons respiratórios adventícios;
  • Monitorar aparecimento de sinais e sintomas de sangramento gastrointestinal, como náusea, hematêmese, enterorragia, hematócritos ou hemoglobina reduzidos, hipotensão e taquicardia;
  • Assegurar que o paciente receba cuidados de analgesia;
  • Investigar com o paciente fatores que aliviam ou pioram a dor;
  • Avaliar com o paciente e a equipe, a eficácia de medidas de controle da dor que tem sido utilizadas;
  • Supervisionar a pele observando calor, cor, pulsos, textura;
  • Examinar vermelhidão, calor;
  • Monitorar áreas de vermelhidão e ruptura da pele;
  • Monitorar infecção, principalmente em áreas edemaciadas;
  • Supervisão da pele;
  • Monitorar áreas de ruptura da pele;
  • Prestar apoio emocional;
  • Inserir paciente em grupos de apoio;
  • Prestar assistência na auto modificação;
  • Promover ensino sobre o processo da doença.

Referências:

https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/sintomas-doencas-tratamentos/intussuscepcao/

http://revistas.ung.br/index.php/saude/article/view/2649

Doença Mão, Pé e Boca (DMPB)

A doença Mão, Pé, Boca (DMPB), em ingles “Hand, Foot and Mouth Disease – (HFMD)” é uma enfermidade contagiosa causada pelo vírus Coxsackie da família dos enterovírus que habitam normalmente o sistema digestivo e também podem provocar estomatites (espécie de afta que afeta a mucosa da boca).

Embora possa acometer também os adultos, ela é mais comum na infância, antes dos cinco anos de idade.

O nome da doença se deve ao fato de que as lesões aparecem mais comumente em mãos, pés e boca.

São sinais característicos da doença:

– febre alta nos dias que antecedem o surgimento das lesões;
– aparecimento, na boca, amídalas e faringe, de manchas vermelhas com vesículas branco-acinzentadas no centro que podem evoluir para ulcerações muito dolorosas;
– erupção de pequenas bolhas em geral nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas que pode ocorrer também nas nádegas e na região genital;
– mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia;
– por causa da dor, surgem dificuldade para engolir e muita salivação.

A transmissão se dá pela via fecal/oral, através do contato direto entre as pessoas ou com as fezes, saliva e outras secreções, ou então através de alimentos e de objetos contaminados.

Mesmo depois de recuperada, a pessoa pode transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente quatro semanas.

O período de incubação oscila entre um e sete dias. Na maioria dos casos, os sintomas são leves e podem ser confundidos com os do resfriado comum.

Tratamento:

Ainda não existe vacina contra a doença mão-pé-boca.

Em geral, como ocorre com outras infecções por vírus, ela regride espontaneamente depois de alguns dias. Por isso, na maior parte dos casos, tratam-se apenas os sintomas.

Medicamentos antivirais ficam reservados para os casos mais graves. O ideal é que o paciente permaneça em repouso, tome bastante líquido e alimente-se bem, apesar da dor de garganta.

Recomendações:

– nem sempre a infecção pelo vírus Coxsackie provoca todos os sintomas clássicos da síndrome. Há casos em que surgem lesões parecidas com aftas na boca ou as erupções cutâneas; em outros, a febre e a dor de garganta são os sintomas predominantes;
– alimentos pastosos, como purês e mingaus, assim como gelatina e sorvete, são mais fáceis de engolir;
– bebidas geladas, como sucos naturais, chás e água são indispensáveis para manter a boa hidratação do organismo, uma vez que podem ser ingeridos em pequenos goles;
– lembre-se sempre de lavar as mãos antes e depois de lidar com a criança doente, ou levá-la ao banheiro. Se ela puder fazer isso sozinha, insista para que adquira e mantenha esse hábito de higiene mesmo depois de curada;
– evitar, na medida do possível, o contato muito próximo com o paciente (como abraçar e beijar);
– cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir;
– manter um nível adequado de higienização da casa, das creches e das escolas;
– não compartilhar mamadeiras, talheres ou copos;
– afastar as pessoas doentes da escola ou do trabalho até o desaparecimento dos sintomas (geralmente 5 a 7 dias após início dos sintomas);
– lavar superfícies, objetos e brinquedos que possam entrar em contato com secreções e fezes dos indivíduos doentes com água e sabão e, após, desinfetar com solução de água sanitária diluída em água pura (1 colher de sopa de água sanitária diluída em 4 copos de água limpa);
– descartar adequadamente as fraldas e os lenços de limpeza em latas de lixo fechadas.

