Máscara Facial Neonatal

Há muito mais no processo de fornecimento de VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA INTERMITENTE do que simplesmente escolher uma máscara de tamanho correto: Posição da cabeça, retenção da máscara, pressão aplicada, taxa de ventilação e experiência clínica também para determinar a eficácia da VPPI.

No entanto, usar um tamanho de máscara adequado é importante e é destacado em programas de treinamento, a fim de evitar vazamento de oxigênio e a falta de vedação no rosto do RN para promover uma oxigenação eficaz.

Por isso, existem diversos tamanhos e tipos de máscaras faciais de reanimação para ser utilizada ao ajuste de variedades de pacientes, pois é necessário considerar cuidadosamente o tamanho, o ajuste e a fixação da máscara, pois uma boa vedação com vazamento minimizado é importante para estabelecer uma ventilação eficaz.

Tamanhos e Tipos

As máscaras faciais estão disponíveis em três tamanhos, para o RN a termo, para o prematuro e para o prematuro extremo, e em dois formatos, o redondo e o anatômico, sendo mais importante o tamanho do que o formato para o ajuste na face do RN.

Pesquisas mostram que as máscaras de 35 milímetros de diâmetro são mais adequadas para bebês com menos de 29 semanas de idade gestacional, enquanto as máscaras com diâmetro de 42 milímetros são recomendadas para bebês entre 27 e 33 semanas de idade gestacional.

Referências:

  1. Diretrizes de 2022 da Sociedade Brasileira de Pediatria – Reanimação do recém-nascido maior ou igual a 34 semanas em sala de parto. Sociedade Brasileira de Pediatria, Programa de Reanimação Neonatal.

Icterícia Fisiológica Vs Patológica

A icterícia é uma condição que ocorre quando as células vermelhas do sangue hemolisam (quebram), levando-o a produzir a bilirrubina, substância amarelo-alaranjada que é difícil para um bebê eliminar, pois seu fígado não está totalmente desenvolvido e com funcionamento adequado.

Isso pode levar a um acúmulo de bilirrubina no sangue do bebê, chamada de hiperbilirrubinemia. A coloração amarelada da bilirrubina impregna na pele do bebê e na parte branca de seus olhos.

Icterícia é comum?

Mais da metade de todos os recém-nascidos (em São Paulo, chega a 70%) desenvolve algum nível de icterícia durante a primeira semana de vida. Prematuros e crianças de ascendência asiática são mais propensos a desenvolver icterícia.

As Diferenças

Na Icterícia Fisiológica, surge cerca de 48 a 72 horas após o nascimento do bebê, dura, em média, sete dias e, de uma maneira geral, é benigna e reversível. Pode ser desencadeada por problemas na circulação hepática, deficiências na captação, excreção e conjugação da bilirrubina ou aumento da produção dessa substância.

Já na Icterícia Patológica, diferentemente da icterícia fisiológica, surge até 24 horas após o nascimento. É desencadeada em razão de anormalidades hepáticas, biliares ou metabólicas, infecções e incompatibilidade no sistema ABO e Fator Rh.

Outros tipos de Icterícia

  • Icterícia do leite materno: ocorre em bebês amamentados, devido à baixa ingestão de calorias ou desidratação;
  • Icterícia de hemólise: ocorre devido a doença hemolítica do recém-nascido, quando apresenta elevada contagem de células vermelhas no sangue ou sangramento;
  • Icterícia relacionada com a função hepática inadequada: ocorre devido a infecção ou outros fatores.

O tratamento é feito, em geral, com fototerapia nos hospitais, de acordo com indicação do pediatra, e é baseada no peso de nascimento e no nível de bilirrubina no sangue do bebê.

Referência:

  1. Baseado no texto do autor no livro Manual de Urgências e Emergências em Pediatria Hospital Infantil Sabará – Ed. Sarvier

Escala NFCS (Neonatal Facial Coding System): Avaliação da Dor em RN

Hoje sabemos sabe que os recém-nascidos são sensíveis a estímulos dolorosos e que podem sofrer consequências orgânicas e emocionais que, comprometem seu crescimento e desenvolvimento. Portanto, a NFCS (Neonatal Facial Coding System), é válida para quantificar expressões faciais associados à dor, pode ser utilizada em recém-nascido pré-termo, de termo e até quatro meses de idade.

Seus indicadores são: fronte saliente, fenda palpebral estreitada, sulco naso-labial aprofundado, boca aberta, boca estirada (horizontal ou vertical), língua tensa, protrusão da língua, tremor de queixo. A NFCS é a escala mais difundida para uso clínico pela sua facilidade de uso.

A escala

Movimento facial 0 ponto 1 ponto
Fonte Saliente Ausente Presente
Fenda palpebral estreitada Ausente Presente
Sulco nasolabial aprofundado Ausente Presente
Lábios entreabertos Ausente Presente
Boca estirada (horizontal ou vertical) Ausente Presente
Língua tensa Ausente Presente
Lábios franzidos Ausente Presente
Tremor de queixo Ausente Presente
Considera-se a presença de dor quando três ou mais movimentos faciais aparecem de maneira consistente durante a avaliação.

Definições

  • Fronte saliente: abaulamento e sulcos acima e entre as sobrancelhas;
  • Olhos espremidos: compressão total ou parcial da fenda palpebral;
  • Sulco nasolabial aprofundado: aprofundamento do sulco que se inicia em volta das narinas e se dirige à boca;
  • Lábios entreabertos: qualquer abertura dos lábios;
  • Boca esticada: vertical (com abaixamento da mandíbula) ou horizontal (com estiramento das comissuras labiais);
  • Lábios franzidos: parecem estar emitindo um “úúúú”;
  • Língua tensa: em protrusão, esticada e com as bordas tensas;
  • Tremor do queixo.

