Meningite: A Inflamação Agressiva que Exige Ação Imediata

A Meningite é uma condição que causa pânico instantâneo em qualquer serviço de saúde, e com razão. Não é apenas uma infecção; é a inflamação das meninges – as membranas protetoras que envolvem o cérebro e a medula espinhal.

Por estar tão perto do Sistema Nervoso Central (SNC), a meningite pode progredir rapidamente para danos cerebrais, perda auditiva, sequelas neurológicas graves ou até mesmo a morte, muitas vezes em questão de horas.

Para nós, estudantes e profissionais de enfermagem, o conhecimento e a vigilância são as ferramentas mais poderosas contra essa doença. Saber reconhecer os sinais e agir na “hora de ouro” é o que salva vidas.

O que é meningite?

Meningite é a inflamação das meninges — as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Essas membranas são essenciais para proteger o sistema nervoso central contra traumas e infecções. Quando há uma inflamação, ocorre acúmulo de células, proteínas e outras substâncias no líquido cefalorraquidiano (LCR), o que pode comprometer a função neurológica.

A meningite pode ter diferentes causas: bactérias, vírus, fungos, protozoários ou até processos não infecciosos, como traumas, tumores ou reações a medicamentos.

O Que Acontece? Entendendo a Inflamação

A meningite é causada, na maioria das vezes, por vírus ou bactérias que invadem a corrente sanguínea e chegam ao líquido cefalorraquidiano (LCR) e, consequentemente, às meninges.

Meningite Bacteriana (A Forma Mais Grave)

  • Agentes Comuns: Neisseria meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e Haemophilus influenzae.
  • Velocidade: É a forma mais perigosa e de progressão mais rápida. Ocorre uma inflamação intensa que pode levar à sepse, choque e coagulação intravascular disseminada (CIVD), especialmente no caso do meningococo.
  • Tratamento: É uma emergência! Requer internação imediata e antibioticoterapia intravenosa de amplo espectro em altas doses.

Meningite Viral (A Mais Comum e Geralmente Leve)

  • Agentes Comuns: Enterovírus (a causa mais frequente), vírus do herpes (raro, mas grave) e vírus da caxumba.
  • Velocidade: Geralmente tem um curso mais brando e é autolimitada. É a mais comum, mas raramente fatal em pessoas com bom sistema imunológico.
  • Tratamento: Não existe tratamento específico para o vírus (a menos que seja o Herpes), o foco é no suporte (hidratação, controle da dor e da febre).

Meningite fúngica

Essa forma é mais rara e costuma ocorrer em pacientes com imunossupressão, como aqueles com HIV/Aids, neoplasias, uso prolongado de corticóides ou outros fatores que comprometem a imunidade. O tratamento é prolongado, com antifúngicos específicos, e a resposta depende bastante da imunidade do paciente.

Outras meningites (parasitária, não infecciosa)

Também existem meningites causadas por parasitas (protozoários) ou por processos não infecciosos, como traumas, tumores ou reações autoimunes ou a determinadas drogas. Essas formas são menos comuns, mas não devem ser esquecidas no raciocínio diagnóstico.

Epidemiologia no Brasil

No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica, com casos esperados ao longo do ano. Observa-se uma sazonalidade: as meningites bacterianas têm maior incidência durante o outono e inverno, e as virais tendem a aparecer mais na primavera e no verão.

Segundo dados recentes, a doença meningocócica (causada por Neisseria meningitidis) tem grande importância epidemiológica. Além disso, o Brasil lançou um plano nacional para combater as meningites até 2030, com metas ambiciosas de redução de mortalidade e controle de casos preveníveis por vacina.

Sinais Clássicos: A Tríade da Suspeita

Os sintomas iniciais da meningite podem se parecer com uma gripe, mas evoluem rapidamente para a tríade clássica que exige nossa alerta máximo:

  1. Cefaleia Intensa: Uma dor de cabeça súbita e excruciante, diferente de qualquer dor comum.
  2. Febre Alta: Acompanhada de calafrios.
  3. Rigidez de Nuca (Sinal de Kernig e Brudzinski): O paciente tem dificuldade ou dor intensa ao tentar encostar o queixo no peito. Este é o sinal mais característico da irritação meníngea.
  • Em Bebês e Recém-Nascidos: Os sinais podem ser inespecíficos: irritabilidade extrema, sonolência excessiva, choro inconsolável, recusa alimentar e, o sinal mais físico, a fontanela (moleira) abaulada e tensa.
  • Sinal de Alerta: A presença de petéquias (pequenas manchas vermelhas ou roxas na pele que não desaparecem à pressão) sugere infecção meningocócica e sepse.

O Diagnóstico: A Punção Lombar

O diagnóstico definitivo é feito pela análise do Líquido Cefalorraquidiano (LCR), obtido através da Punção Lombar (PL).

Aspecto do LCR

    • Bacteriana: LCR turvo, alto número de leucócitos (neutrófilos), glicose baixa e proteínas altas.
    • Viral: LCR claro, leucócitos moderados (linfócitos), glicose normal.
  • Cuidados de Enfermagem na PL: Auxiliar o médico no posicionamento do paciente (posição fetal), garantir a técnica asséptica rigorosa e monitorar o paciente após o procedimento para detectar cefaleia pós-punção (que pode ocorrer).

Outros diagnósticos

  • Anamnese e exame físico: levantando histórico clínico, sinais neurológicos, febre, rigidez de nuca, entre outros.
  • Exames laboratoriais: punção lombar para coletar o líquido cefalorraquidiano (LCR) é fundamental. No LCR, analisa-se célula (contagem), glicose, proteínas, cultura, gram, PCR, dependendo do agente suspeito.
  • Hemocultura: pode identificar a bactéria em cultura sanguínea.
  • Exames de imagem: em alguns casos, pode-se fazer tomografia ou ressonância para verificar se há contraindicação à punção lombar ou se há complicações.
  • Notificação: no Brasil, todos os casos suspeitos ou confirmados de meningite devem ser notificados ao sistema de vigilância, conforme orientações do Ministério da Saúde.

Tratamento

O tratamento depende do tipo de meningite:

  • Meningite bacteriana: é emergencial. Antibióticos de largo espectro são iniciados o mais rápido possível, muitas vezes antes mesmo da confirmação do agente, porque cada hora conta para diminuir o risco de morte ou sequelas. Corticosteroides, como a dexametasona, podem ser usados em alguns protocolos para reduzir a inflamação e prevenir complicações neurológicas.
  • Meningite viral: como já mencionado, na maioria dos casos o manejo é de suporte — hidratação, controle de febre, monitoramento neurológico, repouso. Se o vírus identificado for, por exemplo, um herpesvírus, pode haver tratamento antiviral.
  • Meningite fúngica: o tratamento é prolongado, com antifúngicos específicos, e costuma exigir internação para monitorização. A resposta depende bastante da imunidade do paciente.
  • Outros tipos: no caso parasitário ou não infeccioso, o tratamento será dirigido conforme a causa — pode haver antiparasitários, terapia imunossupressora, cirurgia, dentre outras abordagens, de acordo com o diagnóstico.

Além disso, é importante o suporte clínico: reposição de fluidos, evitar hipertensão intracraniana, controlar convulsões se surgirem, tratar febre, entre outras medidas.

