A Hipertensão Portal (HP) tem como principal etiologia a doença hepática crônica, é o desenvolvimento da hipertensão portal , responsável pelas conseqüências, complicações clínicas e o prognóstico reservado da hepatopatia crônica. Na fisiopatologia da hipertensão portal observa-se a liberação de substâncias vasoativas com vasodilatação esplâncnica e conseqüentemente um aumento do fluxo sanguíneo para o Sistema portal.
A Terlipressina é um análogo sintético da vasopressina que age na diminuição da pressão sanguínea portal devido a vasoconstrição no território esplâncnico. Portanto a Terlipressina é indicada no tratamento das complicações resultantes da Hipertensão Portal presentes na forma mais severa da doença como:
- Controle do sangramento por ruptura de varizes esofágicas.
- Na Síndrome hepatorrenal, a terlipressina causa vasoconstrição na circulação esplâncnica, aumenta o fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular.
Alguns Fatos:
• A hemorragia digestiva alta é responsável por 1 a 2% das internações hospitalares de urgência no Brasil.
• A mortalidade por HDA gira em torno de 10%. No entanto, pacientes com comorbidades tendem a apresentar níveis mais altos de mortalidade.
• Pacientes com IC complicada podem apresentar até 28,4% de mortalidade.
• Pacientes com sangramento por varizes esofágicas geralmente apresentam perdas sanguíneas de maior amplitude.
O que são Varizes Esofágicas?
As varizes esofágicas são vasos colaterais portossistêmicos, que se formam, preferencialmente na submucosa do esôfago inferior, embora possam ocorrer em qualquer parte do tubo digestivo.
A freqüência das varizes esofágicas varia entre 30% e 70% dos pacientes cirróticos, e 9–36% dos pacientes apresentam varizes conhecidas como de “alto risco”. No momento do diagnóstico de cirrose, aproximadamente 30% dos pacientes cirróticos apresentam varizes esofágicas, alcançando 90% após uns 10 anos.
A presença de varizes gastroesofágicas (VEG) está correlacionada com a gravidade da doença hepática. Cerca de 40% dos pacientes classificados como Child–Pugh A e 85% dos Child–Pugh C apresentam varizes. No entanto alguns pacientes podem apresentar varizes e hemorragia nas primeiras etapas da doença, apesar da ausência de cirrose.
Por esta razão, recomenda-se o rastreamento de VEG com exame endoscópico em todos os pacientes com diagnóstico de cirrose hepática. Os com Child A e sem varizes à endoscopia inicial devem fazer exame de controle a cada dois ou três anos; já nos Child B e C, controle endoscópico deve ser anual.
Os fatores de risco para sangramento de varizes incluem: disfunção hepática, ingestão contínua de álcool, varizes de grosso calibre e presença de sinais vermelhos nas varizes.
Fatores preditivos de sangramento
- Localização das varizes: varizes esofágicas sangram com maior freqüência que as gástricas, porém quando ocorre sangramento por ruptura de varizes gástricas é de maior gravidade
- Tamanho das varizes: quanto maior o calibre, maior o risco de sangramento
- Aparência das varizes: tortuosas, presença de sinais vermelhos
- Pressão intravaricosa: quando > 15,2 mmHg é um valor preditivo independente da primeira hemorragia
- Fatores clínicos do paciente
Critérios clínicos de alto risco
- Idade maior que 60 anos
- Choque, instabilidade hemodinâmica, hipotensão postural
- Comorbidades associadas (cardiorrespiratória, renal, hepática e coagulopatia)
- Uso de medicações: anticoagulantes e AINES
- Hematêmese volumosa
- Enterorragia volumosa
- Melena persistente
- Hemorragia digestiva em pacientes internados
- Ressangramento em pacientes já tratados endoscopicamente
O Acetato de Terlipressina: Qual é a sua função?
A Terlipressina (ou nome comercial Glyspressin) é um análogo de ação prolongada da vasopressina, associado à menor frequência de efeitos colaterais cardiovasculares por atuação preferencial nos receptores V1. Seu uso se associa à redução significante das pressões portal e intra varicosa e do fluxo da veia ázigos, com efeito prolongado por aproximadamente quatro horas. Em contraste com a vasopressina, terlipressina podem ser administrados como injeções intermitentes, em vez de infusão intravenosa contínua e tem um perfil de reações adversas mais seguro.
