Bandeja para Lavagem Intestinal

Para que serve?

Facilitar o esvaziamento da ampola retal através da evacuação, aliviando a constipação intestinal e em alguns casos para o preparo e realização de procedimento diagnóstico ou terapêutico, como exames constratados, retossimoidoscopia, colonoscopia e enema medicamentoso e preparar o intestino para cirurgias.

Esse procedimento é utilizado para: facilitar a eliminação fecal; aliviar distensão abdominal ocasionada pela flatulência; preparar pacientes para cirurgias ou exames (radiografia do trato intestinal) e remover o sangue em caso de melena.

Executor:

Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.

Materiais Necessários

  • Equipamentos de Proteção Individual – EPI – (luvas de procedimento, avental, gorro, máscara cirúrgica e óculos protetor).
  • Bandeja.
  • Biombo, se necessário.
  • Comadre forrada com papel toalha, se necessário.
  • Recipiente de descarte.
  • Impermeável e lençol.
  • Papel toalha, se necessário.
  • Fralda descartável, se necessário.
  • Lubrificante hidrossolúvel ou anestésico tópico (lidocaína gel a 2%).
  • Frasco com a solução prescrita (comercial ou preparada) – (ex. água, solução glicerinada, solução hipertônica de cloreto de sódio, solução oleosa, solução com
    fosfato de sódio di e monobásico, outros).
  • Materiais específicos para aplicação da solução prescrita pelo método de compressão manual controlada- ENEMA (a depender do fabricante):
    • Aplicador retal, que acompanha o frasco com solução de glicerina 12% OU;
    • Bico aplicador anatômico, que vem acoplado no frasco com a solução.
  • Materiais específicos para a aplicação da solução prescrita pelo método de gotejamento ENTEROCLISMA:
    • Suporte de soro
    • Equipo de soro
    • Extensor, se necessário
    • Fita adesiva ou cordão
    • Cateter retal n° 18 a 24 para adultos e n° 10 a 16 para crianças
    • Materiais para a higienização íntima

Etapas do Procedimento

  1. Confirmar a prescrição médica e verificar se há contraindicações
  2. Explicar o procedimento a ser realizado, as sensações esperadas e a sua finalidade ao cliente e/ou familiar, obter o seu consentimento e realizar o exame físico específico
  3. Reunir os materiais necessários na bandeja
  4. Colocar o biombo ao redor do leito, se necessário
  5. Higienizar as mãos
  6. Paramentar-se com os EPI’s
  7. Forrar o impermeável com o lençol e posicioná-lo sob o quadril do cliente
  8. Posicionar a fralda descartável aberta sob o quadril do cliente, se necessário
  9. Colocar o cliente em posição de SIMS (decúbito lateral esquerdo com o joelho direito flexionado)
  10. Cobrir o cliente com o lençol, dobrando-o suficiente para expor somente a região anal
  11. Abrir as embalagens dos materiais do enema
  12. Montar o sistema.

Gotejamento (Enteroclisma)

  1. Conectar o equipo parenteral e, se necessário, o extensor ao frasco com a solução prescrita. Preencher toda a extensão com a solução. Posicionar o frasco no suporte de soro, em uma altura média de 45 centímetros acima da região anal.
  2. Conectar o equipo ao cateter retal.

Pressão Controlada (Enema)

  1. Conectar o aplicador retal ao frasco com solução
  2. Lubrificar a extremidade do cateter/aplicador retal com gel hidrossolúvel ou com anestésico tópico, com auxílio de uma gaze, e deixá-lo sobre a embalagem aberta
  3. Descobrir a região a ser manipulada e expor o orifício anal, afastando os glúteos com a mão não dominante
  4. Solicitar ao cliente para respirar profundamente várias vezes pela boca, enquanto introduz, lentamente, sem forçar, o cateter ou aplicador pelo orifício anal, ao longo da parede retal em direção à cicatriz umbilical, cerca de 7 a 10 centímetros. Em crianças, introduzir de 5 a 7,5 centímetros e em bebês, introduzir de 2,5 a 3,7 centímetros. Se houver resistência à introdução do cateter, interromper o procedimento e comunicar ao médico
  5. Fixar o cateter com fita adesiva ou com cordão na pele adjacente ou na coxa, respectivamente, se realizado o procedimento pelo método por gotejamento
  6. Observar/Orientar o cliente a relatar qualquer queixa durante a infusão da solução e a manter-se na mesma posição durante a aplicação da solução prescrita
  7. Orientar o cliente que, após a aplicação da solução, tente reter a solução pelo maior tempo que conseguir (pelo menos, 3 a 5 minutos)
  8. Aplicar a solução prescrita.

