A cavidade abdominal é um compartimento com complacência limitada. Vítimas de trauma abdominal grave, principalmente os submetidos à laparotomia frequentemente apresentam aumento da pressão intra-abdominal.
Os efeitos adversos da hipertensão intra-abdominal são conhecidos há muitos anos, mas apenas recentemente deu-se importância clínica à pressão intra-abdominal elevada. A pressão intra-abdominal normal varia entre 0-12 mmHg e pode estar relacionada ao índice de massa corporal. Pressões acima de 15-20 mmHg podem causar redução do débito urinário, oligúria, hipoxemia, aumento da pressão respiratória e redução do débito cardíaco e pressões acima de 25 mmHg opta-se muitas vezes pela descompressão cirúrgica.
Infelizmente ainda no Brasil, poucos são os centros que se preocupam em mensurar a pressão intra-abdominal no paciente gravemente enfermo. Recentemente, tem sido utilizada conjuntamente com medidas respiratórias para ajuste da ventilação mecânica.
A síndrome de hipertensão intra-abdominal pode ser definida como uma elevação considerada da pressão intra-abdominal acima de 12 mmHg, adquirida por três mensurações realizadas com intervalos de 4 a 6 horas (Knobel et.al)
Conforme o COREN, por ser um procedimento de alto risco, quem executa é o Enfermeiro com conhecimento e habilidades técnicas, devendo-se respaldar com suas ações através de protocolos institucionais nas quais devem conter os materiais e as técnicas padronizadas.
Indicações da Mensuração da Pressão Intra-abdominal
- Trauma abdominal;
- Distenção abdominal;
- Dificuldade respiratória;
- Hipercapnia;
- Oligúria;
- Redução do débito cardíaco;
- Hipóxia.
TÉCNICA
A pressão intra-abdominal varia com a respiração. A mensuração da pressão intra-abdominal pode ser feita de forma direta ou indireta. Deve sempre ser medida em mmHg e com o paciente em posição supina ao final da expiração.
O método direto é realizado pela introdução de um cateter ou agulha na cavidade peritoneal, conectado a um equipo e um manômetro de pressão.
O método indireto é mais utilizado e é realizado através da pressão intravesical, com o paciente em uso de sonda vesical de demora.
- Manter o paciente em posição supina;
- Injetar com uma seringa de 60 ml através da sonda, 100 ml de soro fisiológico 0,9% diretamente na bexiga;
- Pinçar o tubo que está conectado a bolsa coletora de urina;
- Conectar um manômetro de pressão a um equipo e a uma agulha 40×12;
- Introduzir a agulha (40×12) na parte de silicone do tubo (local de coleta de amostra de urina) que deverá estar com o equipo conectado e fechado;
- Zerar o manômetro na sínfise púbica do paciente;
- Aguardar a expiração do paciente;
- Abrir o equipo e anotar a pressão verificada.
Você precisa fazer login para comentar.