Medidas de Prevenção e Controle 

–  Ainda não existe vacina contra a doença mão-pé-boca. Medidas de prevenção e interrupção da cadeia de transmissão são importantes na Síndrome Mão-Pé-Boca:

  • As crianças e adultos que estiverem com sinais e/ou sintomas de SMPB não deverão frequentar escolas ou creches até recomendação médica para o retorno;
  • Lavar as mãos frequentemente com sabão e água, especialmente depois de trocar fraldas e usar o banheiro;
  • Limpar e desinfetar superfícies tocadas com frequência e itens sujos, incluindo brinquedos;
  • Evitar contato próximo, como beijar, abraçar ou compartilhar utensílios ou xícaras com pessoas com problemas de mãos, pés e boca;
  • Crianças devem ficar em casa, sem ir à escola, enquanto durar a infecção;
  • Lembre-se sempre de lavar as mãos antes e depois de lidar com a criança doente;
  •  Monitorar locais de maior risco (escolas, creches, clubes entre outros);
  • Todo o caso de DMPB deve ser encaminhado ao serviço de saúde para diagnóstico e orientações, quanto ao tratamento e controle;
  • Disponibilizar sabão líquido e papel toalha nas pias onde são realizadas a higienização das mãos das crianças e colaboradores e o álcool em gel em locais que não tem pia;
  • Orientar profissionais de saúde quanto às medidas de prevenção e controle da cadeia de transmissão, tratamento sintomático e notificação.

Como Notificar Doença:

Unidade de Saúde – Notificar a Secretaria Municipal de Saúde/Diretoria de Vigilância da Saúde/Centro de Investigação Estratégica em Vigilância da Saúde de seu estado – Através de modelo de planilha em anexo (Nota SMS)  e encaminhar para o e-mail responsável pela Secretaria de seu Estado;

Estabelecimentos de Ensino e creches – Notificar a Secretaria Municipal de Saúde/Diretoria de Vigilância da Saúde/Centro de Investigação Estratégica em Vigilância da Saúde de seu Estado;

Através do formulário disponível no link: http://formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=46734.

Na ocorrência de casos de síndrome de mão-pé-boca, todos os sintomáticos deverão ser orientados a procurar atendimento médico.

Referências:

1. About Hand, Foot, and Mouth Disease (HFMD). Disponível em: https://www.cdc.gov/handfoot-mouth/about/index.html (Acesso em 04/05/2019) – Organização Mundial de Saúde (OMS)

2. https://www.ufrgs.br/telessauders/perguntas/doenca-mao-pe-boca/ Núcleo do Telesaude da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Acesso em 04/05/2019)

3. Ficha de notificação SINAN. Disponível em http:// http://portalsinan.saude.gov.br/surto (Acesso em 04/05/2019)

4. Brasil. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Doença mão-pé-boca. Disponível em: http://bvs.saude.gov.br/dicas-em-saude/2739-doenca-mao-pe-boca. (Acesso em 04/05/2019)

Atresia Esofágica

A Atresia de Esôfago ou Atresia Esofágica (AE),  é uma anomalia da formação e separação do intestino anterior e primitivo em traqueia e esôfago, que ocorre na quarta ou quinta semana de desenvolvimento embriológico.

Há uma interrupção da luz esofagiana, podendo haver ou não comunicação entre este e a traqueia.

É a causa mais frequente de cirurgia torácica no recém nascido, com uma incidência de 1:3.000 nascidos e discreta predominância no sexo masculino e em brancos.

Os Principais Tipos de AE

Os principais tipos de atresia são:

  • AE isolada (AE sem fístulas),
  • AE com FTE proximal,
  • AE com FTE distal,
  • AE com FTE distal e proximal e
  • FTE isolada.

Como é diagnosticado?