Gotejamento (enteroclisma – 500 a 1000 mL)

  1. Abrir a roldana do equipo, controlando o gotejamento do volume da solução no  tempo prescrito (5 a 15 minutos). Reduzir o gotejamento ou pausá-lo por um minuto, se observado ou relatado dor/desconforto. Se persistirem os sintomas, interromper o procedimento e comunicar ao médico.
  2. Retirar o cateter, lentamente.
  3. Desprezar o cateter no recipiente de descarte

Pressão Manual Controlada (enema – 50 a 500 mL)

  1. Comprimir o frasco com as mãos, iniciando pela parte distal e enrolando-o sobre ele mesmo, lentamente, sem forçar, respeitando a tolerância do cliente, até infundir quase todo o volume. Pausar a infusão por alguns segundos, se desconforto não tolerado e dor. Se os sintomas persistirem, interromper o procedimento e comunicar ao médico
  2. Retirar o aplicador retal, lentamente
  3. Desprezar o aplicador retal no recipiente de descarte
  4. Comprimir as nádegas, caso o cliente tenha dificuldade/controle para contrair a musculatura anal
  5. Encaminhar o cliente ao banheiro; ou colocar a comadre forrada com o papeltoalha sob as nádegas ou ajustar a fralda descartável
  6. Deixar o cliente à vontade, quando for o caso e possível
  7. Observar o aspecto e o volume das fezes eliminadas
  8. Auxiliar o cliente na realização da higiene íntima, se necessário
  9. Recolher os materiais e retirar os EPI’s
  10. Dar destino adequado aos materiais utilizados
  11. Higienizar as mãos
  12. Proceder às anotações de enfermagem, constando: data e hora do procedimento, indicação do enema, tipo de solução utilizada, volumes prescrito e infundido, tempo de retenção, características e quantidade de fezes eliminadas, presença de lesões anais e hemorroidas, orientações feitas e presença de ocorrências adversas e as suas medidas tomadas.

Referências:

  1. BARROS, A. L. B. L.; LOPES, J. L.; MORAIS, S. C. R. V. Procedimentos de Enfermagem para a prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2019. 470 p. ISBN 978-85-8271-571-0.
    VOLPATO, A. C. B.; PASSOS, V. C. S. Técnicas básicas de ENFERMAGEM. São Paulo: Martinari, 2018.
  2. POTTER, P. A.; PERRY, A.G.; STOCKERT, P.; HALL, A. Fundamentos de Enfermagem. 9ªed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.
  3. CIAMPO, I.R.L.D., SAWAMURA, R., SILVEIRA, E.A.A.B., FERNANDES, M.I.M. Protocolo clínico e de regulação para constipação intestinal crônica na criança. p.1251-61, 2017.
  4. BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem. Guia de recomendações para registro de enfermagem no prontuário do paciente e outros documentos de enfermagem. Brasília:
    COFEN, 2016.
  5. SMELTZER, S. C.; BARE, B. G.; Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. ISBN 978-85-277-2819-5. 
  6. BULECHEK, M. G.; BUTCHER, H. K.; DOCHTERMAN, J. M.; WAGNER, C. M. NIC: classificação das intervenções de enfermagem. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
    CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DA BAHIA. Realização de lavagem via colostomia pela equipe de enfermagem. Parecer Coren-BA. N⁰ 013/2016, 2016.
  7. CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE GOIÁS. Realização de fleet-enema pela equipe de enfermagem. Parecer Coren-GO CTAP n°054/2015, 2015.
  8. GUERRA, T.L.S., MARSHALL, N.G., MENDONÇA, S.S. Incidência, fatores de risco e prognóstico de pacientes críticos portadores de constipação intestinal. Com. Ciência Saúde., v.22, n.2, p. 57-66, 2013.
  9. TAYLOR, C.; LILLIS, C.; LEMONE, P. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado em enfermagem. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1349 p. ISBN 978-85-8271-061-6.
  10. STACCIARINI, T. S. G.; CUNHA, M. H. R. Procedimentos Operacionais Padrão em Enfermagem. Uberaba: UFTM, 2014. ISBN 978-85-388-0531-1.
  11. CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Lavagem intestinal. Parecer Coren-SP CAT n°032/2010, 2010. 

O que é “Flushing” em um Cateter?

“Flushing” é um termo referente à lavagem de um lúmen do cateter, sendo feito antes e após a administração de um medicamento, a fim de prevenir a mistura de medicamentos incompatíveis, além de que, também é um cuidado de enfermagem prevenção da obstrução do cateter venoso.

