Que Medicamento é Esse?: Voluven

O Voluven® é indicado para o tratamento e a prevenção de hipovolemia (diminuição do volume do plasma sanguíneo) e choque, pois apresenta reposição de volume efetiva de 100% e meia-vida plasmática (tempo necessário para a eliminação de metade da quantidade original da substância) de aproximadamente 6 horas.

As situações em que há necessidade de terapia e prevenção de hipovolemia e choque são:

  • Primeiros socorros em acidentes;
  • Intervenções cirúrgicas ou traumatológicas;
  • Tratamento clínico generalizado;
  • Terapia intensiva;
  • Hemodiluição normovolêmica aguda (auto-transfusão) em intervenções cirúrgicas.

Além disso, o Voluven® também é indicado para hemodiluição utilizada em distúrbios circulatórios ontogênicos (proveniente de transformação biológica sofrida pelo indivíduo) e plaquetários.

Como Funciona?

Voluven® age como expansor e/ou repositor do volume plasmático, restabelecendo a pressão oncótica sanguínea (pressão osmótica gerada pelas proteínas presentes no sangue), a qual é primordialmente estabelecida pela albumina.

Os Efeitos Colaterais

O hidroxietilamido pode raramente levar a reações anafiláticas / anafilactoides (hipersensibilidade, sintomas moderados similares a gripe, bradicardia, taquicardia, broncoespamos, edema pulmonar nãocardíaco). Caso ocorra uma reação de hipersensibilidade, a infusão deve ser descontinuada imediatamente e tratamento médico adequado de emergência deve ser iniciado. Quando usado em altas doses, o hidroxietilamido pode causar distúrbios de coagulação sem causar hemorragia clínica. Contudo, o médico deve estar atento à possibilidade de se prolongar o tempo de sangramento nestes casos.

A administração prolongada de altas doses de hidroxietilamido pode causar prurido (coceira), que é um efeito indesejável conhecido dos hidroxietilamidos. A coceira pode não aparecer até semanas após a última infusão e pode persistir por meses.

A concentração dos níveis séricos de amilase pode aumentar durante a administração de hidroxietilamido e pode interferir no diagnóstico de pancreatite. A amilase elevada se deve à formação de um complexo enzima-substrato de amilase e hidroxietilamido que retarda a eliminação e não deve ser considerado diagnóstico de pancreatite.

Em altas doses, os efeitos de diluição podem resultar em uma diluição dos componentes sanguíneos, tais como fatores de coagulação e outras proteínas plasmáticas e em diminuição do hematócrito.

As reações podem ser classificadas em:

Categoria Frequência
Muito comum ≥ 10%
Comum ≥ 1% e < 10%
Incomum ≥ 0,1% e < 1%
Raro ≥ 0,01% e < 0,1%
Muito raro < 0,01%
Desconhecida Não pode ser estimada pelos dados disponíveis
Evento Adverso Frequência
Distúrbios do sistema sanguíneo e linfático Distúrbios de coagulação além dos efeitos de diluição Rara (em altas doses)
Distúrbios do sistema imune Reações anafiláticas / anafilactoides Rara
Distúrbios da pele e tecido subcutâneo Prurido Comum (dose dependente)
Investigações Aumento da amilase sérica Comum (dose dependente)
Diminuição do hematócrito Comum (dose dependente)
Diminuição das proteínas plasmáticas Comum (dose dependente)

Quando é Contraindicado?

Voluven® é contraindicado em casos de:

  • sepse;
  • doença hepática grave;
  • na necessidade de hiper-hidratação;
  • pacientes que não suportariam sobrecarga de volume ou em maior risco de retenção hídrica, dentre eles, pacientes com insuficiência renal com oligúria ou anúria não relacionadas à hipovolemia, cardiopatas e pneumopatas
  • pacientes em diálise;
  • pacientes com distúrbios hidro-eletrolíticos que favoreçam a retenção hídrica como hipernatremia grave ou hipercloremia grave;
  • pacientes em risco aumentado de apresentarem sangramento clinicamente importante, incluindo san-
  • gramento intracraniano;
  • pacientes com distúrbios de coagulação ou sangramento pré-existentes;
  • hipersensibilidade conhecida a amidos.