Por dois métodos:

  • Pré-natal: Ultrassonografia;
  • Pós-natal: SNG e radiografia,

A ultrassonografia pré-natal de rotina pode sugerir atresia de esôfago. Pode haver polidrâmnio, mas não fornece o diagnóstico porque também pode estar em muitas outras doenças. A bolha gástrica do feto pode estar ausente, porém em < 50% dos casos. Menos frequentemente aparece uma bolsa dilatada na parte superior do esôfago, quase sempre no feto com polidrâmnio e sem a bolha gástrica.

Após o parto, uma sonda nasogástrica (SNG) é inserida se ultrassonografia ou achados clínicos pré-natal sugerirem atresia esofágica; o diagnóstico é sugerido pela incapacidade de inserir a sonda no estômago. Um cateter radiopaco determina a localização da atresia à radiografia. Em casos atípicos, pequena quantidade de contraste hidrossolúvel pode ser necessária para definir a anatomia sob fluoroscopia. O material contrastado deve ser rapidamente aspirado de volta porque sua penetração nos pulmões pode causar pneumonite química. Este procedimento deve ser realizado apenas por radiologista treinado no centro onde a cirurgia neonatal será feita.

As Associações com o AE

A associação de malformações a AE são comuns, ocorrendo em 50 a 70% dos casos.

As mais comuns são: cardíacas, gastrintestinais, genitourinárias e esquelética.

Também deve ser investigado anomalias cromossômicas e a Síndrome VACTER (Vertebral, Anorretal, Cardíaca, Traqueoesofágica, Renal), que é um conjunto de malformações associadas e acometem 10% das crianças com AE.

Os Sintomas

Os sintomas variam de acordo com a topografia acometida.

Há falha na tentativa de sondagem gástrica, impossibilidade de deglutição, ocorrendo salivação abundante e aerada.

Quando a AE estiver associada à fístula traqueal, haverá distensão gasosa abdominal, e quando não houver esta associação, haverá abdome escavado.

O Tratamento

Por meios cirúrgicos:

O procedimento pré-operatório tem por objetivo dar à criança ótimas condições para a cirurgia e prevenir pneumonia aspirativa, o que tornaria a correção cirúrgica mais perigosa.

A alimentação oral é suspensa. A sucção contínua com uma SNG na bolsa esofágica superior impede a aspiração da saliva deglutida.

O lactente deve adotar a posição em pronação com a cabeça elevada 30 a 40° e voltado para a direita, para facilitar o esvaziamento gástrico e minimizar os riscos de aspiração do ácido gástrico através da fístula.

Se houver necessidade de adiar a cirurgia em decorrência de prematuridade extrema, pneumonia aspirativa ou outra malformação congênita, uma sonda de gastrostomia é inserida para eliminar a compressão do estômago. A sucção através da gastrostomia reduz o risco de refluxo do conteúdo gástrico para a árvore traqueobrônquica, através da fístula.

Quando as condições do lactente se estabilizarem, poderão ser realizados reparação cirúrgica extrapleural da atresia e fechamento da fístula traqueoesofágica.

Ocasionalmente, poderá ser necessária a interposição de um segmento do colo entre os segmentos do esôfago.

As Complicações

As complicações agudas mais comuns são vazamentos no local da anastomose e na formação da estenose. Após cirurgia bem-sucedida, dificuldades alimentares são frequentes em razão da deficiente motilidade do segmento esofágico distal (até 85% dos casos) e que predispõe o lactente a RGE.

Essa baixa motilidade predispõe o recém-nascido ao refluxo gastroesofágico. Se o tratamento conservador para o refluxo falhar, pode ser necessária fundoplicadura de Nissen.

Os Cuidados de Enfermagem

Dentre os cuidados de enfermagem desenvolvidos no pré-operatório ao neonato destacam-se:

  • Elevar o decúbito;
  • Mantê-lo em jejum;
  • Realizar lavagem e aspiração contínua das secreções do coto esofágico superior com uma sonda;
  • Administrar antibióticos profiláticos;
  • Manter acesso venoso para suporte calórico;
  • Monitorar o neonato e avaliar o quadro respiratório;
  • Controlar balanço hídrico;
  • Procurar tranquilizar a criança e orientar os pais a participarem dos cuidados,
  • Mantendo-os informados sobre o progresso do seu filho.