Referências:

  1. Anand KJ, International Evidence-Based Group for Neonatal Pain. Consensus statement for the prevention and management of pain in the newborn. Arch Pediatr Adolesc Med 2001;155:173–80. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11177093 ;
  2. American Academy of Pediatrics Committee on Fetus and Newborn, American Academy of Pediatrics Section on Surgery, Canadian Paediatric Society Fetus and Newborn
    Committee, Batton DG, Barrington KJ, Wallman C. Prevention and management of pain in the neonate: an update. Pediatrics 2006;118:2231–41. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17079598

Neonatal Therapeutic Intervention Scoring System (NTISS)

O Neonatal Therapeutic Intervention Scoring System (NTISS) é um instrumento que estima a gravidade dos pacientes mensurando tecnologias da assistência.

Desenvolvimento

Para desenvolver o Neonatal Therapeutic Intervention Scoring System (NTISS), o TISS foi modificado em dois estágios. Primeiro Gray e Richardson construíram uma lista de terapias unicamente utilizadas em UTIN. Depois esta lista foi revisada e comparada ao TISS por um grupo de profissionais (neonatologistas, intensivista pediátrico e enfermagem neonatal).

Após esta discussão dos 76 itens originais do TISS foram retirados 42 e adicionados 28 novos itens (Gray et al., 1992). A lista final de 72 itens deu origem ao NTISS que ficou constituído de 8 dimensões:

  • Respiratória;
  • Cardiovascular;
  • Medicamentosa;
  • Monitorização;
  • Metabólica/nutricional;
  • Transfusão;
  • Procedimentos;
  • acesso vascular.

Cada dimensão é um sub escore com itens que são pontuados com valores de 1 a 4. O calculo do escore será um somatório dos valores atribuídos aos itens das dimensões.

Validação

Para validar o NTISS, Gray et al., (1992) aplicaram este instrumento em 1643 recém-nascidos admitidos em três UTINs em um período de 11 meses.

Pelos dados obtidos no período de 24 horas após a admissão, os autores concluíram que o NTISS representa uma medida direta da utilização de recursos, boa predição de gravidade da evolução do quadro clínico, além poder identificar fatores que possam influenciar no tempo de permanência e nas variações das práticas assistenciais.

Itens Sub-escores Itens Sub-escores
Respiratório Metabólico/ Nutrição
O2 suplementar 1(a) Gavage 1
CPAP 2(a) Fototerapia 1
IMV 3(a) Lipídio EV 1
IMV + relaxante 4(a) Aminoácido EV 1
IMV alta freqüência 4(a) Insulina 2
Surfactante 1 Infusão de potássio 3
Intubação 2 Transfusões
Cuidados traqueostomia 1(b) Gamaglobulina EV 1
Colocação traqueostomia 1(b) Exsanguineo Total 3
Oxigenação extracorpórea 4 Exsanguineo Parcial 2
Monitorização Hemácias ≤ 15 ml/kg 2(g)
Sinais vitais 1 Hemácias > 15 ml/kg 3(g)
Flebotomia (5/10) 1(c) Plaquetas 3
Flebotomia (>10) 2(c) Leucócitos 3
MonitorizaçãoCardioRespiratória 1 Procedimentos
Ambiente Termoregulado 1 Transporte 2
Monitorização O2 Não Invasiva 1 Diálise 4
Monitorização PA 1 Dreno Torácico Simples 2(h)
Monitorização Invasiva PA 1 Dreno Torácico Múltiplo 3(h)
Cateter Vesical 1 Toracocentese 3
Balanço Hídrico 1 Dreno Pericárdico 4(i)
CardioVascular Pericardiocentese 4(i)
Indometacina 1 Pequena Cirurgia 2(j)
Expansor ≤ 15 ml/kg 1(d) Grande Cirurgia 4(j)
Expansor > 15 ml/kg 3(d) Medicamentos
Vasopressor (1) 2(e) Antibióticos ≤ 2 1(k)
Vasopressor (2) 3(e) Antibióticos > 2 2(k)
Ressuscitação 4 Diurético VO 1(l)
Marca Passo Standby 3(f) Diurético EV 2(l)
Uso Marca Passo 4(f) Anticonvulsivante 1
Acesso Vascular Aminofilina 1
Periférico 1 Corticóide 1
Cateter Arterial 2 Resina de Troca de K 3
Cateter Venoso Central 2 NaHCO3 3
Outras drogas 1
NTISS TOTAL = _____

*As letras entre parênteses representam as variáveis nas quais só foram computadas as de maior pontuação. 

Referências:

  1. Almeida RT, Panerai RB, Carvalho M, Lopes JMA. Avaliação de Cuidados Intensivos Neonatais. Caderno de Ciência e Tecnologia 1991; 3: 45-49.
  2. Almeida RT. Severity of Illness versus Severity of Disease. [Dissertação de Doutorado]. Sweden:Departament of Biomedical Engineering and Center for Medical Technology Assessment, Linköping University; 1996.
  3. Avery ME, Richardson D. History and Epidemiology. In: Avery’s Diseases of the Newborn. Philadelphia: W. B. Saunders Company; 1998. p.1-12.
  4. Banta DH.Tecnologia para a Saúde.Caderno de Ciência e Tecnologia 1991; 7(3): 8- 16.
  5. Boutros AR.. Pediatrics Intensive Care in General Hospitals. The Pediatrics Clinics of North America 1980; 27(Pt3):493-4.
  6. Brans YW. Biomedical Technology: To use or not to use? Clinics in Perinatology 1991; 18(Pt3):389-401
  7. Brans YW. Planning a Perinatal Center. Clinics in Perinatology 1993; 10(Pt1):3-8.
  8. British Association of Perinatal Medicine and Perinatal Medicine and Neonatal Nurses Association on categories of nanies requiring neonatal care. Archives Disease of Childhood 1992; 67: 868-69.
  9. British Paediatrics Association and British Association for Perinatal Paediatrics.Categories of babies requiring neonatal care. Archives Disease of Childhood 1985; 599-600.
  10. Budetti P, McManus P, Barrand N, Heinen LA. Health Policy Program University of California, San Francisco 1980. 