Prevenção

Como estudante de enfermagem, é importante estar atento à prevenção da meningite, especialmente das formas bacterianas mais perigosas:

  • Vacinação: no Brasil, há vacinas disponibilizadas no Programa Nacional de Imunizações (PNI) para prevenir alguns tipos de meningite bacteriana. Por exemplo, a vacina meningocócica C conjugada, a meningocócica ACWY, a vacina pneumocócica (contra Streptococcus pneumoniae) e a pentavalente (inclui Haemophilus influenzae tipo b).
  • Quimioprofilaxia: em contatos próximos com casos de meningite meningocócica, pode ser indicado antibiótico preventivo
  • Higiene e controle de transmissão: como a bactéria pode se transmitir por gotículas respiratórias, a higiene das mãos, evitar compartir talheres ou objetos pessoais em surtos, e adotar boas práticas de saúde pública são medidas relevantes. Além disso, há políticas de saúde pública para aumentar a cobertura vacinal e reduzir a mortalidade. No Brasil, por exemplo, foi lançado o Plano Nacional para derrotar as meningites até 2030.

Cuidados de Enfermagem na Meningite

A enfermagem desempenha um papel central no manejo de pacientes com meningite, desde a admissão até a alta (ou alta para ambulatório, quando aplicável). Aqui estão os principais cuidados e responsabilidades:

Admissão e monitorização

Quando o paciente chega ao serviço com suspeita de meningite, a enfermagem deve:

  • Avaliar sinais vitais imediatamente e com frequência, porque a instabilidade hemodinâmica pode ocorrer.
  • Observar o nível de consciência, usando escalas como a Glasgow, para detectar alterações neurológicas rapidamente.
  • Avaliar a presença de rigidez de nuca e outros sinais meníngeos.
  • Preparar e apoiar a punção lombar, garantindo assepsia, cuidados de conforto ao paciente, explicando o procedimento (se possível) e monitorando após a coleta.

Administração de medicamentos

  • Administrar os antibióticos prescritos para meningite bacteriana, conforme ordem médica. Verificar os horários, doses, compatibilidades e reações adversas.
  • Se forem prescritos corticosteroides, garantir sua administração no tempo correto para maximizar o benefício fisiológico.
  • Prover analgésicos e antipiréticos para alívio da dor de cabeça e da febre.
  • Em caso de tratamento antiviral ou antifúngico, acompanhar os regimes de medicamentos e monitorar efeitos colaterais.

Suporte geral

  • Manter hidratação: verificar balanço hídrico, peso, ingestão e eliminação de líquidos.
  • Controlar a temperatura corporal: orientar resfriamento, administrar antipiréticos, monitorar para sinais de hipertermia ou hipotermia.
  • Monitorar sinais de aumento da pressão intracraniana: avaliação neurológica frequente, observação de pupilas, dor de cabeça, vômitos, alterações no nível de consciência. Se houver suspeita de hipertensão intracraniana, comunicar rapidamente a equipe médica.
  • Garantir repouso adequado, em ambiente calmo, escuro ou com luz baixa, para reduzir a fotofobia e o desconforto.
  • Prevenir complicações: por exemplo, risco de convulsão, de trombose por imobilização, de úlceras de pressão, de pneumonia por aspiração (se o nível de consciência estiver alterado).

Educação e suporte ao paciente e à família

  • Orientar o paciente (e a família) sobre o diagnóstico, a importância do tratamento, os riscos de complicações e a evolução esperada.
  • Explicar a necessidade de isolamento, se houver, e as medidas que devem ser seguidas para evitar a transmissão (dependendo do agente).
  • Incentivar a adesão ao tratamento e ao seguimento ambulatorial, quando houver alta hospitalar.
  • Envolver a família no monitoramento: ensinar sinais de alerta que indicam piora, como convulsões, sonolência excessiva, febre persistente, vômitos intensos, confusão.

Alta e seguimento

  • Participar da elaboração do plano de alta, garantindo que o paciente (ou a família) entenda a medicação, o acompanhamento ambulatorial, a necessidade de reavaliações neurológicas.
  • Encaminhar para reabilitação, se houver sequelas neurológicas (como déficit motor, auditivo, cognitivo), e interagir com fisioterapeutas, fonoaudiólogos e outros profissionais.
  • Registrar tudo no prontuário: anotações de evolução neurológica, administração de medicamentos, complicações e educação ao paciente/família.

Possíveis complicações e sequelas

A meningite, especialmente a bacteriana, pode deixar sequelas sérias se não tratada rapidamente ou ainda, apesar do tratamento. Entre as complicações mais comuns estão:

  • Hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro)
  • Convulsões
  • Déficits neurológicos: por exemplo, surdez, dificuldades motoras, déficit cognitivo
  • Abscessos cerebrais
  • Síndrome de Waterhouse-Friderichsen (em meningococcemia): insuficiência adrenal aguda devido à hemorragia nas glândulas suprarrenais
  • Morte, se o tratamento for tardio ou se o paciente desenvolver choque séptico

Por isso, a atuação da enfermagem no diagnóstico precoce, intervenção, monitoramento e educação é vital para minimizar esses riscos.

A meningite é uma condição grave que demanda rapidez no diagnóstico e na intervenção. Como futura enfermeira ou enfermeiro, você terá um papel essencial tanto na fase aguda quanto na recuperação e na prevenção. Entender os diferentes tipos — bacteriana, viral, fúngica —, conhecer os sinais, saber os cuidados de enfermagem e colaborar nas estratégias de prevenção é fundamental para salvar vidas e reduzir danos.

A vacinação, a vigilância epidemiológica e a notificação são ferramentas poderosas para prevenir surtos e proteger populações vulneráveis. E no dia a dia hospitalar, a vigilância da enfermagem, o manejo adequado e o suporte ao paciente e à família são pilares para um atendimento eficaz.

Referências:

  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Meningites Bacterianas Agudas: Diagnóstico e Manejo. Disponível em: https://www.sbp.com.br/. (Buscar diretrizes mais recentes sobre manejo e vacinação).
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância Epidemiológica das Meningites. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svsa/dathi/publicacoes/manual-de-vigilancia-epidemiologica-das-meningites.
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. “Meningite”. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/m/meningite.
  4.  MANUAL MSD. “Meningite bacteriana aguda”. Versão para saúde familiar. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,%20da%20medula%20espinhal%20e%20dos%20nervos/meningite/meningite-bacteriana-aguda.
  5. COFEN. “Plano Nacional para derrotar as meningites até 2030 visa reduzir óbitos em 70%”. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/plano-nacional-para-derrotar-as-meningites-ate-2030-visa-reduzir-casos-em-50-e-obitos-em-70/.
  6. TUA SAÚDE. “Meningite: o que é, tipos, sintomas e tratamento”. Disponível em: https://www.tuasaude.com/meningite/.
  7. CENTRO DE NEUROLOGIA E NEUROCIRURGIA OSWALDO CRUZ. “Meningite”. Disponível em: https://www.hospitaloswaldocruz.org.br/centro-especializado/neurologia-e-neurocirurgia/meningite/. SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS. “Meningite”. Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/meningite.
  8. BRASIL. Ministério da Saúde. Informe epidemiológico – meningite. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/m/meningite/situacao-epidemiologica/dados-epidemiologicos/informe-meningite.pdf.

Níveis de Consciência

Os níveis de consciência são uma medida importante da função cerebral e podem fornecer informações valiosas sobre a saúde e o bem-estar de uma pessoa. Existem cinco níveis principais de consciência: alerta, sonolência, obnubilação, torpor e coma.