Os cuidados de enfermagem no pós-operatório são os mesmos descritos no pré-operatório acrescentando:

  • O controle dos sinais vitais;
  • Aspiração das vias aéreas superiores e da cânula endotraqueal, verificando a sua fixação;
  • Cuidados com a gastrectomia, mantendo a sonda aberta e anotar o volume e características das secreções;
  • Administrar analgésicos CPM;
  • Suspensão do jejum atentar para a alimentação pela gastrectomia e/ou por via oral quando esta for instituída;
  • Não remover, nem ajustar a sonda gástrica;
  • Manter cuidado também com a esofagectomia se for o caso.

Sarampo e Rubéola: As Diferenças

Sarampo

Os primeiros anos de vida de uma criança ensinam muito aos pais, principalmente quando ocorre de ela ficar doente: acontece um verdadeiro intensivo de medo, preocupações, mas também muita aprendizagem. Por isso, é sempre bom estar atento aos sintomas dos principais problemas de saúde que atingem os pequenos para não ser pego de surpresa.

O Sarampo

sarampo é uma doença infecciosa aguda, viral, transmissível, extremamente contagiosa e muito comum na infância. Os sintomas iniciais apresentados pelo doente são: febre acompanhada de tosse persistente, irritação ocular e corrimento do nariz. Após estes sintomas, geralmente há o aparecimento de manchas avermelhadas no rosto, que progridem em direção aos pés, com duração mínima de três dias e máxima de dez dias. Além disso, pode causar infecção nos ouvidos, pneumonia, ataques (convulsões e olhar fixo), lesão cerebral e morte. Posteriormente, o vírus pode atingir as vias respiratórias, causar diarreias e até infecções no encéfalo. Acredita-se que estas complicações sejam desencadeadas pelo próprio vírus do sarampo que, na maior parte das vezes, atinge mais gravemente os desnutridos, os recém-nascidos, as gestantes e as pessoas portadoras de imunodeficiências.

Transmissão

A transmissão ocorre diretamente, de pessoa a pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respiração, por isso a facilidade de contágio da doença. Além de secreções respiratórias ou da boca, também é possível se contaminar através da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados como escolas e clínicas. A doença é transmitida na fase em que a pessoa apresenta febre alta, mal-estar, coriza, irritação ocular, tosse e falta de apetite e dura até quatro dias após o aparecimento das manchas vermelhas.

Prevenção

A suscetibilidade ao vírus do sarampo é geral e a única forma de prevenção é a vacinação. Apenas os lactentes cujas mães já tiveram sarampo ou foram vacinadas possuem, temporariamente, anticorpos transmitidos pela placenta, que conferem imunidade geralmente ao longo do primeiro ano de vida (o que pode interferir na resposta à vacinação). Com o reforço das estratégias de vacinação, vigilância e demais medidas de controle que vêm sendo implementadas em todo o continente americano desde o final dos anos 90, o Brasil e os demais países das Américas vêm conseguindo manter suas populações livres da doença. Atualmente, há o registro de casos importados que, se não forem adequadamente controlados, podem resultar em surtos e epidemias. Os principais grupos de risco são as pessoas de seis meses a 39 anos de idade. Dentre os adultos, os trabalhadores de portos e aeroportos, hotelaria e profissionais do sexo apresentam maiores chances de contrair sarampo, devido à maior exposição a indivíduos de outros países que não adotam a mesma política intensiva de controle da doença. As crianças devem tomar duas doses da vacina combinada contra rubéolasarampo e caxumba (tríplice viral): a primeira, com um ano de idade; a segunda dose, entre quatro e seis anos. Os adolescentes, adultos (homens e mulheres) e, principalmente, no contexto atual do risco de importação de casos, os pertencentes ao grupo de risco, também devem tomar a vacina tríplice viral ou dupla viral (contra sarampo e rubéola).

A Rubéola

A rubéola é uma doença aguda, benigna e contagiosa. A doença é conhecida como “sarampo alemão” ou sarampo de três dias. Apresenta este nome pelo aspecto avermelhado ou rubro do paciente. A doença é causada por vírus RNA (classificado como um Togavírus do gênero Rubivirus), que acomete crianças e adultos jovens, embora os médicos qualifiquem a doença como própria da infância.

A pessoa só pode ter rubéola uma vez, pois o próprio organismo infectado cria anticorpos que a protegem de outro ataque, tornando-a imune à doença.