Após a administração por via intravenosa, a terlipressina é transformada por ação de enzimas no agente ativo lisina-vasopressina. O metabolismo da terlipressina resulta em uma liberação gradual da vasopressina, que por sua vez determina a diminuição do diâmetro (vasoconstrição) dos vasos sanguíneos que irrigam os órgãos abdominais (esplâncnicos), provocando aumento da resistência ao fluxo sanguíneo intestinal e reduzindo a pressão na veia porta (veia que drena o sangue do sistema digestivo), e por fim, diminui a hipertensão portal e induz vasoconstrição no território esplâncnico, levando à contração dos músculos esofágicos e à compressão das varizes esofágicas.
A terlipressina é muito utilizada no tratamento da hemorragia digestiva alta varicosa (HDAV) e na síndrome hepatorrenal (SHR) do tipo 1, pois mostrou-se eficaz na redução da mortalidade e melhora da função renal.
Cuidado com as Interações Medicamentosas!
Tenha cautela no uso de terlipressina associado a medicações que ocasionem bradicardia (propofol, fentanil) pois este efeito pode se tornar mais frequente e exigir suspensão da medicação. O uso concomitante de propofol e terlipressina deve ser evitado pelo risco de bradiarritmias. Na bula do glypressin (terlipressina) diz: “Interações medicamentosas: O tratamento concomitante com medicamentos que são conhecidos por reduzirem o batimento cardíaco (indutores de bradicardia) como por exemplo propofol e sufentanil poderão causar bradicardia severa.”
As Associações possíveis com a Terlipressina
A associação com Albumina (1 g/kg no primeiro dia seguido por 40 g/dia) proporciona resposta mais adequada ao tratamento de urgência da síndrome hepatorrenal SHR.
Quais são as Contra-indicações para o uso da Terlipressina?
- Antecedentes de isquemia miocárdica, cerebral ou mesentérica, vasculite, ou arritmia cardíaca, devem ser considerados como contra-indicação ao tratamento com Terlipressina. Quando houver apenas suspeita, sem confirmação de isquemia, o paciente deve ter avaliação criteriosa dos riscos e benefícios do tratamento antes da sua indicação;
- Uso de outras drogas vasoativas (Octreotide, Vasopressina, Noradrenalina, Dopamina) não deve ser permitido concomitantemente com a Terlipressina;
- Pacientes com sinais de insuficiência cardíaca congestiva não devem ser tratados pelo risco de congestão pulmonar com o uso de altas doses de Albumina;
- Gestação;
- Choque séptico;
- Hipersensibilidade à terlipressina ou a qualquer outro excipiente da fórmula;
Tendo em precauções com:
- Hipertensão , Aterosclerose, Arritmias cardíacas.
Os Cuidados de Enfermagem com pacientes em uso de Terlipressina
Na Hemorragia varicosa o controle de Hb/Ht, bem como dados abaixo relatados para a A síndrome hepatorrenal (SHR).
Observação e Monitorização:
- Pressão Arterial Sistêmica;
- Balanço hídrico e débito urinário;
- Potássio e sódio séricos;
- Creatinina e bilirrubina séricos.
Reavaliação após 3 dias: Se houve melhora de pelo menos 30% nos níveis de creatinina, manter a dose até que caia abaixo de 1,5 mg/dl, por até mais 3 dias (à critério médico somente).
Se não houve melhora, aumentar freqüência para 1mg EV de 4/4 horas por mais 3 dias (à critério médico somente).
Reavaliação após 6 dias: Se houve melhora de pelo menos 30% nos níveis de creatinina, manter a dose até que caia abaixo de 1,5 mg/dl, por até mais 3 dias (à critério médico somente).
Se não houver qualquer melhora dos níveis de creatinina, o caso será reavaliado e será considerada a possibilidade de parar o tratamento por falha ou a tentativa de elevação da dose de Terlipressina para 2 mg de 6/6 horas à critério da equipe, com nova avaliação após o 9º dia, e até no máximo por 12 dias.
OBS.: a Terlipressina deverá ter sua dose reduzida ou ser suspensa em casos de efeitos adversos graves como arritmias ou isquemia cardíaca, mesentérica ou de pele.
Qual é o tempo de tratamento com a Terlipressina?
Na Hemorragia Digestiva: 5 dias;
Na Síndrome Hepatorrenal: no máximo 12 dias.
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