O que é Nível de Consciência?

O nível de consciência se refere ao estado mental de um indivíduo, ou seja, sua capacidade de perceber e responder ao ambiente. Ele varia desde o estado de alerta total até o coma profundo. A avaliação precisa desse estado é fundamental para o diagnóstico e acompanhamento de diversas condições médicas.

Os Principais Níveis de Consciência

Alerta

As pessoas que estão alertas estão totalmente conscientes de seu ambiente e podem responder de maneira apropriada a estímulos. Elas estão orientadas no tempo e no espaço e podem se comunicar efetivamente.

Sonolência

As pessoas que estão sonolentas podem estar com os olhos fechados e podem adormecer facilmente. Elas podem responder a estímulos, mas podem estar um pouco lentas ou confusas.

Obnubilação

As pessoas que estão obnubiladas estão mais confusas e podem ter dificuldade em responder a estímulos. Elas podem ter dificuldade em se concentrar e podem não estar orientadas no tempo e no espaço.

Torpor

As pessoas que estão em torpor estão muito confusas e podem não responder a estímulos. Elas podem ter dificuldade em abrir os olhos ou mover os membros.

Coma

As pessoas que estão em coma estão inconscientes e não respondem a estímulos. Elas não podem abrir os olhos, mover os membros ou falar.

Fatores que podem afetar os níveis de consciência

Vários fatores podem afetar os níveis de consciência, incluindo:

  • Idade: Os níveis de consciência tendem a diminuir com a idade.
  • Medicamentos: Alguns medicamentos podem afetar os níveis de consciência.
  • Álcool e drogas: O consumo excessivo de álcool e drogas pode afetar os níveis de consciência.
  • Lesão na cabeça: Uma lesão na cabeça pode afetar os níveis de consciência.
  • Doenças: Algumas doenças, como derrame e infecção, podem afetar os níveis de consciência.
  • Traumatismos cranioencefálicos: Acidentes automobilísticos, quedas e lesões esportivas.
  • Doenças cerebrovasculares: Acidentes vasculares cerebrais (AVC), hemorragias cerebrais.
  • Tumores cerebrais: Crescimento anormal de células no cérebro.
  • Infecções do sistema nervoso central: Meningite, encefalite.
  • Distúrbios metabólicos: Hipoglicemia, hiponatremia.

Como avaliar os níveis de consciência?

Existem diversas escalas para avaliar o nível de consciência, sendo a Escala de Coma de Glasgow (ECG) a mais utilizada. A ECG avalia três parâmetros: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora, atribuindo uma pontuação para cada um. A soma dessas pontuações resulta em um escore total, que indica o nível de consciência do paciente.

O que fazer se alguém estiver com os níveis de consciência alterados?

Se você estiver preocupado com o nível de consciência de alguém, é importante procurar ajuda médica imediatamente. Os profissionais de saúde podem avaliar a pessoa e determinar a causa do problema.

Cuidados de Enfermagem

Os cuidados de enfermagem para pacientes com alterações no nível de consciência variam de acordo com o estado clínico do paciente. No entanto, algumas medidas são comuns a todos os casos:

  • Monitorização contínua: É fundamental monitorar os sinais vitais, o nível de consciência e a resposta a estímulos.
  • Posicionamento adequado: O paciente deve ser posicionado de forma a garantir a permeabilidade das vias aéreas e prevenir o desenvolvimento de úlceras por pressão.
  • Higiene: A higiene oral e corporal deve ser realizada com frequência para prevenir infecções.
  • Nutrição e hidratação: A nutrição e a hidratação adequadas são essenciais, podendo ser realizadas por via oral, nasoenteral ou parenteral.
  • Prevenção de complicações: É importante prevenir complicações como trombose venosa profunda, pneumonia associada à ventilação mecânica e úlceras por pressão.
  • Comunicação com a família: A comunicação clara e objetiva com a família é fundamental para oferecer suporte emocional e esclarecer dúvidas.

Referências:

  1. SOUSA, L. O.; SILVA, M. A.; SANTOS, J. F. Avaliação do nível de consciência em pacientes com traumatismo cranioencefálico. Revista Brasileira de Enfermagem, São Paulo, v. 65, n. 2, p. 254-260, abr./jun. 2012.
  2. GONÇALVES, Ricardo. Graus de consciência: quais são e como são classificados. ABCMed, 14 abr. 2023. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1476555/graus-de-consciencia-quais-sao-e-como-sao-classificados.htm&gt;.

AVC Isquêmico, Hemorrágico e Transitório: As diferenças

Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre quando o suprimento de sangue para o cérebro é interrompido, causando danos às células cerebrais. Existem três tipos principais de AVC, cada um com suas características distintas:

AVC Isquêmico

  • Causa: Ocorre devido a um bloqueio em uma artéria que leva sangue ao cérebro, geralmente por um coágulo sanguíneo.
  • Sintomas: Os sintomas são semelhantes aos outros tipos de AVC, incluindo fraqueza ou paralisia em um lado do corpo, dificuldade para falar, visão turva e confusão.
  • Tratamento: O tratamento geralmente envolve medicamentos para dissolver o coágulo, como o ativador do plasminogênio tecidual (t-PA). Em alguns casos, pode ser necessária uma cirurgia para remover o coágulo.

AVC Hemorrágico

  • Causa: Ocorre quando um vaso sanguíneo no cérebro se rompe, causando sangramento dentro do tecido cerebral.
  • Sintomas: Os sintomas são semelhantes ao AVC isquêmico, mas a dor de cabeça súbita e intensa é mais comum.
  • Tratamento: O tratamento depende da localização e da gravidade do sangramento. Pode envolver medicamentos para controlar a pressão arterial, cirurgia para reparar o vaso sanguíneo ou procedimentos para drenar o sangue.

Ataque Isquêmico Transitório (AIT)

  • Causa: Também chamado de “mini AVC”, ocorre quando o fluxo sanguíneo para o cérebro é temporariamente interrompido, geralmente por um coágulo pequeno que se dissolve rapidamente.
  • Sintomas: Os sintomas são os mesmos do AVC, mas duram menos de 24 horas e geralmente desaparecem completamente.
  • Importância: Embora os sintomas sejam temporários, o AIT é um sinal de alerta para um possível AVC futuro. É crucial procurar atendimento médico imediatamente.

Em resumo:

Característica AVC Isquêmico AVC Hemorrágico AIT
Causa Bloqueio de uma artéria Ruptura de um vaso sanguíneo Bloqueio temporário de uma artéria
Sintomas Fraqueza, dificuldade para falar, visão turva, confusão Semelhantes ao AVC isquêmico, mas com dor de cabeça intensa Semelhantes ao AVC, mas duram menos de 24 horas
Tratamento Medicamentos para dissolver o coágulo, cirurgia Medicamentos, cirurgia, drenagem Não há tratamento específico, mas é importante procurar atendimento médico

É fundamental lembrar que o tempo é crucial no tratamento do AVC. Quanto mais rápido o paciente receber atendimento médico, maiores são as chances de recuperação.

Referência:

  1. Rede D´Or

Tudo sobre a Neuralgia do Trigêmeo

A neuralgia do trigêmeo é uma condição dolorosa que afeta o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da face. Essa condição se caracteriza por dores intensas e repentinas, que podem ser descritas como choques elétricos ou facadas. A dor geralmente se concentra em uma área específica do rosto, como a bochecha, queixo ou testa.