Após um período de incubação, que varia de duas a três semanas, a doença mostra seus primeiros sinais característicos: febre baixa, surgimento de gânglios linfáticos e de manchas rosadas, que se espalham primeiro pelo rosto e depois pelo resto do corpo. A rubéola é comumente confundida com outras doenças, pois sintomas como dores de garganta e de cabeça são comuns a outras infecções, dificultando seu diagnóstico. Apesar de não ser grave, a rubéola é particularmente perigosa na forma congênita. Neste caso, pode deixar seqüelas irreversíveis no feto como: glaucoma, catarata, malformação cardíaca, retardo no crescimento, surdez e outras.

Transmissão

É causada por um vírus do gênero Rubivirus, o Rubella vírus. A rubéola é uma doença infecto-contagiosa que acomete principalmente crianças entre cinco e nove anos. A transmissão acontece de uma pessoa a outra, geralmente pela emissão de gotículas das secreções respiratórias dos doentes. É pouco freqüente a transmissão através do contato com objetos recém-contaminados por secreções de nariz, boca e garganta ou por sangue, urina ou fezes dos doentes. A rubéola congênita acontece quando a mulher grávida adquire rubéola e infecta o feto porque o vírus atravessa a placenta.

Prevenção

A imunidade é adquirida pela infecção natural ou por vacinação, sendo duradoura após infecção natural e permanecendo por quase toda a vida após a vacinação. Filhos de mães imunes geralmente permanecem protegidos por anticorpos maternos em torno de seis a nove meses após o nascimento. Para diminuir a circulação do vírus da Rubéola, a vacinação é essencial. As crianças devem tomar duas doses da vacina combinada contra rubéola, sarampo e caxumba (tríplice viral): a primeira, com um ano de idade; a segunda dose, entre quatro e seis anos.

Todos os adolescentes e adultos (homens e mulheres) também precisam tomar a vacina tríplice viral ou a vacina dupla viral (contra sarampo e rubéola), especialmente mulheres que não tiveram contato com a doença. Gestantes não podem ser vacinadas. As mulheres em idade fértil devem evitar a gestação por 30 dias após a vacinação. No caso de infecção, recomenda-se que a pessoa com rubéola (criança ou adulto) fique afastada de quem não contraiu a doença.

Varicela Vs. Herpes Zoster

Varicela

O vírus da varicela-zoster é o causador da famosa Catapora e também o Cobreiro (Herpes Zoster). A herpes-zóster é uma doença oportunista. Pouca gente sabe, mas o mal é resultado da reativação do vírus varicela-zóster, e é bem mais grave do que as pequenas lesões provocadas pelo Herpes simplex, aquelas pequenas bolhas que afetam as mucosas na herpes mais comum. E é muito contagioso.

A Varicela é geralmente uma infecção da infância que começa com um pródromo de febre, dor de cabeça e mal-estar, seguido de uma erupção vesicular generalizada (bolhas).

Caracteriza-se pelo aparecimento de pápulas e vesículas pruriginosas que evoluem para pústulas e crostas. As lesões geralmente começam no rosto e no couro cabeludo, espalhando-se para baixo do tronco e extremidades.

Em crianças saudáveis, a varicela é auto-limitada e requer apenas tratamento sintomático, como antitérmicos e anti-histamínicos orais.

A terapia antiviral deve ser considerada para pacientes com idade superior a 12 anos, pacientes imunossuprimidos e aqueles com distúrbios da pele ou doença pulmonar crônica.

O herpes zóster é uma erupção vesicular dolorosa que geralmente ocorre em adultos. Depois de afetar um paciente no início da vida, o vírus da varicela-zoster está adormecido nas raízes nervosas da medula espinhal ou do crânio, até a reativação ocorrer.

A erupção cutânea é unilateral e limitada a um ou mais dermátomos adjacentes. O gerenciamento inclui tratamento sintomático e terapia antiviral.

Cuidados de Enfermagem com Pacientes Infectados pela Varicela e Herpes Zoster

– Não aplicar pomadas nos locais infectados;
– Não furar as vesículas e orientar o paciente a evitar o mesmo;
– Medicar conforme prescrição médica;
– Medicar o paciente se o mesmo apresentar desconfortos como prurido intenso, dores, ou em estado febril, conforme prescrição médica;
– Aferir sinais vitais e observar possíveis desconfortos;
– Manter ambiente seco e calmo.