Reanimação Neonatal (RN)

O conhecimento de alguns conceitos da Reanimação Neonatal é fundamental para a assistência adequada na sala de parto.

As Manobras de Reanimação Neonatal

Crianças com escore de Apgar entre 5 e 7 são consideradas levemente deprimidas. Eles quase sempre respondem às manobras suaves de estimulação táctil e a uma ventilação com máscara de oxigênio sem pressão positiva.

Pacientes com Apgar entre 3 e 4, estão deprimidos de forma moderada e já exibem certo grau de hipóxia e acidose, necessitando de ventilação positiva sob máscara, com oxigênio a 100%, tendo-se o cuidado de não ventilar com pressões elevadas (acima de 20 cmH2O-1) pelo risco de pneumotórax. Pode também ocorrer distensão gástrica, que deve ser corrigida passando-se um cateter nasogástrico.

Se a ventilação sob máscara for insuficiente, recomenda-se a intubação traqueal.

RNs com índices abaixo de 3 são pacientes extremamente deprimidos, apnéicos, com acidose grave e hipoxia. Precisam ser intubados e submetidos a ventilação com pressão positiva.

Torna-se importante nestes pacientes assegurar uma veia para a reposição volêmica, administração de drogas e colheita de sangue para exames. A acidose normalmente não necessita de correção, desde que o paciente se recupere adequadamente. Se houver necessidade, a acidose pode ser corrigida com solução de NaHCO3.

A ventilação com oxigênio à 100% pode ser causadora de vasoconstricção retiniana, com degeneração proliferativa. Esta patologia conhecida como fibroplasia retrolental se instala preferentemente em pacientes prematuros, e o resultado final é a cegueira. Se ocorrer parada cardiorrespiratória está indicada a reanimação.

A Reanimação

Aproximadamente 6% dos RN à termo e 80% daqueles que pesam menos de 1800 g devem ser reanimados na sala de parto. O ambiente e a posição do RN nesta hora são importantes porque a hipotermia aumenta o consumo de oxigênio e provoca acidose metabólica e ainda pode aumentar a resistência vascular pulmonar e reverter a circulação de padrão adulto para fetal.

O Ambiente

Numa temperatura ambiente de 15 ºC, um RN poderá perder 4 ºC na temperatura cutânea em 5 minutos e a 2 ºC na central em 20 minutos. O RN deve ser logo envolto em campos. A temperatura ambiente deve ser de 32 a 34 ºC (ponto térmico neutro).

A Posição

A posição ideal é a de Trendelenburg em decúbito lateral para facilitar a drenagem de secreções. A elevação da cabeça em 30º aumenta a PaCO2 em 2 kPa (15 mmHg), quando comparada com a posição de Trendelenburg.

A Aspiração

A aspiração pode ser realizada com seringa, a fim de evitar estímulos danosos e arritmias. A duração da aspiração deve ser limitada a 10 segundos. Um intervalo de 10 minutos deve ser instituído antes de aspirar as coanas e testar a perviabilidade do esôfago. Uma ventilação com fluxo de oxigênio acima de 5 litros por minuto pode causar apneia e
bradicardia.

VPP

A ventilação com pressão positiva está indicada no caso de persistir a apneia ou se a frequência cardíaca for menor do que 100 bpm.

O ritmo da ventilação deve ser entre 40 a 60 ciclos por minuto com uma pressão de 20 cmH2O-1, uma relação I:E de aproximadamente 1:1, com uma leve pressão positiva no final da expiração (“PEEP”). Se, embora em ventilação manual, a bradicardia e a cianose persistirem, está indicada uma intubação traqueal.

A fim de evitar a estenose subglótica, tubos traqueais de calibre 2,5 e 3 são os mais indicados, para então iniciar a ventilação com pressão positiva através de um método de “T” de Ayre modificado (“JacksonRees” ou “Baraka”), que são preferíveis ao “Ambu”.

Deve-se ter o cuidado de auscultar o tórax após as intubações, para confirmar a correta posição do tubo endotraqueal. Não é rara a intubação esofageana ou seletiva.

A Massagem

A massagem cardíaca é iniciada se os batimentos cardíacos permanecerem abaixo de 80 bpm, após o estabelecimento da ventilação artificial. A técnica que usa as duas mãos permite débito cardíaco mais eficaz.

Os polegares são colocados um centímetro acima da linha mamilar e os outros dedos atrás do tórax, comprimindo-se o terço inferior do esterno de 1 a 1,5 cm, num ritmo de 120 compressões por minuto.

A duração da compressão deve cobrir 40 a 60% do total do ciclo; os tempos de compressão e de liberação são similares. O mecanismo de compressão no RN está mais relacionado com o coração do que com a teoria da “bomba” torácica, não sendo necessária a simultaniedade entre ventilação e compressão, com um ritmo de duas a três compressões para cada ventilação.

As Medicações

A via alternativa mais rápida de administração de drogas é a traqueal, podendo-se injetar adrenalina, atropina, lidocaína e naloxona. A absorção é incompleta e a dose das drogas deve ser triplicada em relação a via venosa.

A veia umbilical pode ser usada, mas devido a inúmeros complicações como: trombose da veia porta, necrose hepática, enterocolite necrotizante, hemorragia e septicemia, deve ser evitada e reservada apenas para casos de hipovolemia severa.

Quando a veia umbilical é inacessível, a via intraóssea pode ser tentada com uma agulha 20 G 39, inserida na porção proximal da tíbia ou fêmur, mas é uma técnica difícil de aplicar à RNs e sujeita a uma série de complicações.