O que causa a neuralgia do trigêmeo?

A causa exata da neuralgia do trigêmeo nem sempre é conhecida, mas a principal causa identificada é a compressão do nervo trigêmeo por um vaso sanguíneo. Essa compressão pode causar inflamação e irritação do nervo, levando às dores características.

Outras possíveis causas incluem:

  • Esclerose múltipla: Uma doença autoimune que ataca o sistema nervoso central.
  • Tumores: Tanto no cérebro quanto nos nervos cranianos.
  • Infecções: Como herpes zoster.
  • Trauma: Lesões na cabeça ou rosto.

Quais são os sintomas da neuralgia do trigêmeo?

Os principais sintomas da neuralgia do trigêmeo são:

  • Dores intensas e repentinas: As crises podem durar de alguns segundos a alguns minutos.
  • Gatilhos: A dor pode ser desencadeada por atividades como mastigar, falar, escovar os dentes ou até mesmo uma brisa leve no rosto.
  • Áreas afetadas: A dor geralmente se concentra em uma das três divisões do nervo trigêmeo: oftálmica (testa e olho), maxilar (bochecha) ou mandibular (queixo e lábios).

Como a neuralgia do trigêmeo é diagnosticada?

O diagnóstico da neuralgia do trigêmeo é feito por um neurologista, com base nos sintomas relatados pelo paciente e em exames complementares, como:

  • Ressonância magnética: Para identificar a compressão do nervo por um vaso sanguíneo ou outras possíveis causas.
  • Tomografia computadorizada: Pode ser utilizada para avaliar a estrutura óssea e identificar possíveis lesões.

Tratamentos para a neuralgia do trigêmeo

O tratamento da neuralgia do trigêmeo varia de acordo com a gravidade dos sintomas e a causa da doença. As opções de tratamento incluem:

  • Medicamentos:
    • Carbamazepina e gabapentina: Os medicamentos mais utilizados para controlar a dor.
    • Outros medicamentos: Baclofeno, oxcarbazepina, pregabalina, etc.
  • Tratamentos minimamente invasivos:
    • Injeções de botox: A toxina botulínica pode bloquear a transmissão dos sinais de dor.
    • Radiofrequência: Um procedimento que utiliza ondas de rádio para destruir as fibras nervosas que transmitem a dor.
  • Cirurgia:
    • Descompressão microvascular: Um procedimento cirúrgico para aliviar a compressão do nervo trigêmeo por um vaso sanguíneo.
    • Rizotomia: Um procedimento que destrói as raízes do nervo trigêmeo para interromper a transmissão da dor.

Cuidados de Enfermagem

Avaliação da dor:

    • Utilizar escalas de dor adequadas para monitorar a intensidade e frequência das crises dolorosas.
    • Identificar os fatores desencadeantes da dor (estímulos táteis, mastigação, fala).
    • Avaliar a eficácia dos medicamentos e outras intervenções para o controle da dor.

Administração de medicamentos:

    • Administrar os medicamentos prescritos pelo médico, como analgésicos, anticonvulsivantes e outros, de acordo com a prescrição médica.
    • Monitorar os efeitos colaterais dos medicamentos.

Promoção do conforto:

    • Criar um ambiente tranquilo e calmo para o paciente.
    • Auxiliar em atividades de higiene e conforto.
    • Ensinar técnicas de relaxamento e distração para ajudar a aliviar a dor.

Orientações sobre autocuidado:

    • Ensinar o paciente a identificar e evitar os fatores desencadeantes da dor.
    • Orientar sobre a importância de uma dieta leve e macia durante as crises dolorosas.
    • Incentivar a prática de atividades físicas leves, como caminhadas, quando a dor estiver controlada.

Promoção da saúde bucal:

    • Orientar sobre a importância da higiene bucal adequada, pois problemas dentários podem desencadear crises de dor.

Suporte psicológico:

    • Oferecer escuta ativa e empatia ao paciente e sua família.
    • Encaminhar para acompanhamento psicológico, se necessário.

Educação sobre a doença:

    • Explicar a fisiopatologia da neuralgia do trigêmeo de forma clara e concisa.
    • Informar sobre as opções de tratamento disponíveis, incluindo medicamentos, terapias e procedimentos cirúrgicos.
    • Esclarecer dúvidas sobre a doença e o tratamento.

Diagnósticos de enfermagem:

  • Dor crônica relacionada à neuralgia do trigêmeo.
  • Déficit no autocuidado relacionado à fadiga e à dor.
  • Ansiedade relacionada ao diagnóstico e à dor crônica.
  • Distúrbio do sono relacionado à dor e ao desconforto.

Intervenções de enfermagem:

  • Administrar analgésicos de acordo com a prescrição médica.
  • Ensinar técnicas de relaxamento e distração.
  • Promover um ambiente tranquilo e livre de estímulos.
  • Auxiliar o paciente em atividades de higiene e conforto.
  • Orientar sobre a importância de uma dieta leve e macia.
  • Estimular a prática de atividades físicas leves.
  • Oferecer suporte emocional ao paciente e sua família.
  • Encaminhar para acompanhamento psicológico, se necessário.

Qual é o prognóstico da neuralgia do trigêmeo?

O prognóstico da neuralgia do trigêmeo varia de caso para caso. Com o tratamento adequado, a maioria dos pacientes experimenta alívio da dor. No entanto, a doença pode ser crônica e exigir tratamento contínuo.

Importante: É fundamental buscar atendimento médico especializado para um diagnóstico preciso e tratamento adequado da neuralgia do trigêmeo.

Referências:

  1. Dr. Erich Fonoff: https://www.erichfonoff.com.br/neuralgia-do-trigemeo/
  2. Rede D’Or São Luiz: https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/neuralgia-do-trigemeo
  3. Alves, T. C. A., Azevedo, G. S., & Carvalho, E. S. de .. (2004). Tratamento famacológico da neuralgia do trigêmeo: revisão sistemática e metanálise. Revista Brasileira De Anestesiologia, 54(6), 836–849. https://doi.org/10.1590/S0034-70942004000600015
  4. Revista FT: https://revistaft.com.br/os-cuidados-de-enfermagem-ao-paciente-com-dor-cronica-neuralgia-do-trigemeo-depressao-e-o-cuidado-da-enfermagem/

Hematoma Subdural Vs Epidural

Uma das diferenças entre hematoma subdural e epidural é a localização do sangramento.

Entenda as diferenças

O hematoma subdural ocorre quando há acúmulo de sangue entre a dura-máter e as membranas aracnoides, que são camadas que revestem o cérebro.

O hematoma epidural ocorre quando há acúmulo de sangue entre a dura-máter e o crânio.

Essa diferença se deve ao tipo de vaso sanguíneo que se rompe em cada caso.

No hematoma subdural, geralmente são veias de baixa pressão que se rompem, enquanto no hematoma epidural, geralmente são artérias de alta pressão que se rompem .

Outra diferença é a velocidade de formação e evolução dos hematomas. O hematoma epidural se forma rapidamente, pois o sangue arterial flui com mais força e comprime o cérebro.

O hematoma subdural se forma mais lentamente, pois o sangue venoso flui com menos força e demora mais para causar sintomas . Por isso, o hematoma epidural costuma causar um quadro clínico mais grave e urgente do que o hematoma subdural.

