A Distocia fetal é a ocorrência de anormalidades de tamanho ou posição fetal, resultando em dificuldades no parto. O diagnóstico é feito por exame clínico, ultrassonografia ou pela resposta à evolução do trabalho de parto.
Pode ocorrer quando o feto é:
- Muito grande para a abertura pélvica (desproporção fetopélvica);
- Anormalmente posicionado (p. ex., apresentação pélvica).
O tratamento é feito por manobras físicas para reposicionamento fetal, parto operatório vaginal ou cesariana.
Tipos de Apresentações Anormais
Apresentação occiptoposterior
A apresentação fetal anormal mais comum é a occiptoposterior. O pescoço fetal é, normalmente, um pouco defletido; e assim, um maior diâmetro do polo cefálico deve passar através do canal de parto.
Muitas apresentações occiptoposteriores necessitam de parto operatório vaginal ou cesariana.
Apresentação de face ou fronte
Na apresentação de face, a cabeça é hiperestendida, e a posição é designada pela posição do queixo (mento). Quando o queixo é posterior, é menos provável que a cabeça rotacione e, menos ainda, o parto vaginal, necessitando de cesariana. A apresentação da fronte, muitas vezes, converte-se espontaneamente na apresentação de vértice ou face.
Apresentação pélvica
A 2ª apresentação fetal anormal mais comum é a pélvica (região glútea antes da cabeça). Há vários tipos:
- Pélvica verdadeira: os quadris estão flexionados e os joelhos estendidos;
- Pélvica completa: O feto parece estar sentado com quadris e joelhos flexionados;
- Apresentação pélvica incompleta: uma ou ambas as pernas estão completamente estendidas e presentes antes da região glútea;
A apresentação pélvica constitui-se em problema, visto que a porção insinuada contribui muito pouco para a dilatação cervical, o que pode ocasionar o encarceramento do polo cefálico na hora do parto, frequentemente comprimindo o cordão umbilical.
A compressão do cordão umbilical pode causar hipoxemia fetal. A cabeça do feto pode comprimir o cordão umbilical, se este for visível no introito, em particular em primíparas, nas quais o períneo não foi afrouxado por partos anteriores.
Fatores de Risco
Os fatores predisponentes à apresentação pélvica incluem:
- Trabalho de parto pré-termo;
- Alterações uterinas;
- Anomalias fetais;
Se o parto é vaginal, a apresentação pélvica pode aumentar o risco de:
- Trauma no nascimento;
- Distócia;
- Morte perinatal.
Prevenção
A prevenção das complicações é mais eficiente e fácil do que seu tratamento, assim a apresentação pélvica precisa ser identificada antes do parto.
A cesariana, normalmente, é realizada com 39 semanas ou quando a mulher entra em trabalho de parto, embora a versão cefálica externa possa, algumas vezes, mover o feto para a apresentação cefálica antes do trabalho de parto, geralmente com 37 ou 38 semanas.
Esta técnica envolve pressionar delicadamente o abdome materno para reposicionar o feto. Uma dose tocolítica de ação rápida (terbutalina, 0,25 mg por via subcutânea) pode auxiliar algumas mulheres. A taxa de sucesso é, aproximadamente, de 50 a 75%.
Posição transversa
A apresentação fetal é dita transversa quando o eixo longitudinal fetal encontrar-se oblíquo ou perpendicular, em vez de paralelo, ao eixo longitudinal materno. A apresentação córmica requer cesariana, a menos que o feto seja o 2º gemelar.
Distocia do ombro
Nesta rara condição, a apresentação é cefálica, mas o ombro anterior do feto torna-se alojado atrás da sínfise púbica depois do parto da cabeça fetal, dificultando o parto vaginal. A distocia de ombro é identificada após o desprendimento do polo cefálico, quando a cabeça parece estar sendo puxada de volta em direção à vulva (sinal da tartaruga).
Os fatores de risco incluem:
- Um feto grande;
- Obesidade materna;
- Diabetes melito;
- Distocia do ombro prévia;
- Parto vaginal operatório;
- Trabalho de parto rápido;
- Trabalho de parto prolongado;
- O risco de morbidade (p. ex., lesão do plexo braquial, fraturas ósseas) e mortalidade neonatal é maior.
Depois de reconhecida a distocia de ombro, a equipe auxiliar é convocada para a sala de parto e várias manobras são realizadas sequencialmente para se desprender o ombro anterior:
- As coxas são abduzidas e hiperflexionadas para alargar a pelve (manobra de McRobert) e aplica-se pressão suprapúbica auxiliar para rotacionar e desprender o ombro anterior. Evita-se pressão sobre o fundo uterino, porque pode piorar a situação ou causar ruptura uterina;
- O obstetra introduz uma mão na parede vaginal posterior e pressiona o ombro posterior para rotacionar o feto em qualquer direção de maior facilidade (manobra de Woods);
- O obstetra insere uma mão pela concavidade do sacro, pressiona o cotovelo posterior em direção ao sacro e apreende o antebraço e a mão, puxando-os para fora para desprender a totalidade do membro superior posterior;
- Essas manobras aumentam o risco de fratura do úmero ou clavícula. Algumas vezes, a clavícula é intencionalmente fraturada em direção oposta ao pulmão fetal para desprender o ombro. Pode-se realizar episiotomia em qualquer momento para facilitar as manobras.
Se todas as manobras forem ineficazes, o obstetra flexiona a cabeça do feto e inverte os movimentos cardinais do trabalho de parto, reposicionando a cabeça do feto de volta na vagina ou útero (manobra de Zavanelli); então é realizado o parto por cesariana.
Referência:
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