Um exsudato é um líquido que sai de uma ferida, como resultado de um processo inflamatório ou infeccioso. O exsudato pode ter diferentes características, dependendo da fase de cicatrização da ferida e do tipo de lesão. Existem os principais tipos de exsudato de feridas: seroso, serosanguinolento, sanguinolento, purulento e fibrinoso.
Características
- O exsudato seroso é um líquido claro e aquoso, que contém poucas células e proteínas. Ele é normalmente produzido na fase inicial da cicatrização, quando a ferida está limpa e sem infecção. O exsudato seroso ajuda a hidratar a ferida e a remover as impurezas.
- O exsudato serosanguinolento é um líquido avermelhado, que contém sangue e soro. Ele é comum em feridas traumáticas ou cirúrgicas, que envolvem danos aos vasos sanguíneos. O exsudato serossanguinolento indica que a ferida está vascularizada e em processo de granulação.
- O exsudato Sanguinolento ou hemático é um líquido vermelho, rico em sangue e células inflamatórias. Indica uma ferida com sangramento ativo ou recente, que pode ser causado por trauma, infecção ou necrose.
- O exsudato purulento é um líquido espesso e amarelado ou esverdeado, que contém células mortas, bactérias e pus. Ele é típico de feridas infectadas ou necrosadas, que apresentam sinais de inflamação e mau cheiro. O exsudato purulento prejudica a cicatrização e requer tratamento específico.
- O exsudato fibrinoso é um líquido viscoso e esbranquiçado, que contém fibrina e restos celulares. Ele é formado em feridas crônicas ou estagnadas, que não evoluem para a fase de epitelização. O exsudato fibrinoso forma uma crosta sobre a ferida, impedindo a sua oxigenação e nutrição.
Por que o exsudato pode impedir a cicatrização da ferida?
Enquanto o exsudato é essencial ao processo de cicatrização, ele também pode impedir a cicatrização da ferida. Isso pode acontecer se:
- a ferida tiver a quantidade errada de exsudato (muito ou pouco);
- o exsudato tiver a composição errada; ou
- o exsudato estiver no local errado.
Conforme uma ferida começa a cicatrizar, a quantidade de exsudato que ela produz geralmente diminui. No entanto, muitas feridas crônicas podem ficar estagnadas no estágio inflamatório em que bactérias prejudiciais podem se desenvolver.
Em tais casos, o exsudato pode:
- interromper a cicatrização;
- retardar ou impedir o crescimento das células;
- interferir na disponibilidade do fator de crescimento; e
- conter níveis elevados de mediadores inflamatórios, por exemplo, plaquetas, neutrófilos, monócitos/macrófagos e mastócitos.
Isso nos leva de volta ao ‘espaço morto’ e porque é tão importante que essa lacuna seja manejada adequadamente para que a ferida cicatrize.
Conforme a ferida cicatriza, o nível de exsudato que ela produz diminui. No entanto, se a ferida ficar estagnada na fase inflamatória, ela continuará a produzir níveis elevados de exsudato – de moderado a alto.
Por que é importante avaliar o espaço morto
Quando você trata um paciente com uma ferida crônica, seu principal objetivo é ajudar e apoiar o processo de cicatrização da ferida. Saber como conduzir uma avaliação precisa da ferida é essencial.
Avaliações inadequadas de feridas podem levar a escolhas de tratamento incorretos, resultados negativos para o paciente e maior custo de tratamento. Saber o que procurar ao examinar a ferida – e a lacuna entre o leito da ferida e o curativo – lhe dará uma ideia mais clara da condição da ferida o que te ajudará a decidir como fornecer um ambiente ótimo para a cicatrização.
O que procurar ao avaliar o espaço morto
Antes de vermos o processo de avaliação real, é importante lembrar-se de que o tratamento efetivo de feridas vai além da ferida em si.
Ao tratar pessoas com feridas – crônicas ou agudas – é sempre importante realizar uma abordagem holística. Isso significa anotar o histórico do paciente e de sua saúde, além da condição de sua ferida.
Em uma avaliação detalhada da ferida – e do espaço morto, lacuna entre a ferida e o curativo – você deve considerar.
- há quanto tempo o paciente está com esta ferida?
- qual é a etiologia da ferida (ou seja, o que a causou)?
- como ela está cicatrizando? Você vê sinais de progresso?
- quais são as características da ferida?
- Aqui você deve analisar:
- a profundidade da ferida, descolamento, tunelização e fístula
- a estrutura e topografia do leito da ferida
- a qualidade do tecido: Há sinais de granulação ou necrose?
- a pele perilesão (ao redor da ferida) e a borda da ferida
- o exsudato, ou líquido que sai da ferida – sua cor, consistência, odor e quantidade.
- Aqui você deve analisar:
Com que frequência eu avalio a lacuna?
Você deve fazer uma avaliação completa da ferida crônica pelo menos uma vez por semana ou, se possível, todas as vezes que trocar o curativo. Isso o ajudará a diagnosticar e tratar toda infecção no início. Ao detectar uma infecção no início, você reduz o risco de complicações sérias, tais como infecções que ameaçam o membro ou a vida.
Ao avaliar a ferida, procure pelos seguintes sinais de atenção:
- excesso de exsudato, vazamento e sujidades
- dano na pele perilesão (por exemplo, maceração, desnudação ou erosão na pele)
- Atraso na cicatrização de ferida
- sinais de infecção
- trocas de curativos frequentes
Referências:
- Triangle in Practice (2019) Wound International
- Keast, David H. et al. Managing the gap to promote healing in chronic wounds – an international consensus. Wounds International 2020. Vol 11, issue 3
- World Union of Wound Healing Societies (WUWHS) Consensus Document. Wound exudate: effective assessment and management. Wounds International, 2019
- Adderly, U.J (2010) Managing wound exudate and promoting healing
- http://eerp.usp.br/feridascronicas/recurso_educacional_lp_4_2.html#:~:text=O%20exsudato%20ou%20fluidos%20da,e%20limitam%20o%20crescimento%20bacteriano.
- https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-o-melhor-curativo-para-feridas-exsudativas/
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