Quanto às medicações:

  • Adrenalina: como a fração de ejeção do RN é fixa e o débito cardíaco é dependente da frequência, a adrenalina é a primeira escolha, pois além de elevar a frequência cardíaca, restaura o fluxo sanguíneo coronariano e cerebral. Ela deve ser administrada se a frequência se mantiver abaixo de 80 bpm, embora em ventilação com oxigênio à
    100% e massagem cardíaca. A dose recomendada de adrenalina no adulto é de 0,2 mg.kg, mas ainda não está bem definida para a reanimação neonatal;
  • Bicarbonato de sódio: se o pH permanece abaixo de 7,1 durante uma adequada ventilação, administra-se bicarbonato de sódio na dose de 1 a 2 mEq.kg numa solução de 0,5 mEq.ml-1, numa velocidade de 1 mEq.kg.min-1 14. Em prematuros, pode causar hemorragia cerebral;
  • Cálcio: o uso do cálcio em RNs que apresentam asfixia, decresce a sobrevida e pode induzir a uma calcificação intracerebral. Ele pode ser útil na intoxicação por citrato, hipercalemia e hipermagnesemia;
  • Glicose: durante a asfixia, a liberação de catecolaminas induz a glicogenólise e a hiperglicemia. A administração de glicose hipertônica de 25 a 50% é desnecessária e perigosa, pois aumenta o risco de lesão cerebral. Hipoglicemias comprovadas são tratadas com soluções de glicose a 10%, 2 ml.kg, seguida de uma infusão continua de 5 a 8 mg.kg.min;
  • Naloxona: esta substância é antagonista de narcóticos, usada na dose 0,01 mg.kg-1 IV ou 0,02 mg.kg IM, têm sua indicação quando se diagnostica uma depressão provocada por este grupo de drogas. Todavia seu uso deve ser criterioso, desde que pode piorar as sequelas neurológicas decorrentes da asfixia. Em filhos de mães usuárias de narcóticos, seu uso pode desencadear síndrome de abstinência;
  • Hidratação: quando, após todas as manobras de reanimação, o RN permanece pálido ou apresenta pulso fraco, devemos suspeitar de hipovolemia, estando indicada uma infusão de 5 a 10 ml.kg de sangue placentário, com heparina (2 U.ml-1) ou concentrado de hemácias “O” negativo compatível com o sangue materno, albumina à 5%, Ringer lactato ou soro fisiológico.

A Monitorização

É importante a monitorização durante a reanimação. A avaliação da pressão arterial com métodos não-invasivos tipo ultrassônico (“Doppler”) ou oscilométrico (“Dinamap”), do pulso, da respiração, temperatura e principalmente um acompanhamento com oximetro de pulso, com o sensor colocado na palma da mão direita (pós-ductal).

Finalmente, sob o ponto de vista ético, considera-se “viável” para reanimação RN com mínimo de 23 semanas de idade gestacional. Os pais devem ajudar na decisão de permitir reanimar uma criança prematura. O tempo máximo de duração de reanimação é difícil de se definir, mas até 30 minutos para os prematuros de menos de 30 semanas de idade gestacional parece ser o razoável.

Referências:

  1. Ostheimer GW – Resuscitation of the newborn. Em: McMorland GH, Marx GF – Handbook of Ob stetric Analgesia and Anesthesia, WFSA, Kuala Lumpur, 1992; 109-128.
  2. Davenport HT, Valman HB – Resuscitation of the newborn. EM: Gray TC, Nunn JF, Utting JE – General Anaesthesia, 4a Ed, Butterworths, London, 1980; 2: 1487-1500.
  3. Bonica JJ – Management of the Newborn. Em: Bonica JJ – Obstetric Analgesia and Anesthe sia, WFSA Amsterdam, 1980; 174-192.
  4. Levinson G, Shnider SM – Resuscitation of the Newborn. Em: Shnider SM, Levinson G – Anes thesia for Obstetrics, 1a Ed Williams & Wilkins, Baltimore, 1980; 385-401.
  5. Hills BA – The role of lung surfactant. Br J Anaesth, 1990; 65: 13-29.
  6. Kaplan RF, Graves SA – Anatomic and physiologic differences of neonates and children. Seminars in Anesthesia, 1984; 3: 1-8.
  7. Silverman F, Suidam J, Wasserman J et al – The Apgar score: is it enough? Obstet Gynecol, 1985; 66: 331-336.
  8. Levi S, Taylor RN, Robinson LE et al – Analysis of morbidity and outcome of infants weighing less than 800 g at birth. South Med J, 1984; 77: 975-978.
  9. Guay J- Fetal monitoring and neonatal resuscitation: what the anaesthetist should know. Can J Anaesth, 1991; 38: 83-88.
  10. Josten BE, Johnson TRB, Nelson JP – Umbilical cord blood pH and Apgar scores as an index of neonatal health. Am J Obstet Gynecol, 1987; 157: 843-848.
  11. Catlin EA, Carpenter MW, Brann BS, Mayfield SR et al – The Apgar score revisit influence of gestacional age. J Pediatr, 1986; 109: 865-868.
  12. Revista Brasileira de Anestesiologia 79 Vol. 43

Kernicterus

Kernicterus (do alemão kern ou núcleos + ikteros, icterícia) é uma condição resultante da toxidade da bilirrubina às células dos gânglios da base e diversos núcleos do tronco cerebral (kernicterus é um diagnóstico patológico que se caracteriza pela impregnação da bilirrubina nos núcleos do tronco cerebral e refere-se à coloração amarelada destas áreas nucleares).

A palavra kernicterus é usada com o termo encefalopatia bilirubínica, refere às manifestações agudas da toxicidade da bilirrubina nas primeiras semanas de vida, enquanto kernicterus refere-se às sequelas clínicas permanentes da toxicidade bilirubínica.

Quando o nível sérico de bilirrubina excede de 5 a 7 mg/dL, representa uma ameaça para o RN, pois a bilirrubina depositada no tecido do sistema nervoso central, leva ao quadro clínico de encefalopatia bilirrubínica (kernicterus), dano neurológico geralmente irreversível.