Doenças da Infância: Caxumba

Caxumba

A Caxumba ou Parotidite Epidêmica,  é uma infecção viral que afeta as glândulas parótidas – um dos três pares de glândulas que produzes saliva. As parótidas estão situadas entre suas orelhas e à frente delas. A caxumba é muito mais comum em crianças, e pode afetar uma das glândulas ou as duas.

Causas

A caxumba é causada por um vírus, que se espalha de pessoa para pessoa por meio de saliva infectada. Se você não tomou a vacina, pode contrair caxumba ao conversar muito próximo da pessoa infectada, beijá-la ou então compartilhar utensílios como talheres, copos e pratos.

Uma vez infectada com caxumba, a pessoa pode contaminar outros no período entre seis dias antes do início dos sintomas até cerca de 9 dias após início dos sintomas. O período de incubação (tempo até o início dos sintomas) pode ser de 14 a 25 dias, sendo mais comum ocorrer entre 16 a 18 dias.

O ser humano é o único hospedeiro natural da caxumba. Isso quer dizer que só é possível contrair pelo contato com outra pessoa infectada, não sendo possível contraí-la de animais ou plantas.

Sintomas de Caxumba

Algumas pessoas podem ter a doença sem apresentar qualquer sintoma, ou então sinais muito brandos da doença. Quando os sintomas de caxumba se desenvolvem, eles usualmente aparecem após duas ou três semanas do contato com o vírus. O primeiro e mais importante sintoma é o inchaço das glândulas salivares. Outros sintomas incluem:

  • Inchaço e dor nas glândulas salivares (paroditite), podendo ser em ambos os lados ou em apenas um deles;
  • Febre;
  • Dor de cabeça;
  • Fadiga e fraqueza;
  • Perda de apetite;
  • Dor ao mastigar e engolir.

Diagnóstico de Caxumba

Caso haja suspeita de caxumba, o medico coleta uma amostra de sangue para investigar a presença da doença. Isso porque seu sistema imunológico produz anticorpos para combater a infecção, e estes circulam pelo seu sangue. Então, se você tem caxumba, o exame de sangue irá mostrar que os anticorpos estão sendo produzidos para combater o vírus.

Após receber o diagnóstico de caxumba, você pode querer fazer algumas perguntas e tirar suas dúvidas. Seguem algumas sugestões:

  • Que tipo de tratamento que você recomendaria?
  • Em quanto tempo os sintomas devem melhorar?
  • Existem remédios caseiros cuidados que poderiam ajudar a aliviar os sintomas?
  • Por quanto tempo a criança pode transmitir a doença?
  • O que fazer para reduzir o risco de infectar outras pessoas?.

Na consulta médica

Consulte um médico caso seu filho apresente sinais de caxumba. Fazer uma lista com algumas informações pode ajudar no diagnóstico:

  • Histórico de sintomas, incluindo quando eles começaram e qual sua gravidade
  • Se a criança foi exposta recentemente a alguém infectado
  • Outros problemas de saúde que a criança tenha
  • Medicamentos ou suplementos que ela esteja tomando.

O medico também fará uma série de questões, e estar preparado para respondê-las pode ajudar a agilizar a consulta e otimizar o tempo:

  • Quais são os sintomas? Quando eles começaram?
  • Eles ficaram melhores ou piores com o tempo?
  • Há sinais de dor abdominal ou nos testículos?
  • Outras pessoas à sua volta estão apresentando os mesmos sintomas ou sentira a mesma coisa semanas atrás?
  • A criança está vacinada?
  • Ela foi tratada recentemente para alguma doença? Quais medicações recebeu?
  • Ela possui alguma condição médica crônica?
  • A criança precisa tomar algum medicamento ou suplemento contínuo? Qual?
  • Ela frequenta a escolar ou creche?
  • Você está grávida ou amamentando?.

Enquanto você espera um diagnostico, pode fazer compressas e usar medicamentos para aliviar a dor, como ibuprofeno e paracetamol. Entretanto, não dê aspirina para a criança, uma vez que esse medicamento associado a infecções virais pode aumentar o risco de Síndrome de Reye em crianças e adolescentes.