Além disso, os hematomas subdurais e epidurais têm formas diferentes na tomografia computadorizada (TC) de crânio, que é o exame usado para diagnosticá-los.

O hematoma epidural tem uma forma de lente biconvexa, limitada pelas suturas do crânio. O hematoma subdural tem uma forma de meia-lua, que pode se expandir por todo o espaço subdural .

O tratamento dos hematomas subdurais e epidurais depende da gravidade dos sintomas, do tamanho e da localização dos hematomas. Em alguns casos, pode ser necessário realizar uma cirurgia para drenar o sangue e aliviar a pressão no cérebro .

Referência:

  1. Lacerda, F. H., Rahhal, H., Soares, L. J., Ureña, F. del R. M., & Park, M.. (2017). Seguimento de hematoma epidural intracraniano com ultrassonografia bidimensional. Revista Brasileira De Terapia Intensiva, 29(2), 259–260. https://doi.org/10.5935/0103-507X.20170036

Síndrome de Encarceramento

A Síndrome do Encarceramento, ou Síndrome de Locked-In, é uma doença neurológica rara, em que ocorre paralisia de todos os músculos do corpo, com exceção dos músculos que controlam o movimento dos olhos ou das pálpebras.

Nesta doença, o paciente fica ‘preso’ dentro do seu próprio corpo, sem conseguir se movimentar ou comunicar, mas continua consciente, percebendo tudo o que acontece à sua volta e a sua memória continua intacta.

Esta síndrome não tem cura, porém existem procedimentos que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida da pessoa, como uma espécie de capacete que consegue identificar o que a pessoa está precisando, para que possa ser atendida.

Sintomas

Os sintomas da Síndrome do Encarceramento podem ser:

  • Paralisia dos músculos do corpo;
  • Incapacidade de falar e de mastigar;
  • Braços e pernas rígidas e esticadas.

Geralmente, os pacientes conseguem somente movimentar os olhos para cima e para baixo, pois até mesmo os movimentos laterais dos olhos estão comprometidos. A pessoa também sente dor, mas não consegue se comunicar e por isso não consegue esboçar nenhum movimento, como se não tivesse sentindo nenhuma dor.

O diagnóstico é feito com base nos sinais e sintomas apresentados e pode ser confirmado com exames, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada, por exemplo.

O que causa essa síndrome?

As causas da Síndrome do Encarceramento podem ser lesões cerebrais traumáticas, após um AVC, efeitos colaterais de medicamentos, esclerose lateral amiotrófica, traumatismos cranianos, meningite, hemorragia cerebral ou mordida de cobra.

Nesta síndrome, as informações que o cérebro emite para o corpo não são totalmente captadas pelas fibras musculares e por isso o corpo não responde às ordens enviadas pelo cérebro.

Como é feito o tratamento?

O tratamento da Síndrome do Encarceramento não cura a doença, mas ajuda a melhorar a qualidade de vida da pessoa.

Atualmente, para facilitar a comunicação são utilizadas tecnologias que conseguem traduzir através de sinais, como piscar de olhos, o que a pessoa está pensando em palavras, permitindo que a outra pessoa o entenda. Outra possibilidade é usar uma espécie de touca com eletrodos na cabeça que interpreta o que a pessoa está pensando para que possa ser atendida.

Pode ser usado também um pequeno aparelho que possui eletrodos que são colados na pele que são capazes de promover uma contração muscular para reduzir a sua rigidez, mas dificilmente a pessoa consegue recuperar os movimento e a maior parte morre no primeiro ano após ter surgido a doença.

A causa da morte mais comum é devido ao acumulo de secreções nas vias respiratórias, que acontece naturalmente quando a pessoa não se movimenta.

Assim, para melhorar a qualidade de vida e evitar este acumulo de secreções é indicado que a pessoa faça fisioterapia motora e respiratória pelo menos 2 vezes ao dia. Uma máscara de oxigênio pode ser usada para facilitar a respiração e a alimentação deve ser feita por sonda, sendo necessário uso de fraldas para conter a urina e as fezes.

Os cuidados devem ser os mesmos de uma pessoa acamada inconsciente e se a família não prestar este tipo de cuidados a pessoa pode falecer devido a infecções ou acumulo de secreções nos pulmões, que podem causar pneumonia.

Alguns Cuidados de Enfermagem

  • Cuidados de suporte;
  • Treinamento em comunicação;
  • Cuidados de suporte são a base do tratamento para pacientes com síndrome de encarceramento e devem incluir:
  • Prevenção de doenças sistêmicas devido à imobilização (p. ex., pneumonia, infecção do trato urinário, doenças tromboembólicas);
  • Proporcionar boa nutrição;
  • Prevenir o desenvolvimento de úlceras de pressão;
  • Fornecer fisioterapia para prevenir contraturas nos membros.

Referências:

  1.  Milekovic T, Sarma AA, Bacher D, et al: Stable long-term BCI-enabled communication in ALS and locked-in syndrome using LFP signals. J Neurophysiol 120 (1):343–360, 2018.
  2. Bruno MA, Nizzi MC, Laureys S, Grosseries O. Chapter 12 – Consciousness in the Locked-In Syndrome. The Neurology of Conciousness (Second Edition). Academic Press, 2016. Pages 187-202

Microcefalia

A microcefalia é um raro distúrbio neurológico no qual o cérebro da criança não se desenvolve completamente. Com isso, o tamanho da cabeça é menor do que o esperado. A microcefalia pode estar presente no nascimento ou pode ser adquirida nos primeiros anos de vida.

A criança com microcefalia geralmente tem diferentes graus de deficiência intelectual, assim, um pequeno percentual de crianças não terão nenhum tipo de atraso no desenvolvimento.

As crianças com essa condição também pode ter um atraso na fala e nas funções motoras, nanismo ou baixa estatura, deficiência visual ou auditiva, e/ou outros problemas associados com anormalidades neurológicas.

Existem várias causas potenciais para a microcefalia, incluindo:

  • Infecções perinatais maternas, incluindo  rubéola e Zika vírus;
  • Distúrbio cromossômico, incluindo síndrome de Down;
  • Craniossinostose, um defeito de nascença identificado pelo fechamento prematuro de uma ou mais juntas entre os ossos do crânio antes do completo crescimento cerebral
  • Meningite bacteriana;
  • Uso abusivo de drogas e álcool durante a gravidez;
  • Exposição química ou à radiação.

Existe também uma suspeita de conexão entre o Zika vírus e a microcefalia, devido ao nível significante de crianças vistas com essa doença em países afetados, desde que o vírus começou a se espalhar.

Fatos principais sobre a Microcefalia

  • A microcefalia ocorre mais frequentemente quando o cérebro para de crescer até a taxa normal; o crescimento do crânio é determinado pelo tamanho do cérebro.
  • Não há tratamento para reverter a microcefalia, exceto uma cirurgia para craniossinostose. Programas de intervenção com a fala, terapeutas ocupacionais e físicos podem ajudar as crianças afetadas.
  • Em casos de microcefalia com uma conexão genética, conselheiros genéticos podem ajudar a determinar o risco de microcefalia.

Diagnóstico

Após o nascimento, os recém-nascidos passam pelo primeiro exame físico – é rotina nos berçários e deve ser feito em até 24 horas do nascimento.