Principais sintomas

Os sintomas que podem indicar que o bebê tem maior risco de desenvolver kernicterus são:

  • Pele e olhos amarelados;
  • Dificuldade para mamar;
  • Urina muito escura;
  • Fezes claras.

Estes sintomas não indicam que o bebê está com kernicterus, sendo apenas indicação de que poderá estar com icterícia neonatal, que é quando existe excesso de bilirrubina no corpo.

O kernicterus só ira se desenvolver se o tratamento não for feito e a bilirrubina continuar se acumulando, até chegar no cérebro e provocar lesões que podem causar paralisia ou surdez, por exemplo.

Tratamento

A melhor forma de reduzir os níveis de bilirrubina no sangue e evitar que o kernicterus surja ou continue se desenvolvendo é colocar o bebê em caminhas com luzes especiais. Essa técnica é conhecida como fototerapia e permite que a bilirrubina seja destruída e eliminada mais facilmente do organismo.

Porém, quando os níveis de bilirrubina estão muito altos ou o kernicterus está provocando lesões cerebrais, o médico também pode aconselhar fazer uma transfusão de sangue para substituir o sangue do bebê.

Possíveis sequelas

Quando os níveis de bilirrubina ficam elevados por muito tempo no sangue e o tratamento não é iniciado ou não é feito corretamente, a bilirrubina pode chegar até o cérebro, causando lesões que podem gerar sequelas como paralisia cerebral, surdez, problemas de visão e dificuldades de desenvolvimento intelectual.

Referências:

  1. EDI T; SABRINA S; MARIANA B. Hiperbilirrubinemia neonatal: propostas de intervenções de enfermagem. Revista acta paulista de enfermagem, São Paulo, v. 12, n.2, p. 75-83, Jun. 2003.
  2. HAMMERMAN C.; KAPLAN M. Understanding severe hyperbilirubinemia and preventing kernicterus: adjuncts in the interpretation of neonatal serum bilirubin. Clinica Chimica Acta. Jerusalem, v.35, n2, p. 9-21, Mar. 2005.
  3. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Intervenções comuns, icterícia e infecções. Atenção à Saúde do Recém-Nascido. Brasília. Ministério da Saúde, 2011. V. 2. Disponível em: < http://www.redeblh.fiocruz.br/media/arn_v2.pdf&gt;

Escala de NIPS

A dor neonatal está presente nas unidades cuidadoras de recém nascidos (RN). Apesar dos profissionais de saúde ter conhecimento de que os RN sentem dor, há dúvida de como melhor avaliá-la.

Vários são os instrumentos para a avaliação da dor no RN, dentre esses, a NIPS (Neonatal Infant Pain Scale) é uma escala baseada em alterações comportamentais e fisiológicas.

Entendendo a Escala

A Escala de NIPS (Neonatal Infant Pain Scale) tem 6 indicadores de dor, avaliados de 0-2 pontos. Trata-se de uma escala de avaliação rápida, que pode ser utilizada em recém-nascidos a termo e pré-termo.

Uma pontuação igual ou maior a 4 indica presença de dor.

Escala de NIPS Escore
1. Expressão facial
Normal, relaxada 0
Contraída 1
2. Choro
Ausente 0
Resmungos 1
Vigoroso 2
3. Respiração
Silenciosa, padrão normal, relaxado 0
Diferente da basal 1
4. Braços
Relaxados 0
Flexão ou extensão 1
5. Pernas
Relaxadas 0
Flexão ou extensão 1
6. Estado de alerta
Dormindo/ calmo 0
Desconforto/ irritação 1
Escore total (registrar)
Intervenção (registrar)

Toque facilitado/sucção não nutritiva/ glicose oral/ outros (registrar)

** Em recém-nascidos entubados não se avalia choro e a pontuação de expressão facial é dobrada.

Como evitar a dor?

Evitar procedimentos desnecessários, prever episódios que possam ser dolorosos e agir para prevenir ou minimizar a dor (farmacológico e não farmacológico).

Manejo da dor

Não-farmacológico

  • Reduzir ruído/luz/estímulos estressantes;
  • Aconchego/toque facilitado/enrolamento;
  • Posição canguru/contato pele a pele também pode ser realizado em recém-nascidos em oxigenoterapia, desde que estáveis clinicamente;
  • Sucção não-nutritiva;
  • Aleitamento materno – o procedimento doloroso deve ser realizado após 2 minutos de sucção plena ao seio materno. O recém-nascido deve permanecer ao seio durante o procedimento doloroso.

Farmacológico

  • Sacarose/Glicose 25%.

* Estudos clínicos randomizados defendem a eficácia do seu uso antes de uma série de procedimentos dolorosos, inclusive em recém-nascidos pré-termo.

O uso da glicose/ sacarose deve ser por via oral, na parte anterior da língua, 2 minutos antes do procedimento doloroso. Apesar de ser uma medida comprovadamente eficaz, a dose e o número de vezes que pode ser administrada ainda são discutidos.

É fundamental que cada instituição estabeleça seu próprio protocolo para a utilização da sacarose/glicose 25%. A associação de sacarose/glicose com sucção não-nutritiva dois minutos antes do procedimento apresenta maior eficácia na prevenção da dor. É importante que a nutritiva seja mantida durante todo o procedimento doloroso.