Tratamento de Caxumba

Assim como a maioria das infecções virais, a caxumba é tratada naturalmente pelo organismo. Felizmente, a maioria dos adultos e crianças se recupera da caxumba sem grandes complicações em duas semanas.

De forma geral, você não é considerado mais contagioso uma semana após o diagnóstico e pode retornar as atividades cotidianas.

Após a doença ser curada, a pessoa é considerada imune à caxumba.

Complicações possíveis

As complicações da caxumba são potencialmente sérias, mas raras. A maioria das complicações da caxumba envolvem inflamação e inchaço em alguma parte do corpo, tais como:

  • Testículos
  • Pâncreas, causando náusea a vômitos
  • Ovários e seios
  • Cérebro, podendo se tornar grave
  • Meningite, que pode ocorrer se o vírus da caxumba se espalha através de sua corrente sanguínea para infectar o seu sistema nervoso central.

Outras complicações incluem:

  • Perda de audição em um ou ambos os ouvidos, em casos raros
  • Complicações fetais, caso uma mulher grávida contraia a doença no primeiro trimestre de gestação.

Chame o seu médico se a criança se desenvolve:

  • Febre de 39 C ou maior
  • Problemas para comer ou beber
  • Confusão ou desorientação
  • Dor abdominal
  • Dor e inchaço dos testículos.

Convivendo/ Prognóstico

Se você ou seu filho tem caxumba, o tempo e o repouso são os melhores tratamentos. Você pode tomar algumas medidas para aliviar a dor e desconforto e evitar que a doença se espalhe:

  • Fique na cama até que a febre vá embora
  • Mantenha você ou seu filho em isolamento para evitar que a doença seja transmitida a outras pessoas
  • Em caso de dor, algum medicamento analgésico, como paracetamol
  • Faça uma compressa quente ou fria para aliviar a dor
  • Evite alimentos que exigem muita mastigação. Em vez disso, tente sopas ou alimentos macios, como purê de batata
  • Evite alimentos ácidos, como frutas cítricas ou sucos, que estimulam a produção de saliva
  • Beba muitos líquidos.

Cuidados de Enfermagem em Âmbito Hospitalar

– Colocar o paciente em isolamento respiratório conforme protocolo de CCIH;
– Manter repouso no leito;
– Fazer higiene oral e gargarejo frequente;
– Administrar dieta pastosa devido a dieta para mastigar;
– Observar presença de orquite e ooforite;
– Fazer controle freqüente de temperatura;
– Observar e comunicar sinais de alterações no comportamento;
– Manter precauções respiratórias, principalmente máscara e luvas, durante o período de transmissão.

Por que o Brasil voltou a ter surtos de caxumba?

No Brasil, a vacina contra caxumba faz parte do calendário obrigatório de vacinação desde 1992, com as vacinas tríplice viral e tetra viral. Até 2006, porém, a vacina tríplice viral, que protege contra caxumba, sarampo e rubéola, era aplicada em apenas uma dose. Mas a imunização contra a doença requer duas – hoje, ela é aplicada duas vezes em pessoas até 19 anos. Por isso, parte da população não está imunizada.

Por que há surtos mesmo com a vacinação?

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, a eficácia de uma dose da vacina contra caxumba é de 66% e, de duas doses, 88%. A eficácia é calculada comparando-se a incidência da doença em populações vacinadas e não vacinadas. Entre a população que não é vacinada, muito mais pessoas ficam doentes se expostas ao vírus. Isso não significa que não possa haver contágio entre as pessoas que se vacinaram – essa chance existe – mas ela é estatisticamente muito menor. Por exemplo: imagine um grupo de 1.000 pessoas, das quais 950 receberam a vacina e 50, não. Do grupo vacinado, 29 pessoas (ou seja, 3%) podem ficar doentes. Do grupo não vacinado, o número chega a 15 (ou seja, 30%)  A incidência da doença entre quem não foi vacinado, portanto, é muito maior. Se ninguém fosse vacinado, o número de casos total poderia ser dez vezes superior.

Essa é a projeção do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), que explica porque surtos acontecem mesmo em populações vacinadas. Segundo o CDC, surtos podem ocorrer em qualquer época do ano. Ambientes cheios, como transporte público, dormitórios coletivos e salas de aula são ambientes propícios para a propagação da doença.