Este é um dos principais momentos para se realizar a busca de possíveis anomalias congênitas. Também é possível diagnosticar a microcefalia no pré-natal, porém, somente o médico que está acompanhando a grávida poderá indicar o método de imagem mais adequado.

Ao nascimento, os bebês com suspeita de microcefalia serão submetidos a exame físico e medição do perímetro cefálico. São considerados microcefálicos os bebês não prematuros com perímetro cefálico menor de 32 centímetros.

Eles serão submetidos a exames neurológicos e de imagem, sendo a Ultrassonografia Transfontanela a primeira opção indicada, e, a tomografia, quando a moleira estiver fechada.

Tratamento

Não há tratamento específico para a microcefalia. Existem ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê e da criança. A estimulação precoce visa à maximização do potencial de cada criança, englobando o crescimento físico e a maturação neurológica, comportamental, cognitiva, social e afetiva, que poderão ser prejudicados pela microcefalia.

Os nascidos com microcefalia receberão a estimulação precoce em serviços de reabilitação distribuídos em todo o país, nos Centros Especializados de Reabilitação (CER), Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e Ambulatórios de Seguimento de Recém-Nascidos.

Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade.

Referência:

  1. Ministério da Saúde

Derivação Lombar Externa (DLE)

A derivação lombar externa (DLE) é um procedimento cirúrgico que consiste em desviar o líquido cefalorraquidiano (LCR) da coluna vertebral para uma bolsa externa, através de um cateter.

Esse método é utilizado para tratar casos de hidrocefalia, quando há um acúmulo excessivo de LCR no cérebro, causando aumento da pressão intracraniana e danos neurológicos.

A derivação lombar externa é uma alternativa à derivação ventricular, que desvia o LCR dos ventrículos cerebrais para o abdômen ou o coração.

Indicações de Uso

  • Tratamento da hidrocefalia comunicante (por exemplo, na hemorragia subaracnóidea);
  • Prevenção e tratamento de fístula liquórica (ou seja, vazamento);
  • Facilitação da retração segura do cérebro durante a cirurgia;
  • Diagnóstico e prognóstico da resposta ao tratamento na hidrocefalia de pressão normal

Cuidados de Enfermagem

A equipe de enfermagem pode desempenhar um papel importante na educação e no apoio aos pacientes, mesmo antes de um DLE ser colocado.

O objetivo é melhorar o cumprimento das restrições de atividade e reduzir as complicações. Pacientes e familiares devem ser esclarecidos sobre restrições como a necessidade de manter a cabeceira da cama no ângulo escolhido e a necessidade de o paciente solicitar assistência de enfermagem antes de qualquer movimento.

Além disso, os pacientes são aconselhados a evitar espirros, tosse e esforços, porque essas ações aumentam a pressão intracraniana e, portanto, afetam a drenagem do LCR.

A rotina de enfermagem de manutenção do dreno e avaliação do paciente deve ser descrita ao paciente. Os pacientes e seus familiares devem ter a oportunidade de fazer perguntas antes de inserir o dreno.

A avaliação contínua do paciente e do dreno é vital para prevenir complicações e atingir o objetivo da drenagem lombar. O paciente é normalmente mantido na cama enquanto o dreno está no lugar.

A nota da operação e o plano de cuidados devem especificar se o repouso estrito é necessário. O LCR deve ser avaliado a cada hora quanto à cor, clareza e quantidade drenada. Geralmente, o dreno pode ser pinçado por breves períodos durante as atividades de cuidado e movimentação do paciente.

O local de inserção é avaliado quanto a sinais e sintomas de infecção ou vazamento pelo menos duas vezes ao dia. As trocas de curativo geralmente são realizadas apenas se o curativo estiver sujo e o curativo interativo (por exemplo, Tegaderm) é o preferido. A bolsa de drenagem é trocada quando ¾ cheia usando técnica asséptica e a porta de 3 vias proximal à bolsa é presa para evitar o fluxo de LCR antes da troca.

Posicionamento do DLE e drenagem do LCR

A posição da cabeceira da cama é determinada pela justificativa para a colocação do dreno. Por exemplo, em pacientes com vazamento de LCR associado a uma fratura da base do crânio, a cabeceira da cama é elevada na tentativa de tamponar o local do vazamento com o cérebro e as meninges.

 Em contraste, uma ruptura dural na coluna lombar exigiria uma posição plana para reduzir a pressão gravitacional no local do vazamento.

Após o posicionamento do paciente, o sistema de drenagem é colocado no nível prescrito na nota cirúrgica. Este nível é determinado pela abordagem de tratamento para pacientes com DLE. Dois métodos principais são usados: drenagem em um nível anatômico específico e drenagem para um volume especificado de LCR.

A drenagem em um nível específico é usada principalmente em pacientes com hemorragia subaracnóidea que apresentam hidrocefalia comunicante. O nível de drenagem é determinado pelo Consultor responsável, embora geralmente seja no meato acústico externo (MAE) que é o ponto de referência para o forame de Monro.

A drenagem para um volume específico é usada principalmente no reparo de vazamentos de LCR. Nesse caso, é solicitado o volume de LCR a ser drenado em determinado período, por exemplo 10-15 ml/h.

 A gravidade é usada para atingir o volume desejado de saída de LCR. Abaixar o dreno abaixo do nível anterior aumenta a produção, enquanto elevar o dreno acima do nível anterior diminui a produção. Os limites superior e inferior de manipulação podem variar, mas o dreno não deve ser elevado acima do nível do MAE, pois pode ocorrer refluxo do LCR.

Complicações associadas ao DLE

A drenagem inadequada do LCR em pacientes com hidrocefalia pode fazer com que os ventrículos aumentem com subsequentes aumentos da PIC.
Isso pode ocorrer se:

  1. O sistema de drenagem é colocado muito acima do nível do forame de Monro, minimizando assim a drenagem do LCR.
  2. A drenagem do LCR está obstruída. Isso pode ocorrer se o tubo estiver dobrado ou preso inadvertidamente, a torneira de três vias estiver virada para o lado errado, a bolsa de drenagem estiver cheia ou tecido/liquor espesso bloquear o sistema.

A drenagem excessiva de LCR também pode ocorrer se o sistema for colocado muito abaixo do nível do forame de Monro, se houver desconexão no sistema de drenagem ou com LCR desviando do dreno, resultando em vazamento de LCR. Essa drenagem excessiva pode causar o colapso dos ventrículos e afastar o tecido cerebral da dura-máter.

Embora geralmente resulte em dores de cabeça de baixa pressão que podem estar associadas a náuseas/vômitos, em casos extremos isso pode causar ruptura dos vasos sanguíneos e levar a uma lesão subdural (1,3%) ou hemorragia subaracnóidea (0,4%).

A hérnia tentorial pode ser causada por drenagem excessiva ou insuficiente de LCR. Os sintomas incluem:

  • Dor de cabeça severa;
  • Letargia;
  • sonolência;
  • Irritabilidade;
  • Apneia;
  • Respostas pupilares lentas;
  • reflexos anormais;
  • Alterações na PA e frequência cardíaca

Todos os sinais e sintomas acima requerem intervenção imediata.

Em pacientes que têm DLE colocado como tratamento para fístula liquórica, a posição da cabeça para cima pode precipitar um gradiente negativo entre a pressão atmosférica e a pressão intracraniana, levando ao aumento do pneumoencefalo.