A associação entre diferentes medidas potencializa a analgesia no recém-nascido.*

Referências:

  1. American Academy Pediatric Committee on Fetus And Newborn and Section on Anaesthesiology and Pain Medicine. Prevention and management of pain and stress in the neonate. American Academy of Pediatrics. Committee on Fetus and Newborn. Committee on Drugs. Section on Anesthesiology. Section on Surgery. Canadian Paediatric Society. Fetus and Newborn Committee. Pediatrics 2000;105:454–61. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10654977
  2. American Academy of Pediatrics Committee on Fetus and Newborn, American Academy of Pediatrics Section on Surgery, Canadian Paediatric Society Fetus and Newborn Committee, Batton DG, Barrington KJ, Wallman C. Prevention and management of pain in the neonate: an update. Pediatrics 2006;118:2231–41. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17079598
  3. American Academy Pediatric Committee on Fetus And Newborn and Section on Anaesthesiology and Pain Medicine. Prevention and Management of Procedural Pain in the Neonate: An Update. Pediatrics 2016;137:e2015. Available from: http://pediatrics.aappublications.org/cgi/doi/10.1542/peds.2015-4271
  4. Anand KJS, Carr B. The neuroanatomy, neurophysiology and neurochemistry of pain, stress and analgesia in newborns and children. Ped Clin North Am 1989;36:795-822. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2569180

Teste do Pezinho: A Triagem Neonatal

A Triagem Neonatal,  Teste de Guthrie e também conhecida como o teste do pezinho é um meio de se fazer o diagnóstico precoce de diversas doenças congênitas assintomáticas no período neonatal, permitindo a prevenção contra as sequelas que podem causar se instaladas no organismo humano.

Toda criança nascida em território nacional tem direito ao Teste do Pezinho, mas para alcançar o seu objetivo primordial de detectar algumas doenças esse teste deve ser feito no momento e da forma adequados.

A coleta nunca deve ser feita num período inferior a 48 horas de amamentação e nunca superior a 30 dias, sendo o ideal entre o 3º e o 7º dia de vida.

As gestantes devem ser orientadas sobre a importância do teste e procurar um Posto de Coleta ou um Laboratório indicado pelo pediatra dentro do prazo.

No posto de coleta, será feita uma ficha cadastral da criança com dados para a identificação.

É importante que a mãe dê todas as informações de forma clara, principalmente o endereço, pois se o resultado estiver alterado a família deverá ser contactada com rapidez.

Com este exame, é possível diagnosticar até 50 doenças. Muitas delas não apresentam sintomas ao nascimento e podem aparecer mesmo sem casos na família.

As Principais doenças detectadas através da Triagem Neonatal

  •  Fenilcetonúria;
  • Hipotireoidismo Congênito;
  • Deficiência de Biotinidase;
  • Hemoglobinopatias;
  • Fibrose Cística;
  • Entre outras.

 

Como é realizado o teste do pezinho?

Uma amostra de sangue é retirada do calcanhar do bebê através de um dispositivo chamado lanceta, que faz um pequeno furo na parte lateral.

Algumas gotinhas de sangue são recolhidas em um papel filtro com a identificação da criança que será enviado ao laboratório para realizar as análises.

Uma leve pressão é aplicada ao pé do bebê usando algodão para parar o sangramento e logo em seguida é colocado um curativo.

Os benefícios em longo prazo são enormes, comparados ao pequeno desconforto que o bebê sente quando a amostra de sangue é retirada.

Referências:

  1. Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal;
  2. Sociedade Brasileira de Pediatria.

Hiperbilirrubinemia Neonatal (Icterícia Neonatal)

Icterícia

A hiperbilirrubinemia do recém-nascido ou neonatal é uma doença que surge logo nos primeiros dias de vida do bebê, sendo causada pelo acúmulo de bilirrubina no sangue, e deixando a pele amarelada.

Qualquer criança pode desenvolver a hiperbilirrubinemia, sendo que as principais causas são alterações fisiológicas na função do fígado, doenças no sangue, como anemia hemolítica, doenças hepáticas, provocadas por infecções ou doenças genéticas, ou até mesmo por reações no aleitamento materno.

Os cuidados para redução da quantidade de bilirrubina no sangue devem ser iniciados rapidamente, e o tratamento com fototerapia é o mais utilizado. Em alguns casos, o uso de remédios ou transfusões de sangue podem ser necessários, e são orientados pelo pediatra.

Principais causas

A icterícia acontece quando o bebê não consegue eliminar corretamente a bilirrubina, que é produzida pela metabolização do sangue, pois, antes do nascimento, a placenta exercia esta função. As principais causas da hiperbilirrubinemia do recém nascido são:

1. Icterícia fisiológica

Acontece, geralmente, após 24 a 36 horas do nascimento, sendo o tipo de icterícia mais comum, pois o fígado do bebê está pouco desenvolvido e pode apresentar algumas dificuldades em transformar e eliminar a bilirrubina do sangue através da bile. Esta alteração, normalmente, se resolve em alguns dias, com o tratamento com fototerapia e exposição ao sol.

  • Como tratar: a fototerapia com luz fluorescente é útil para reduzir a quantidade de bilirrubina no sangue. Em casos leves, a exposição ao sol pode ser suficiente, mas em casos muito graves, pode ser necessária uma transfusão sanguínea ou uso de medicamentos, como o fenobarbital, para se obter melhores resultados.

2. Icterícia do leite materno

Este tipo de aumento da bilirrubina pode acontecer por volta de 10 dias após o nascimento, em alguns bebês que estão em aleitamento materno exclusivo, pelo aumento de hormônios ou substâncias do sangue que elevam a reabsorção de bilirrubina no intestino e dificultam a sua eliminação, apesar de ainda não se saber a forma exata.

  • Como tratar: em casos de icterícia mais importante, pode ser feita a fototerapia para controlar seus níveis no sangue, mas o aleitamento materno não deve ser interrompido, a não ser que seja orientado pelo pediatra. Esta icterícia desaparece naturalmente por volta do segundo ou terceiro mês do bebê.

3. Doenças do sangue

Algumas doenças podem causar acúmulo de bilirrubina no bebê, como alterações auto-imunes ou genéticas, sendo que podem ser graves e aparecem nas primeiras horas após o nascimento. Algumas doenças são a esferocitose, talassemia ou incompatibilidade com o sangue da mãe, por exemplo, mas a principal é a doença hemolítica do recém nascido, também conhecida como eritroblastose fetal.

