Medicamentos que Não Podem Ser Macerados e Administrados por Sonda Enteral

A maceração de medicamentos, especialmente aqueles administrados por sonda enteral, pode alterar significativamente sua forma farmacêutica original. Essa alteração pode ter consequências negativas para a eficácia e segurança do tratamento.

Por que isso acontece?

  • Alteração no perfil de liberação: Muitos medicamentos são formulados para liberar o princípio ativo de forma gradual no organismo. A maceração pode acelerar ou retardar essa liberação, comprometendo o efeito terapêutico.
  • Degradação do medicamento: Alguns medicamentos são sensíveis à luz, umidade ou ao contato com outras substâncias. A maceração pode levar à degradação do fármaco, diminuindo sua eficácia.
  • Irritação da mucosa gastrointestinal: Alguns excipientes presentes nos medicamentos podem causar irritação se forem administrados em forma de pó, o que pode ocorrer após a maceração.
  • Obstrução da sonda: Partículas maiores, resultantes da maceração, podem obstruir a sonda, impedindo a passagem do medicamento.

Quais medicamentos geralmente não devem ser macerados?

  • Comprimidos de liberação prolongada: A liberação gradual do fármaco é fundamental para a eficácia desses medicamentos.
  • Cápsulas: A cápsula protege o fármaco e controla a liberação.
  • Comprimidos revestidos: O revestimento protege o comprimido e controla a liberação.
  • Medicamentos com revestimento entérico: Esse revestimento protege o fármaco da ação dos ácidos do estômago.
  • Medicamentos em forma de pellets: Os pellets são pequenas esferas que contêm o fármaco e são revestidas para controlar a liberação.

Exemplos de medicamentos que frequentemente não são adequados para maceração:

  • Anti-hipertensivos de ação prolongada: como nifedipina de liberação prolongada.
  • Medicamentos para o coração: como beta-bloqueadores de longa duração.
  • Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) de liberação prolongada: como diclofenaco de liberação prolongada.
  • Medicamentos para o tratamento de doenças do sistema nervoso central: como carbamazepina de liberação prolongada.

Outros Exemplos

Medicamento Motivo Alternativa
Adalat® (Nifedipino) Risco de toxicidade e obstrução da sonda Discutir terapia com o prescritor
Amaryl® (Glimepirida) Falta de estudos sobre eficácia e segurança Discutir com o prescritor
Amoxil® (Amoxicilina) Não recomendado via sonda Suspensão oral
Allegra® (Fexofenadina) Revestimento pode obstruir a sonda Claritin® solução ou Allegra® solução
Ancoron® (Cloridrato de amiodarona) Falta de estudos sobre eficácia e segurança Suspensão oral
Annita® (Nitazoxanida) Risco de obstrução da sonda Suspensão oral
Apresolina® (Hidralazina) Risco de degradação do princípio ativo Monitorar pressão arterial

O que fazer?

  • Sempre consulte um profissional de saúde ou farmacêutico: Eles poderão fornecer orientações específicas sobre a administração de cada medicamento, levando em consideração as características do paciente e as recomendações do fabricante.
  • Leia atentamente a bula do medicamento: A bula contém informações importantes sobre a administração do medicamento.
  • Não macere nenhum medicamento por conta própria: A maceração indevida pode comprometer a segurança e a eficácia do tratamento.

Cuidados de Enfermagem

  1. Verificar a compatibilidade:

    • Medicamento e sonda: Alguns medicamentos podem interagir com o material da sonda ou com outros medicamentos, formando precipitados ou obstruindo a sonda.
    • Medicamento e dieta: A mistura de medicamentos com a dieta enteral pode alterar a absorção de ambos.
  2. Preparo da medicação:

    • Higienização: Lave as mãos e utilize equipamentos limpos para o preparo.
    • Maceração: Utilize um pilão e almofariz limpos para macerar os comprimidos. Evite moer demais, pois pode gerar partículas muito finas que podem obstruir a sonda.
    • Dissolução: Dissolva o pó resultante da maceração em água filtrada ou fervida morna, conforme orientação médica.
  3. Administração:

    • Interromper a dieta: Antes de administrar a medicação, interrompa a infusão da dieta enteral.
    • Lavar a sonda: Lave a sonda com água antes e depois da administração do medicamento para evitar obstrução.
    • Volume: Administre cada medicamento separadamente, utilizando um volume adequado de água para facilitar a passagem.
    • Elevar a cabeceira: Mantenha a cabeceira do leito elevada por pelo menos 30 minutos após a administração para facilitar a passagem do medicamento para o estômago.
  4. Registro:

    • Anote: Registre todos os procedimentos realizados, incluindo o nome do medicamento, a dose, a hora da administração e qualquer intercorrência.

Precauções:

  • Não macere todos os medicamentos: Alguns medicamentos, como os de liberação prolongada, não devem ser macerados.
  • Não misture medicamentos: Cada medicamento deve ser administrado separadamente para evitar interações medicamentosas.
  • Observe o paciente: Monitore o paciente após a administração para identificar possíveis reações adversas.

Considerações importantes:

  • Individualização: As orientações podem variar de acordo com o paciente e o medicamento.
  • Atualização: As informações sobre a administração de medicamentos por sonda devem ser atualizadas regularmente.
  • Equipe multidisciplinar: A administração de medicamentos por sonda deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos, enfermeiros e farmacêuticos.

Referências:

  1. SILVA, João; PEREIRA, Maria. Insuficiência Cardíaca Descompensada: Diagnóstico e Tratamento. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 70, n. 4, p. 123-130, 2024. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ramb/a/4yLq9zCJKqcQyB3HF6P9P9m/?format=pdf&lang=pt
  2. Hospital Sírio Libanês
  3. HOSPITAL SÃO CAMILO. Guia Farmacêutico: Administração de Medicamentos por Via Enteral. São Paulo: Hospital São Camilo, 2023. Disponível em: https://guiafarmaceutico.hospitalsaocamilosp.org.br/wp-content/uploads/2023/02/VIA-ENTERAL.pdf. 
  4. UNIMED. Estabilidade de Sólidos Orais. São Paulo: Unimed, 2023. Disponível em: https://www.unimed.coop.br/site/documents/20922854/20973835/Estabilidade_Solidos_Orais.pdf.

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