Os Cuidados de Enfermagem

  • Parâmetros de monitoramento: Hemoglobina, parâmetros de coagulação, função renal, função hepática, débito urinário e equilíbrio ácido-base.
  • A interrupção precoce do tratamento pode gerar instabilidade hemodinâmica no paciente.
  • Voluven® não deve ser utilizado como veículo de drogas.
  • A solução somente deve ter uso intravenoso e individualizado.
  • A dosagem deve ser determinada por um médico e é dependente da idade, do peso, das condições clínicas do paciente e das determinações em laboratório. A dosagem recomendada deve ser obedecida, pois a hemodiluição exagerada pode acarretar em reações indesejáveis.
  • Antes de serem administradas, as soluções parenterais devem ser inspecionadas visualmente para se observar a presença de partículas, turvação na solução, fissuras e quaisquer violações na embalagem primária.
  • A Solução é acondicionada em frascos em SISTEMA FECHADO para administração intravenosa usando equipo estéril.
  • Atenção: não usar embalagens primárias em conexões em série. Tal procedimento pode causar embolia gasosa devido ao ar residual aspirado da primeira embalagem antes que a administração de fluido da segunda embalagem seja completada.
  • Verificar se existem vazamentos mínimos comprimindo a embalagem primária com firmeza. Se for observado vazamento de solução descartar a embalagem, pois a sua esterilidade pode estar comprometida.
  • No preparo e administração das Soluções Parenterais (SP), devem ser seguidas as recomendações da Comissão de Controle de Infecção em Serviços de Saúde quanto a: desinfecção do ambiente e de superfícies, higienização das mãos, uso de EPIs e desinfecção de ampolas, frascos, pontos de adição dos medicamentos e conexões das linhas de infusão.
    • Fazer a assepsia da embalagem primária utilizando álcool a 70%;
    • Identificar e remover o lacre do sítio de conexão do equipo. No caso dos frascos, este sítio está protegido pelo lacre de maior diâmetro (figura 1);
    • Conectar o equipo de infusão da solução. Consultar as instruções de uso do equipo;
    • Suspender a embalagem pela alça de sustentação;
    • Administrar a solução, por gotejamento contínuo, conforme prescrição médica.

Que Medicamento é Esse?: Haes-Steril

O Haes-Steril, conhecido como “Hidroxietilamido”, é destinado ao tratamento inicial com dose única para hipovolemia e choque (“ressuscitação com pequeno volume”).  A solução destina-se à reposição do volume de sangue e não deve ser usada como um substituto do sangue ou do plasma.

É indicado em situações em que se necessita terapia e profilaxia de hipovolemia e choque:

  • Intervenções cirúrgicas ou traumatológicas (choque hemorrágico e choque traumático);
  • Infecções (choque séptico);
  • Queimaduras (choque de queimados);
  • Hemodiluição normovolêmica aguda (auto-transfusão) em intervenções cirúrgicas;
  • Diluição terapêutica do sangue (hemodiluição): terapia de distúrbios circulatórios ontogênicos e placentários (hemodiluição isovolêmica e hipervolêmica).

Como Funciona?

O hidroxietilamido age como expansor plasmático. A pressão oncótica sanguínea é estabelecida primordialmente pela albumina plasmática. Uma vez que se perde certo volume de sangue, é necessário restabelecer a pressão oncótica natural através de substitutos funcionais da albumina.

O amido hidroxietílico representa um substituto muito eficiente a esta função da albumina. O grau de expansão do volume do plasma e a melhoria no estado hemodinâmico intravenoso dependem das condições do paciente. As moléculas de hidroxietilamido de menor peso são eliminadas rapidamente pela excreção renal.