  • Como tratar: além da fototerapia para controlar a quantidade de bilirrubina no sangue, o tratamento é feito, geralmente, com transfusão sanguínea e, em alguns casos, podem ser feitos medicamentos para controlar a imunidade.

4. Doenças do fígado

O bebê pode nascer com alterações na função do fígado, por diversas causas, como deformidades das vias biliares, fibrose cística, rubéola congênita, hipoteireoidismo congênito, infecções por vírus ou bactérias, ou por síndromes genéticas, como síndrome de Crigler-Najjar, síndrome de Gilber e doença de Gaucher, por exemplo.

  • Como tratar: para controlar a hiperbilirrubinemia do sangue, em conjunto com a fototerapia, são feitos tratamentos para melhorar a doença que causou o aumento da bilirrubina, como tratamento da infecção com antibiótico, cirurgia para correção de mal-formações do fígado ou reposição de hormônios no hipotireoidismo, por exemplo.

O tratamento para reduzir a bilirrubina muito aumentada do organismo, principalmente a fototerapia, deve ser feita rapidamente após detecção da alteração, pois o excesso de bilirrubina no organismo do bebê pode causar complicações graves, como a intoxicação do cérebro conhecida como kernicterus, que causa surdez, convulsões, coma e morte.

Tabela de Kramer

A Tabela de Kramer é utilizada no diagnóstico de pacientes recém-nascidos com hiperbilirrubinemia, a intensidade de bilirrubina indireta aumenta conforme a manifestação visual se apresenta no sentido céfalo-caudal.

  • Zona 1 (cabeça) : BI = 6 mg%
  • Zona 2 (zona 1 + tórax) : BI = 9 mg%
  • Zona 3 (zona 2 + abdômen e coxas) : BI = 12 mg%
  • Zona 4 (zona 3 + braços e pernas) : BI = 15 mg%
  • Zona 5 (zona 4 + mãos e pés) : BI = 16 mg%

Quando a bilirrubina em plasma é maior a 15mg/dL é necessário começar acompanhamento e tomar medidas preventivas, como mudar um tratamento ou começar fototerapia.

O que é Kernicterus?

kernicterus é uma complicação da icterícia neonatal que provoca lesões no cérebro do recém-nascido, quando o excesso de bilirrubina não é tratado de forma adequada.

A bilirrubina é uma substância que é produzida pela destruição natural dos glóbulos vermelhos e seu excesso é eliminado pelo fígado na produção da bile. No entanto, como muitos bebês nascem com o fígado ainda pouco desenvolvido, a bilirrubina acaba se acumulando no sangue, dando origem a uma icterícia neonatal que causa sintomas como coloração amarelada da pele.

Quais são as manifestações clínicas?

  • Nos primeiros 3-4 dias de vida o neonato apresenta letargia, hipotonia e quase não suga o seio materno.
  • Numa 2ª fase apresenta hipertonia com espasticidade e solta gritos estridentes.
  • No fim da primeira semana apresenta melhora aparente com diminuição da espasticidade.
  • Cerca de 2-3 meses ou mais tarde detecta-se encefalopatia crônica (coreoatetose, espasticidade, surdez, atraso mental).

Como é feito o tratamento com Fototerapia

A fototerapia consiste em deixar o bebê exposto a uma luz fluorescente, geralmente azul, durante algumas horas, todos os dias, até a melhora. Para que o tratamento surja efeito, a pele do bebê deve estar totalmente exposta à luz, mas os olhos não devem ser expostos, por isso ficam cobertos um tecido ou óculos especial.

A luz penetra na pele estimulando a destruição e eliminação da bilirrubina através da bile, fazendo com que a ictericia e cor amarelada desapareçam aos poucos.

Quais são os Cuidados de Enfermagem com o RN em tratamento da Hiperbilirrubinemia?

Relacionados com a aparelhagem

·         Aparelho deve ser supervisionado quanto a segurança mecânica, elétrica e térmica;

·         Manter a lâmpada a 20-30 cm da superfície a ser irradiada;

·         Anotar o tempo de uso da lâmpada.

Relacionados à criança:

·         Retirar toda a roupa da criança;

·         Proteger os olhos do recém-nascido com máscara de cor negra, faixa crepe ou gaze;

·         Mudar decúbito a cada duas horas;

·         Observar hidratação da criança;

·         Verificar a temperatura a cada 4 a 6 horas;

·         Colher amostras de sangue conforme prescrição;

·         Observar as características das fezes e da urina;

·         Interromper a fototerapia durante procedimento como banho, amamentação.;

·         Não usar óleo na higiene da criança;

·         Estimular aleitamento materno;

·         Aplicar a fototerapia conforme os períodos e intervalos indicados;

·         Observar o estado geral da criança;

·         Orientar os pais sobre a indicação da fototerapia e procedimento efetuados.

Com a Exsangüineotransfusão (ET)

Método utilizado quando o risco de Kernicterus é significante, considerando-se um determinado RN.

– A quantidade de sangue a ser trocado é de duas volemias;

– Sangue deverá ser o mais fresco possível;

– Duração de uma ET deve ser de 1 a 2 horas;

– Controle rigoroso da temperatura.

Quais são as possíveis complicações?

Bradicardia, cianose, trombose, apneia e morte.