Flushing com Salinização ou Heparinização

Anteriormente, a manutenção da permeabilidade de acessos venosos era mantida prioritariamente com soluções heparinizadas, considerando que a heparina inibe a formação de coágulos de fibrina in vitro e in vivo e, que seu efeito anticoagulante é praticamente imediato.

Dadas essas propriedades, a solução heparinizada pode ser utilizada como agente de manutenção da permeabilidade de dispositivos intravenosos, tendo demonstrado sua eficácia há vários anos.

Porém, a prática da salinização apresenta como vantagens à heparinização o baixo custo, ser um procedimento mais simples, além de eliminar a possibilidade de incompatibilidade com as drogas e soluções administradas.

Indicações para o Flushing

  • Antes e após a cada administração de medicamentos;
  • Após a administração de sangue e derivados;
  • Quando converter de infusão continua para intermitente;
  • A cada 12 horas quando o dispositivo não for usado.

As novas recomendações da ANVISA

A ANVISA – Agência Nacional de Vigiância Sanitária divulgou em 2017 uma série de publicações sobre Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde.

Dentro do “Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde”, há um capítulo especial sobre as recomendações para cateteres periféricos, com informações práticas fundamentais para garantir a segurança do paciente.

Em especial ao flushing e manutenção dos cateteres periféricos:

  • Realizar o flushing e aspiração para verificar o retorno de sangue antes de cada infusão para garantir o funcionamento do cateter e prevenir complicações;
  • Realizar o flushing antes de cada administração para prevenir a mistura de medicamentos incompatíveis;
  • Utilizar frascos de dose única ou seringas preenchidas comercialmente disponíveis para a prática de flushing e lock do cateter. Seringas preenchidas podem reduzir o risco de ICSRC e otimizam o tempo da equipe assistencial. Não utilizar soluções em grandes volumes (como, por exemplo, bags e frascos de soro) como fonte para obter soluções para flushing;
  • Utilizar solução de cloreto de sódio 0,9% isenta de conservantes para flushing e lock dos cateteres periféricos. Usar o volume mínimo equivalente a duas vezes o lúmen interno do cateter mais a extensão para flushing. Assim como os volumes maiores (como 5 ml para periféricos e 10 ml para cateteres centrais) podem reduzir depósitos de fibrina, drogas precipitadas e outros debris do lúmen. No entanto, alguns fatores devem ser considerados na escolha do volume, como tipo e tamanho do cateter, idade do paciente, restrição hídrica e tipo de terapia infusional. Infusões de hemoderivados, nutrição parenteral, contrastes e outras soluções viscosas podem requerer volumes maiores. Não utilizar água estéril para realização do flushing e lock dos cateteres.

Avaliação

  • Avaliar a permeabilidade e funcionalidade do cateter ao passo que utilizando as seringas de diâmetro de 10 ml para gerar baixa pressão no lúmen do cateter e registrar qualquer tipo de resistência. Não forçar o flushing utilizando qualquer tamanho de seringa. Em caso de resistência, avaliar possíveis fatores (como, por exemplo, clamps fechados ou extensores e linhas de infusão dobrados). Não utilizar seringas preenchidas para diluição de medicamentos.
  • Utilizar a técnica da pressão positiva visto que minimiza o retorno de sangue para o lúmen do cateter. O refluxo de sangue que ocorre durante a desconexão da seringa, dessa forma é reduzido com a sequência flushing, fechar o clamp e desconectar a seringa. Solicitar orientações do fabricante de acordo com o tipo de conector valvulado utilizado. Considerar o uso da técnica do flushing pulsátil (push pause). Estudos in vitro demonstraram que por exemplo, a técnica do flushing com breves pausas, por gerar fluxo turbilhonado, pode ser mais efetivo na remoção de depósitos sólidos (fibrina, drogas precipitadas) quando comparado a técnica de flushing contínuo, que gera fluxo laminar.
  • A principio realizar o flushing e lock de cateteres periféricos imediatamente após cada uso.

Recomendações para Intervalo de Flushing

Como recomendação da Infusion Nurses Society Brasil, o intervalo recomendado para flushing é o de 6/6 horas para neonatos, 8/8 horas para pacientes pediátricos e 12/12 horas para pacientes adultos.

Referências:

  1. Segurança do Paciente;
  2. BRASIL-MS, ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Medidas de Prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Capítulo 3. Medidas de Prevenção de Infecção da Corrente Sanguínea 2ª edição, 2017. Disponível em https://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3507912/Caderno+4+-+Medidas+de+Preven%C3%A7%C3%A3o+de+Infec%C3%A7%C3%A3o+Relacionada+%C3%A0+Assist%C3%AAncia+%C3%A0+Sa%C3%BAde/a3f23dfb-2c54-4e64-881cfccf9220c373