O monitoramento da pressão arterial (PA) é essencial na prática clínica, especialmente em ambientes hospitalares. Ele fornece informações fundamentais sobre a circulação sanguínea e a função cardiovascular, auxiliando na tomada de decisões rápidas e eficazes.
Existem diferentes formas de aferição da PA, sendo as principais a pressão arterial não invasiva (PNI) e a pressão arterial invasiva (PAI). Cada uma delas possui características próprias, vantagens, limitações e indicações específicas.
O que é Pressão Arterial Não Invasiva (PNI)?
A PNI é o método mais utilizado no cotidiano clínico, especialmente em atendimentos ambulatoriais e hospitalares de rotina.
Ela é realizada por meio de esfigmomanômetro (manual ou automático) com o manguito posicionado no braço do paciente, ou por aparelhos multiparamétricos com tecnologia oscilométrica.
Vantagens
- Simplicidade e rapidez na aferição.
- Baixo custo.
- Método não invasivo, sem risco de complicações.
Limitações
- Pode ser menos precisa em pacientes críticos (hipotensos, com choque ou arritmias).
- Sofre interferência de fatores externos, como movimento do braço, posição inadequada do manguito e calibre incorreto.
O que é Pressão Arterial Invasiva (PAI)?
A PAI é considerada o padrão-ouro para monitorização da pressão arterial.
Nesse método, é inserido um cateter em uma artéria periférica (geralmente a radial, femoral ou braquial), conectado a um transdutor de pressão e a um monitor multiparamétrico. Isso permite a aferição contínua e em tempo real da pressão arterial sistólica, diastólica e média.
Vantagens
- Alta precisão e monitoramento contínuo.
- Permite coleta de amostras de sangue arterial (como gasometria).
- Fundamental em pacientes instáveis e em procedimentos de alta complexidade.
Limitações
- Método invasivo, com risco de complicações como infecção, trombose, sangramento e lesão vascular.
- Exige técnica asséptica rigorosa e profissionais treinados.
Indicações de uso
A escolha entre PNI e PAI depende do estado clínico do paciente, da necessidade de precisão e do tipo de acompanhamento necessário.
PNI (não invasiva)
Indicada em situações de rotina ou em pacientes estáveis, como:
- Avaliação ambulatorial.
- Monitorização em enfermarias e UTIs de pacientes sem instabilidade grave.
- Acompanhamento de hipertensão arterial sistêmica.
PAI (invasiva)
Indicada em situações que exigem alta precisão e monitorização contínua, como:
- Pacientes em choque ou instabilidade hemodinâmica.
- Cirurgias de grande porte, especialmente cardíacas ou vasculares.
- Uso de drogas vasoativas (noradrenalina, dopamina, vasopressina).
- Monitoramento em UTIs em casos graves (sepse, pós-operatório crítico, trauma grave).
Critérios para utilização
- PNI: deve ser usada quando o paciente apresenta estabilidade clínica, quando não há necessidade de monitoramento contínuo e quando o risco de complicações por procedimento invasivo não se justifica.
- PAI: deve ser escolhida em pacientes instáveis, que necessitam de controle hemodinâmico rigoroso, em uso de drogas vasoativas ou em procedimentos que exigem segurança máxima nos parâmetros de pressão arterial.
Cuidados de Enfermagem
Na PNI
- Escolher corretamente o tamanho do manguito, cobrindo de 40% a 50% da circunferência do braço.
- Garantir que o braço esteja na altura do coração.
- Evitar aferir sobre roupas ou com o braço em movimento.
- Reavaliar periodicamente em casos de leituras discrepantes.
Na PAI
- Realizar e manter a técnica asséptica para prevenir infecção.
- Monitorar constantemente o sítio de punção quanto a sinais de sangramento, hematoma ou isquemia distal.
- Garantir a permeabilidade do sistema com solução heparinizada, conforme protocolo institucional.
- Registrar as medidas e alterações em tempo real para subsidiar a conduta médica.
A escolha entre PNI e PAI deve ser baseada nas condições clínicas do paciente, nos recursos disponíveis e na necessidade de precisão dos dados. Enquanto a PNI é prática, segura e suficiente para a maioria dos casos, a PAI se destaca pela precisão e pela monitorização contínua, sendo indispensável em situações críticas.
Para a enfermagem, compreender essas diferenças é essencial para garantir um cuidado seguro, qualificado e centrado nas necessidades do paciente.
Referências:
- BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_cuidado_doencas_cronicas.pdf.
- KAPLAN, J. A.; SIAK, J. M. Clinical considerations in invasive blood pressure monitoring. Journal of Clinical Monitoring and Computing, v. 24, n. 5, p. 281–290, 2010. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10877-010-9243-2.
- MILLER, R. D. Miller’s Anesthesia. 9. ed. Philadelphia: Elsevier, 2020.
- POTTER, P. A.; PERRY, A. G.; STOCKERT, P.; HALL, A. Fundamentos de Enfermagem. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. (Consultar os capítulos sobre monitorização hemodinâmica).
-
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Segurança do Paciente em Serviços de Saúde: Higienização das Mãos em Serviços de Saúde. Brasília, DF: ANVISA, 2013. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/manuais-e-guias/manual_seguranca_paciente_anvisa.pdf. (Para orientações de assepsia aplicáveis a cateteres invasivos)