Veja Também:

UTI Pediátrica

A UTI Neonatal

Cuidados de Enfermagem em UTI Neonatal

UTI Neonatal

Os chamados “cuidados gerais de Enfermagem em UTI Neonatal” são aqueles rotineiramente realizados pela equipe técnica de Enfermagem para com todos os bebês internados, salvo algumas exceções e/ou modificações de certos procedimentos para com certos pacientes, conforme prescrição médica e/ou de Enfermagem. Esses “cuidados gerais” incluem:

  • Verificação de Sinais Vitais (Saturação de oxigênio, Pulso ou Frequência Cardíaca, Respiração, Temperatura e Pressão Arterial e aplicação de escala de dor);
  • Manter elevação da cabeceira entre 30 e 45 graus conforme prescrição médica;
  • Permeabilizar os cateteres de acesso venoso periférico, cateter umbilical, flebotomia ou PICC (quaisquer que sejam que o RN esteja mantendo) conforme prescrição médica e de enfermagem e observar constantemente se não há sinais flogísticos ou de extravasamento no local de inserção dos cateteres;
  • Rodízio de sensor de oximetria contínua entre os MMSS e MMII (membros superiores e inferiores respectivamente);
  • Higiene oral e ocular dos recém nascidos;
  • Mudança de decúbito;
  • Higiene perineal e troca de fraldas;
  • Pesagem de fraldas e controle de eliminações vesico-fisiológicas;
  • Curativo de coto umbilical;
  • Banho do Recém nascido;
  • Troca de eletrodos e de roupas (ninho) do leito do recém nascido (sempre após o banho ou quando houver necessidade);
  • Sempre observar a posição de cânula orotraqueal e das sondas para certificar-se que o RN não está “extubando acidentalmente” ou “que saque a sonda”, quando necessário, colocar luvinhas para evitar que o RN saque a sonda gástrica;
  • Oferta de dieta por gavagem, sonda-dedo, copinho, ou posicionando o recém nascido em seio materno (conforme prescrição médica);
  • Manutenção do conforto geral do recém-nascido (diminuir luminosidade, ruídos e ter manuseio mínimo agrupando os cuidados);
  • Manter ambiente térmico neutro;

Esses cuidados listados acima são os principais cuidados rotineiros de uma UTI neonatal. Vejamos como é a técnica utilizada pela enfermagem para realizar cada um desses procedimentos.

Verificando os Sinais Vitais dos recém nascidos na UTI Neonatal

A rotina de verificação dos sinais vitais em UTI Neonatal costuma ser feita com um espaçamento de horas que varia de 4 em 4, 3 em 3, ou até 2 em 2 horas conforme o caso e a gravidade do recém nascido. Os sinais vitais são aqueles que nos informam sobre como está, basicamente, a hemodinâmica do bebê, e incluem verificar: Saturação de oxigênio, Temperatura, Frequência cardíaca, respiração por minuto, P.A. e verificar qual o nível de dor o RN aparenta naquele momento, através da aplicação “da escala de dor” própria.

Saturação de Oxigênio

O oxímetro de pulso é um método não invasivo que avalia a oxigenação dos tecidos por meio da espectrometria infravermelha e reflete a saturação de oxigênio da hemoglobina. Nos neonatos, a enfermagem deve colocar os eletrodos nas extremidades (mãos ou pés) sempre, com o eletrodo “aceso com a luz vermelha” em cima da artéria local para que consiga fazer a leitura, o de cima fica alinhado com o de baixo, e envolvem-se ambos com o coban para mantê-los posicionados. Faz-se o rodizio deste sensor aproximadamente de 3 em 3 horas.

Verificação da temperatura

A temperatura axilar do bebê pode ser verificada com termômetro digital. Antes e após utilizar o termômetro, deve-se fazer sua desinfecção com álcool a 70%. Posicionar o termômetro sob a axila do bebê e esperar que o mesmo “apite” avisando que já chegou a temperatura máxima, verificar e anotar nos controles do bebê. Se o bebê estiver mantendo sensor de pele ou sensor retal, a temperatura será mostrada continuamente na tela do monitor de parâmetros vitais juntamente com os outros sinais vitais.

Controle Térmico

A temperatura central pode ser obtida de forma intermitente por via axilar ou contínua por meio de sensor abdominal. A temperatura da pele sobre o fígado tem sido bastante usada como indicador da temperatura central. (sensor na linha média da porção superior do abdome, estando o recém-nascido em supino, ou colocar o sensor no dorso do recém-nascido, na região escapular) A temperatura periférica pode ser aferida nos membros, mais comumente nos pés.

Não se recomenda a avaliação da temperatura retal.

Faixa de normalidade: 36,5 a 37 °C

Hipotermia:

  • Potencial estresse do frio (hipotermia leve): temperatura entre 36,0 e 36,4°C;
  • Hipotermia moderada: temperatura entre 32,0 e 35,9°C;
  • Hipotermia grave: temperatura < 32,0°C Hipertermia: temperatura > 37,5°C;

Prevenção da Hipotermia:

  • Manter a temperatura da sala de parto maior ou igual a 25°C;
  • Ligar a fonte de calor radiante antes do nascimento e pré-aquecer os campos;
  • Recepcionar o recém-nascido em campos aquecidos e colocá-lo sob calor radiante;
  • Secar e remover os campos úmidos;
  • Uso de gorro de algodão;
  • Cobertura oclusiva com filme de polietileno, polivinil ou poliuretano (< 32 semanas);
  • Uso de saco plástico ( A respiração do recém nascido pode ser verificada de dois modos:
    Observando o abdome do bebê para contar (a cada inspiração e expiração uma respiração completa) por 1 minuto (para isso, utilize um relógio analógico).

A Frequência cardíaca

Observa-se, ou posicionando o estetoscópio na região apical do bebê e contando por um minuto ou observando o valor que aparece no monitor.

Lembrando que, para monitorizar o bebê, deve-se colar os eletrodos nas regiões indicadas e sobre eles colocar os sensores de acordo com a indicação do fabricante para que eles façam a leitura e também, deve-se programar o monitor para que este mostre os parâmetros desejados, programe o tipo de modo, o tipo de traçados e os limites que o aparelho deve alarmar como máximo e mínimos para as frequências cardíaca e respiratórias do bebê.

A Pressão arterial

Utilizar um manguito apropriado para o tamanho do bebê. O manguito deve cobrir dois terços do braço do bebê. Ele mostrará a pressão sistólica (máxima), a diastólica (mínima) e a média (que deve corresponder aproximadamente a quantas semanas o bebê tem.