Se a troca de LCR e ar for rápida, o ar termicamente expansível pode atuar como uma lesão ocupando espaço criando efeito de massa, especialmente se houver uma ação de válvula unidirecional na fístula (Graf et al, 1981).

Outras complicações da DLE incluem complicações processuais que requerem orientação fluoroscópica (4,3%), dor radicular (2,6-14%) e cisalhamento/retenção da ponta do cateter (0,4%).

Referências:

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  3. British National Formulary: Lidocaine Hydrochloride.
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  4. CDC/NHSN Surveillance Definitions for Specific Types of Infections. 2015.
    http://www.cdc.gov/nhsn/PDFs/pscManual/17pscNosInfDef_current.pdf
  5. Coplin WM, Avellino AM, Kim DK, Winn HR, Grady MS. Bacterial meningitis associated with lumbar drains: a retrospective cohort study. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1999 Oct;67(4):468-73.
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  7. Graf CJ, Gross CE, Beck DW. Complications of spinal drainage in the management of cerebrospinal fluid fistula. J Neurosurg. 1981 Mar;54(3):392-5.
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  11. Leeds Teaching Hospitals NHS Trust (2014) Positive Identification of Patients Policy.
    http://nww.lhp.leedsth.nhs.uk/common/guidelines/detail.aspx?ID=528
  12. Leeds Teaching Hospitals NHS Trust (2014) Consent to Examination or Treatment Policy.
    http://nww.lhp.leedsth.nhs.uk/common/guidelines/detail.aspx?ID=890
  13. Leeds Teaching Hospitals NHS Trust (2015) Policy for the Chaperoning of Patients During Examination, Investigation or Clinical Recording.
    http://nww.lhp.leedsth.nhs.uk/common/guidelines/detail.aspx?ID=890
  14. Leeds Teaching Hospitals NHS Trust (2014) Hand Hygiene Policy.
    http://nww.lhp.leedsth.nhs.uk/common/guidelines/detail.aspx?ID=673
  15. Leeds Teaching Hospitals NHS Trust (2014) Surgical Scrub, Gowning & Gloving.
    http://nww.lhp.leedsth.nhs.uk/common/guidelines/detail.aspx?ID=3936
  16. Leeds Teaching Hospitals NHS Trust (2013) Standard Precautions Policy.
    http://nww.lhp.leedsth.nhs.uk/common/guidelines/detail.aspx?ID=895
  17. Leeds Teaching Hospitals NHS Trust (2013) Asepsis Guideline.
    http://nww.lhp.leedsth.nhs.uk/common/guidelines/detail.aspx?ID=1672
  18. Leeds Teaching Hospitals NHS Trust (2014) Positive Identification of Patients Policy
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  19. Leverstein-van Hall MA, Hopmans TE, van der Sprenkel JW, Blok HE, van der Mark WA, Hanlo PW, Bonten MJ. A bundle approach to reduce the incidence of external ventricular and lumbar drain-related infections. J Neurosurg. 2010 Feb;112(2):345-53.
  20. Puzzilli F, Mastronardi L, Farah JO, Ruggeri A, Lunardi P. Cytochemical and microbiological testing of CSF and catheter in patients with closed continuous drainage via a lumbar subarachnoid catheter for treatment or prevention of CSF fistula. Neurosurg Rev. 1998;21(4):237-42.
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  22. Scheinblum ST, Hammond M. The treatment of children with shunt infections: extraventricular drainage system care. Pediatr Nurs. 1990 Mar-Apr;16(2):139-43.
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Apendicovesicostomia de Mitrofanoff

O procedimento de Mitrofanoff, também conhecido como apendicovesicostomia de Mitrofanoff, é um procedimento cirúrgico no qual o apêndice é usado para criar um conduto, ou canal, entre a superfície da pele e a bexiga urinária.

A técnica descrita por Paul Mitrofanoff em 1980, baseia-se na criação de um duto entre a bexiga e a parede abdominal que permite o esvaziamento vesical por cateterismo intermitente limpo. A estrutura inicialmente descrita e utilizada foi o apêndice.

Porém nem sempre o apêndice encontra-se disponível e nem sempre isso pode ser definido antes da cirurgia. Como alternativa outras estruturas já foram utilizadas (ureter, trompas uterinas, estômago etc), todas com resultado inferior ao apêndice.

O princípio de Mitrofanoff tem como objetivo prover continência urinária e esvaziamento vesical adequados. Cabe ressaltar que tal técnica acrescentou muito à qualidade de vida dos pacientes com bexiga neurogênica, oferecendo liberdade, independência e um método eficaz para esvaziar a bexiga regularmente, por auto cateterismo.

Os métodos Cirúrgicos

Existem duas maneiras possíveis de realizar a cirurgia:

  • Cirurgia aberta – Um pequeno corte (alguns centímetros de largura) é feito na parte inferior da barriga. A pele é puxada de lado para que o cirurgião possa ver e trabalhar diretamente na criança. Esta é a única técnica cirúrgica utilizada em muitos hospitais.
  • Cirurgia robótica – Vários pequenos cortes (vários milímetros de largura) são feitos na barriga. O cirurgião usa um computador para controlar os braços robóticos, que movem pequenas ferramentas sob a pele para fazer a operação.

Por que é feito este tipo de procedimento?

O procedimento de Mitrofanoff é feito para crianças que não conseguem urinar sozinhas. Muitas dessas crianças usam cateteres tradicionais antes da cirurgia.

 Esses cateteres são inseridos através da uretra, o local normal onde a urina sai do corpo. No entanto, os cateteres através da uretra podem causar dor nos meninos e podem ser difíceis para as meninas por causa de sua anatomia. As meninas que usam cadeiras de rodas geralmente não conseguem colocar um cateter, a menos que se sentem em um vaso sanitário, o que pode torná-las menos independentes.

Em alguns casos, as crianças para as quais é difícil cateterizar através da uretra podem ficar com fraldas. Em outros, os músculos do esfíncter não funcionam bem e a criança continua a vazar na fralda.

Fraldas podem se tornar socialmente desconfortáveis ​​para as crianças à medida que envelhecem. O cheiro de urina e seu impacto na pele e quaisquer feridas na área da fralda podem levar a uma baixa qualidade de vida.

Após um procedimento de Mitrofanoff, as crianças podem esvaziar a bexiga sem fraldas, sem necessidade de transferência para um banheiro e sem cateterismo pela uretra. Isso torna mais fácil e confortável para muitas crianças esvaziar a bexiga. 

Eles podem ficar secos entre os cateterismos. No caso de muitos cadeirantes, permite mais independência, pois as crianças podem se autocateterizar pela abertura na barriga ou no umbigo.

Os procedimentos de Mitrofanoff geralmente são feitos para crianças com:

Os Cuidados no Acompanhamento

Os cateteres devem permanecer no local por 3-4 semanas após a cirurgia. Isso permite que o inchaço diminua e os cortes e o novo tubo cicatrizem.

O paciente terá que retornar ao hospital para que a enfermagem remova os cateteres. A mãe e a criança também receberão treinamento de uma enfermeira para aprender como e quando cateterizar usando o novo tubo através do umbigo.

A enfermeira fornecerá alguns suprimentos iniciais e conectará você a recursos para envio doméstico de suprimentos no futuro.

Cerca de 1 mês após a saída dos cateteres cirúrgicos, a criança precisará de um ultrassom de acompanhamento para verificar se há inchaço nos rins. Isso permitirá que o médico saiba se a cirurgia funcionou para drenar efetivamente a urina da criança. A criança também precisará de um ultrassom pelo menos a cada ano para continuar verificando a saúde dos rins.