Os Efeitos Colaterais

  • Hipotensão severa, edema pulmonar não cardíaco, edema laringeal, broncoespasmo, angioedema, dificuldade respiratória, taquipneia (batimentos cardíacos acelerados e falta de ar), febre, dor no peito, bradicardia (batimentos cardíacos lentos), taquicardia (batimentos cardíacos acelerados), deficiência respiratória, frio, urticária, prurido (secreção), edema facial e periorbital, tosse, espirro, eritema multiforme e rash;
  • Cardiovascular: Sobrecarga circulatória, falha congestiva do coração e edema pulmonar;
  • Hematológicos: Sangramento intracraniano, sangramento e/ou anemia devido à hemodiluição.

Quando é Contraindicado?

  • Hipersensibilidade ao medicamento;
  • Distúrbios hemorrágicos graves;
  • Insuficiência cardíaca congestiva grave;
  • Aos pacientes alérgicos ao amido;
  • Alteração renal com oligúria (urina reduzida) ou anúria (urina ausente);
  • Estados de hiper-hidratação;
  • Doenças graves de coagulação ou sangramento;
  • Pacientes nefropatas;
  • Pacientes em risco aumentado de sangramento;
  • Pacientes graves que não suportam sobrecarga de volume;
  • Pacientes com maior risco de retenção hídrica;
  • Pacientes com sepse;
  • Coagulopatias severas;
  • Pacientes desidratados;
  • Pacientes com hemorragia cerebral ou intracraniana;
  • Pacientes com lesões por queimadura;
  • Hipercalemia grave (elevado teor de potássio no sangue);
  • Hipernatremia (elevado teor de sódio no sangue);
  • Hipercloremia (elevado teor de cloro no sangue);
  • Insuficiência cardíaca congestiva;
  • Pacientes transplantados;
  • Pacientes com disfunção hepática.

São consideradas contraindicações relativas:

  • O uso na fibrinogenia, onde este medicamento deve ser usado apenas em emergência que apresente risco de vida, até que se tenha sangue disponível para substituição;
  • O uso em início da gravidez deve ser restringido a casos de extrema necessidade, seguindo critério adotado a quaisquer medicações neste período;
  • Testes não revelam qualquer efeito embriotóxico outeratogênico;
  • O uso em crianças, uma vez que não existem dados com respeito a esta indicação.

Os Cuidados de Enfermagem

  • Deve ser assegurado o suprimento suficiente de fluidos (2 a 3 litros de fluidos por dia);
  • É necessário um controle regular dos níveis séricos de eletrólitos e do balanço de fluídos;
  • A creatinina sérica deve ser monitorada no inicio da terapia;
  • É essencial o monitoramento diário do balanço de fluidos e dos valores de retenção renal com os valores limites de creatinina (1.2 – 2.0 mg/dl e 106 – 177 µmol/l, insuficiência renal compensatória);
  • Nas terapias com duração de vários dias mesmo naquelas com valores de creatinina sérica e resultados dos testes de urina normais, é essencial monitorar regularmente os valores de retenção renal;
  • Se na ocorrência de tratamento de longo prazo for excedido o limite de 2 mg/dl para creatinina no plasma, a infusão deverá ser imediatamente descontinuada.
  • Em casos de desidratação severa primeiramente deverá ser oferecida uma solução cristalóide (preferencialmente soluções eletrolíticas);
  • Devem ser dispensados cuidados particulares para pacientes com doenças hepáticas crônicas severas ou casos severos de doença de von Willebrand;
  • Tem sido descrito na literatura a correlação entre dose e frequência de prurido em pacientes com desordens otoneurológicas, como perda súbita de audição, zumbido ou trauma acústico;
  • Para terapias com HAES-Steril 10% é aconselhável reduzir a dosagem para 250 ml/dia no máximo. Isto reduzirá o risco de prurido como efeito colateral. Se ocorrer prurido, o tratamento deverá ser descontinuado. Deverá também ser garantido que o paciente estará recebendo quantidades adequadas de fluidos.