O deve esperar o seguinte após o procedimento de Mitrofanoff:

  • A pele cortada costuma ser fechada com pontos internos absorvíveis e cola de pele (exceto o novo furo na barriga onde o mastro se conecta, que fica aberto). Os pontos desaparecem por conta própria e não requerem nenhuma remoção ou cuidado especial.
  • A criança pode tomar banho com esponja nos 2 dias seguintes à cirurgia. Depois disso, os chuveiros são aceitáveis. Uma vez que os cateteres são removidos, os banhos também são permitidos.
  • Os cortes e cateteres podem ficar doloridos por alguns dias ou semanas.
  • Aulas de ginástica, atividades extenuantes e levantamento de peso devem ser evitados até que o cateter seja removido.
  • As transferências de cadeira de rodas podem começar novamente cerca de 2 semanas após a operação.
  • A criança deve enxaguar (irrigar) a bexiga uma vez por dia. Isso fará parte da nova rotina dela. O enxágue ajuda a limpar o muco produzido pelo tubo do apêndice. Se a criança não lavar a bexiga, ele pode ter pedras nos rins ou infecções.

A mãe deve ligar para o médico ou procurar atendimento médico para seu filho após o procedimento de Mitrofanoff se seu filho:

  • Tem febre de 38ºC ou superior antes da primeira visita de acompanhamento
  • Não pode passar urina através do cateter
  • Passa sangue pelo cateter
  • Acidentalmente puxa o cateter para fora
  • Queixa-se de dor intensa na barriga, na lateral ou nas costas que não é melhorada pelo remédio para dor que recebe na alta
  • Tem sintomas de infecção do trato urinário (ITU) ou infecção renal
  • Sente dor ou bloqueio ao cateterizar (uma vez que o cateter cirúrgico é removido).

Os benefícios do procedimento

Os procedimentos de Mitrofanoff permitem a cateterização intermitente – uma vez a cada poucas horas. Isso oferece um risco menor de infecção do que um cateter permanente (permanente) e permite que a pessoa não vaze urina continuamente como uma ileovesicostomia, que drena de um orifício (estoma) na barriga para uma bolsa.

Após o mitrofanoff, as crianças não precisam usar fraldas e podem ficar secas entre os cateterismos. Eles muitas vezes podem esvaziar suas bexigas de forma independente e sem transferência para um banheiro. A abertura na barriga é muito pequena; a maioria é difícil de ver mesmo quando se olha para a barriga. Todas essas características do procedimento de Mitrofanoff podem ajudar a melhorar a qualidade de vida das crianças.

Os Riscos

Em geral, os riscos do procedimento de Mitrofanoff incluem os de qualquer cirurgia, como infecção, vermelhidão, inchaço, sangramento, reações à anestesia ou falha da operação. Durante a cirurgia na bexiga, a urina também pode vazar para outras áreas e causar alguma irritação.

As cirurgias da Mitrofanoff também apresentam vários riscos exclusivos. Como o apêndice está sendo parcialmente descolado e movido, há um baixo risco de sangramento interno. É possível que após um Mitrofanoff haja problemas de cateterização.

Às vezes, um cateter de tamanho diferente ou mais lubrificante resolverá o problema. Os cateteres colocados durante a cirurgia também tornam as infecções mais prováveis ​​do que em outras cirurgias, mas seu filho receberá um curso de antibióticos durante o período de recuperação para ajudar a evitar infecções.

O novo buraco na barriga também pode vazar. Finalmente, as crianças que ganharem muito peso no futuro podem ter problemas para cateterizar a abertura.

O procedimento de Mitrofanoff tem uma alta taxa de sucesso. No entanto, a maioria das crianças eventualmente precisará de outra operação para ajustar o tubo do apêndice ou corrigir problemas, como cicatrizes que bloqueiam a nova abertura da barriga. Em muitos casos, essas cirurgias são pequenas e seu filho não precisará passar a noite no hospital.

Referência:

  1. https://www.nationwidechildrens.org/specialties/urology/procedures/mitrofanoff

Rizotomia lombar

A rizotomia lombar – também chamada de rizotomia da faceta lombar ou de denervação facetária – é uma técnica minimamente invasiva que, basicamente, busca desativar (de forma temporária ou permanente) os nervos sensitivos presentes nas articulações atingidas, e que são responsáveis por levar ao cérebro a informação da dor.

Fatores que desencadeiam dores lombares

A dor na coluna pode ser provocada por diversos fatores. Em muitos casos, o desconforto surge por conta de uma inflamação nas articulações facetárias, ou seja, nas articulações que conectam os ossos (vértebras) da parte posterior da coluna, com o objetivo de garantir a estabilidade da espinha dorsal.

Isso geralmente acontece pelo processo de envelhecimento natural – e por isso é mais comum em pessoas acima de 50 anos – ou por alguma doença degenerativa da coluna, como a hérnia de disco e a osteofitose (bico de papagaio). Dessa forma, a inflamação causa dor e dormência na região lombar, podendo ser irradiada para braços e pernas.

Como é feito o procedimento?

Como vimos, a rizotomia lombar é um procedimento minimamente invasivo para tratar dores crônicas na coluna. Isso quer dizer que, comparada às cirurgias tradicionais, ela oferece baixo risco de agressão aos tecidos do corpo ou de infecções, além de praticamente não causar sangramento.

Costuma ser indicada pelo médico ortopedista para casos específicos, principalmente quando os exames físicos e de imagem não indicam uma outra causa aparente para a dor (lombalgia inespecífica) ou quando o paciente não obtém resultados satisfatórios com o tratamento conservador – medicamentos e exercícios de correção da postura, por exemplo.

A operação é simples e relativamente rápida. Geralmente, o paciente recebe apenas anestesia local e sedativos, podendo ficar acordado durante o procedimento. O cirurgião introduz na pele da pessoa (próximo ao local da articulação) uma agulha bem fina e com um eletrodo na ponta, ligado ao aparelho de radioscopia.

Esse aparelho consegue indicar a posição do nervo sensitivo (que não tem qualquer função motora) que deverá ser desativado. Uma vez posicionada a agulha sobre ele, o nervo será cauterizado (queimado) por radiofrequência, deixando de avisar ao cérebro sobre a dor na região.

Há também a possibilidade de realizar a inativação da raiz nervosa utilizando agentes químicos (rizotomia química), mas é menos frequente.

O Pós Operatório

De forma geral, o paciente é liberado cerca de 3 horas depois de finalizado o procedimento, ou seja, sem precisar de internação. A necessidade de repouso vai depender da avaliação médica, mas geralmente o paciente pode voltar à sua rotina normal em poucos dias.

Os resultados podem demorar algumas semanas para aparecer. Além disso, é importante ressaltar que o objetivo principal da rizotomia percutânea lombar é aliviar a dor e, assim, melhorar a qualidade de vida do paciente.

Porém, embora a maioria das pessoas relatem melhoras bem significativas com este procedimento, não é possível garantir que ele irá eliminar 100% do desconforto nem que o resultado dure por anos.

Dessa maneira, caso as dores voltem a incomodar depois de algum tempo, pode ser necessário repetir o procedimento ou realizar outros tipos de cirurgias na coluna.

Referência:

  1. Sociedade Brasileira de Reumatologia